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A Cruz na Missão

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Foto de Vítor Prado

Eis o lugar central da cruz na missão de Cristo e do cristão. A cruz é o lugar onde se dá a doação suprema de si, da parte do homem, dom que torna possível a doação de si, da parte de Deus. A meta da divinização requer a cruz: só quando te entregas totalmente é que Deus se entrega a ti. na missão: só quando te doas totalmente é que Deus entra no mundo. É por isso que os maiores apóstolos, os missionários mais ardentes amadureceram ao sol da Paixão de Cristo. A paixão pelas almas se acende no fogo da Paixão de Cristo.

A entrega, a dedicação “até o fim”, o amor forte e firme, a doação que não recua, mesmo na mais densa e obscura treva, o progredir confiante rumo ao malogro certo, a vontade do Pai que o sustentava na mais esquálida solidão, o deixar-se desapossar de toda dignidade, o tornar-se “verme e não homem”… constituem o “caminho estreito” pelo qual Deus irrompe no mundo, é a doação de si do homem que permite doação bem diferente da parte de Deus, para si e para os irmãos.

Se não contemplas a Paixão, dificilmente o teu coração se aquecerá para a missão; dificilmente enfrentará e suportará as provações da missão; dificilmente amarás apaixonadamente as almas. Se não contemplas a Paixão, sentirás dificuldade até para ver o núcleo eterno de uma pessoa, aquilo que a tradição chamou de “alma”.

É fácil ser perturbado pelas formas dos corpos atraentes ou repugnantes, ricos ou pobres, bem como trocar os aspectos externos e o fugaz esplendor pelo que deve ser objeto dos cuidados do apóstolo. Atenta para o que resta para salvar o que perece. Dissipa ao sol da Paixão a névoa das ilusões; ilumina as tortuosidades dos teus equívocos ao esplendor da Paixão; decide-te por uma missão sem hesitações, sintonizando-a com o coração aberto por ter dado tudo; vence os teus medos, fixando o teu olhar Naquele que transfixaram.

Como é possível perder o tempo, o pouquíssimo tempo de que dispomos, para correr atrás de nossas paixões pessoais, quando contemplamos a Paixão de Deus pelos homens? Será que Deus está exagerando ao nos amar tanto, ou nós é que estamos espantosamente cegos ao nos desinteressar por esse amor?

Como é possível não termos uma paixão louca pelas almas, depois da louca Paixão de Cristo? Como não entregar-me à missão, depois que o meu Senhor fez doação de si?

As perplexidades, as dúvidas e as indagações acerca da missão dissipam-se na Cruz: a missão merece a doação total de si, porque é então que Deus se dá ao mundo, para torná-lo belo com a sua própria beleza, esplendoroso com seu próprio esplendor, libertado com seu próprio braço.

Abriga-te à sombra da Cruz sempre que a missão te pesa. E o teu peso tornar-se-á leve e o teu irmão, suave.

 

Formação: Março/2009


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