Formação

As consequências do encontro com Cristo e com sua Palavra

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Os cristãos são um povo chamado a ser sujeito ativo de efetiva transformação social,
pois o encontro com Cristo e sua Palavra, gera, necessariamente, o encontro com o
outro. O encontro pessoal com Cristo tem como conseqüência a mudança necessária nas
relações sociais que ganham como referência não mais o egoísmo, o individualismo,
mas o amor que se oferta e gera fraternidade e solidariedade, um verdadeiro humanismo
plural que acolhe a todos, pois a Boa Nova de Cristo é dirigida a todos os homens
e mulheres, sem qualquer distinção. Os cristãos que tiveram a experiência do
encontro pessoal com Cristo e Sua Palavra não se deixam escravizar pela mentalidade
consumista, materialista e utilitária que coloca a si mesmo e suas necessidades como
única prioridade a ser satisfeita, mas manifestam gestos concretos de doação, e sua
opção firme e radical pelo Reino de Deus e seus valores absolutos e intangíveis (DAp
397).

A vida ao ritmo da Palavra de Deus coloca o cristão em estado de missão constante,
a cada minuto do seu dia, pois vive em plena unidade com Aquele cujo coração doa-
se inteira e constantemente em Amor. O Amor não pode parar de dar-se inteiramente,
porque senão não é amor verdadeiro. Quem vive a vida na Palavra de Deus, ama sempre
mais e melhor a cada minuto de cada dia, por isso santifica tudo que toca.

Como o pequeno beija-flor que com as pequenas gostas de água em seu bico faz sua
parte para apagar o incêndio da floresta, esforço que aos olhos humanos parece ser
lançado fora; o católico com a oferta de sua vida escondida, no dia a dia, com suas
decisões por Cristo e pelo Reino, segue determinado na construção da santidade pessoal
e social, mesmo que aos olhos do mundo ele pareça um tolo ou um louco, mas que é na
verdade, louco de amor por Cristo!. E, afinal, o apóstolo Paulo já dizia que a sabedoria
do mundo é loucura para Deus, e a sabedoria de Deus é loucura para o mundo (I,Cort 1).
Mas, não foram homens apaixonados por Cristo que mudaram radicalmente a história
de seu tempo, como Francisco de Assis, Madre Tereza de Calcutá, ou João Paulo II,
cuja vida aproximou o mundo separado pela guerra fria?!.

O cristão que pensa que pode viver só para si, e que suas decisões pessoais não têm
reflexo na sociedade e no mundo de hoje, é como aquele homem que estando no barco
com outros dez homens, começa a furar o casco do barco debaixo de seu banco. Um
dos homens no barco grita para ele: o que pensa que está fazendo?!. Ele responde: estou
fazendo o que quero, debaixo do meu banco, afinal o que vocês têm que ver com isso,
se preocupem com a vossa parte, e não com a minha!?.

Quando deixamos as coisas acontecerem ao nosso redor sem que manifestemos
nossa opção por Cristo e Sua Palavra no mundo de hoje, vivendo nossa “vidinha”
só para nós mesmos, estamos furando o barco onde esta toda a humanidade e, com
isso contribuindo para o naufrágio de toda a família humana. Ao contrário, quando
nos decidimos em colocar Cristo e Sua Palavra no centro de nossas decisões, vamos

lançando pelo terreno da humanidade sementes de eternidade, que fecundadas pelo
Espírito Santo, são capazes de brotar, crescer e de gerar o céu na terra, um mundo
santificado pela presença de pequenos santos que no dia a dia ofertam suas vidas por um
mundo de Paz!.

A Encíclica Spe Salvi do Papa Bento XVI, nos lembra que somos salvos pela esperança
(Rom 8, 24), pois é ela que nos lança o olhar de eternidade, que nos faz ver além das
barreiras e desafios do tempo presente, o céu de hoje e o céu que nos espera. Nós
devemos ser os portadores dessa esperança, para um mundo que ou perdeu a esperança
ou que a coloca em coisas passageiras que não satisfazem a largura do coração do
homem que foi feito para amar com o amor divino.

O Cardeal Arcebispo de São Paulo, ao comentar sobre a Spe Salvi, colocou: Se não
houver um horizonte de esperança, que repousa em algo que está além de mim, não
naquilo que eu posso dar de mim, se não houver esta perspectiva, o mundo fica fechado
em si mesmo, e fechado dentro de seus próprios problemas. Então, com esta encíclica,
o papa quer ajudar a humanidade a se superar da estreiteza dos próprios limites, da
própria cultura, ou dos seus próprios problemas (Coletiva à imprensa em 30/11/2007).

Só em Cristo e na Palavra de Deus podemos encontrar essa esperança que é o dom
necessário para o mundo de hoje, que precisa retomar o sentido do eterno que vai além
do visível, ou dos limites humanos, dos problemas e desafios cotidianos e atuais, e
atinge às alturas do céu e da eternidade!.

Temos pois, de encarar de frente este nosso mundo, com os seus valores e problemas,
as suas ânsias e esperanças, as suas conquistas e fracassos: um mundo, cujas situações
econômicas, sociais, políticas e culturais, apresentam problemas e dificuldades mais

graves do que o que foi descrito pelo Concílio na Constituição pastoral Gaudium et
spes.(7) é esta, todavia, a vinha, é este o campo no qual os fiéis leigos são chamados a
viver a sua missão. Jesus quer que eles, como todos os Seus discípulos, sejam sal da
terra e luz do mundo (cfr. Mt 5, 13-14).

Almejamos o céu, mas construímos a eternidade no dia de hoje!


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