Vou começar contando uma história que acabou de acontecer: Uma irmã nossa, missionária da Comunidade de Vida, estava chegando de viagem e os dois irmãos da comunidade que foram buscá-la sofreram um assalto, e, resumindo, não levaram nada e ainda o assaltante falou: “Deus abençoe”. Isso nos faz perceber que a esperança é muito mais forte e corajosa que nós mesmos, isso nos leva ao louvor.
Na nossa vida não é diferente, principalmente quando queremos ter uma experiência com Deus, a esperança não está no exterior, pois, podemos estar em meio à uma guerra mas estarmos em paz, a esperança está no nosso interior.
Conforme Rm. 8, 18-27, a humanidade espera pelo manifesto dos filhos de Deus, nós estamos pedindo uma experiência com Deus, onde vai gerar em nós a esperança. Esse nosso contato com Cristo vai levar a humanidade essa esperança.
O homem não foi criado para a morte, mas a morte é a entrada para a vida bem-aventurada. A dor gera em nós o desejo dessa vida bem-aventurada. Para nós, cristãos, a morte não é o fim, mas o começo. Devemos pegar o nosso passado e ultrapassar a nossa memória para chegar nessa esperança. Quando morre alguém muito querido, a esperança faz com que eu reconheça, primeiramente o dom dessa pessoa, o dom da vida, e isso nos leva a esperança. Muitas vezes, num caso assim, nos desesperamos, pois estamos sem essa esperança.
Para o cristão a felicidade não é individual, ela é coletiva, para eu ser feliz, é necessário que meu irmão seja feliz. A partir de que termos uma experiência pessoal com Cristo, faz com que levemos essa experiência ao próximo.
“Não sou eu quem vive, mas Cristo que vive em mim.” (São Paulo)
A esperança faz com que eu viva nesse mundo com Deus, e se não tenho Deus, não tenho esperança.
“Felizes Senhor, os que habitam em Vossa casa.”
Precisamos deixar de ser “eu”, para ser o “Tu”, e juntos sermos o “nós.” É necessário o contínuo abrir a porta do nosso coração para que o Amado entre, e é somente através da oração que isso acontece. No nosso dia-a-dia, quando vemos um dia bonito, com sol e etc. temos vontade de preencher o dia, agora imagine isso com Cristo, o maior “sol” que existe, a nossa experiência com Deus nos preenche.
A experiência com Deus gera em nós a libertação, muitas vezes estamos presos em uma prisão, que se chama: “eu”, o que nos vai tornar livres dessa prisão é essa experiência com Deus. Muitas vezes Deus está em um silêncio absoluto, mas Ele está fazendo uma grande obra, levando a uma grande experiência.
Muitas vezes nos sentimos fracos, mas Deus nos chama a fidelidade a Ele e não ao sucesso. Aos olhos dos homens, pode ser um fracasso, mas aos olhos de Deus, isso se chama fé. Não é porque está dando tudo certo que somos felizes, mas a nossa felicidade está em sermos filhos de Deus, é termos Deus como centro de nossa vida. Quando temos uma experiência com Deus, nos libertamos do nosso eu e nos voltamos para Deus, gerando em nós a verdadeira felicidade.
Quando reconhecemos que somos filhos de Deus, isso gera em nós a esperança, a esperança gera a fé, e a fé nos leva ao outro, a desejar levar essa experiência ao próximo. Levar a esperança ao próximo não é egoísmo, mas amor, uma experiência com Deus, uma experiência comunitária. Precisamos reconhecer na nossa vida, que muitas vezes matamos as pessoas no nosso coração e devemos pedir a graça de “Ressuscitar” essa pessoa no nosso coração. Quem ainda não se libertou do seu “eu”, não consegue olhar para Deus, pois está preso em si mesmo, voltando para si e não para Deus. O nosso olhar precisa mostrar que olhamos para Deus, pois, somos responsáveis pela vida do outro.
O que o mundo prega de liberdade vem a ser uma prisão, pois o mundo prega o relativismo, o imediatismo, mas a voz de Deus que nos torna livres, é inconfundível, nos dá a paz, mesmo tudo estando contra a corrente, a voz de Deus é inconfundível. Por isso a cada dia devemos buscar a conversão.
“Feliz Senhor, os que habitam em Vossa casa”.
Ana Paula Barbosa,
Consagrada da Comunidade de Vidapalavras”
Fonte: Site Renascer