Sol forte o daquela região. Coitada dela, nem um guarda-chuva tinha. Deus queira que o jumentinho, transporte do casal, já existisse na época, afinal, eram 150 km. Sim, eles andaram 150 km. Minha cabeça e, principalmente, minhas pernas, não conseguem mensurar essa distância. É a mesma coisa que ir de Barra Mansa a Petrópolis; de Salvador à Cruz das Almas; de Fortaleza a Irauçuba. Eu não teria disposição para tanto. Na verdade, não tenho é coração para tanto. Já esses dois, tinham coração sobrando. Coração itinerante. Judeia, Bélem, Nazaré, Jerusalém..céu.
O anjo fez uma visita e a filha do Pai se tornara a mãe do mesmo. Dentro do anúncio surge um serviço: sua prima estava grávida. A idosa e estéril carregava a voz que proclamaria o Messias. Maria nem sabia desse detalhe, mas se Deus havia falado das necessidades de sua parenta não havia o verbo pensar, somente o partir.
E foram. Voltemos ao sol forte daquela região. Não bastassem os 150 km, ainda era para uma região montanhosa. O casal maratonista, se tornara alpinista. Mas por Deus e pelo outro valia a pena. Rezam as línguas estudiosas que eles demoraram cerca de cinco dias para chegarem. Os dois deviam estar cansados, mas isso não lhes roubou a alegria. Ela entrou e saudou: Shalom, Isabel, Shalom! E as promessas continuaram a se cumprir. Isabel estremece. Estava cheia, plena do Espírito, estava feliz.
Se Isabel estava feliz, imaginem Nossa Senhora! Aquela que guardava todas as coisas no coração, a virgem do silêncio, abriu os lábios e cantou, entoou as maravilhas do Deus de Abrãao, de Isaac e de Jacó. Era muito amor guardado, louvor que transbordava de um coração itinerante, imaculado. O Verbo e a voz tinham, enfim, se encontrado.
E lá se foram três meses. Serviço, partilha, alegria. A viagem valera a pena, o cansaço valera a pena. Ô alegria grande essa de dar, ao invés de só receber. Cumpridos os dias, o casal viajante retorna para casa sob o sol forte daquela região, mas seu coração alargado, já estava disponível para o próximo destino que Deus quisesse.