Dom Orani João Tempesta
Nodomingo das missões, o Papa Bento XVI recordou-nos, em sua mensagemanual, o belíssimo tema: “As nações caminharão à sua luz” (Ap 21, 24).Com relação a isso, ele nos lembra que “o objetivo da missão da Igrejaé iluminar com a luz do Evangelho todos os povos em seu caminhar nahistória rumo a Deus, pois Nele encontramos a sua plena realização”. Etambém que “devemos sentir o anseio e a paixão de iluminar todos ospovos, com a luz de Cristo, que resplandece no rosto da Igreja, paraque todos se reúnam na única família humana, sob a amável paternidadede Deus”.
NoBrasil, sempre levados e iluminados pelo tema da Campanha daFraternidade, durante este mês refletimos sobre “enviados para anunciara Boa Nova (Lc 4,18)”. É claro que tanto o dia mundial como o mêsmissionário são ocasiões para uma redescoberta e, ainda mais, umreavivamento do nosso espírito missionário.
Nodomingo, dia 11, foi canonizado um grande missionário destes últimostempos – o Padre Damião de Molokai – jovem belga, que vindo comomissionário às ilhas do Havaí, se dispõe a viver na ilha com os“leprosos” que eram banidos do meio social na época. A Igreja temgrandes sinais, ontem e hoje que nos encorajam e enchem o nosso coraçãode fervor missionário.
SãoPaulo, grande apóstolo e propagador do Evangelho de Nosso Senhor JesusCristo, diz a si mesmo algo que se aplica a todo batizado: ai de mim senão evangelizar!
Comefeito, a urgência em divulgar as mensagens de Cristo a todo tempo e emqualquer lugar é uma obrigação de todo batizado, necessidade hoje maisdo que imperativa no mundo em que vivemos, marcado pelo neo-paganismo,pelo hedonismo, subjetivismos e pelo individualismo.
Arazão última da missão de evangelizar nasce da vontade de Deus Pai,expressa por Jesus Cristo, que quer que todos sejam salvos e cheguem aopleno conhecimento da verdade.
Assim,o cristão, seduzido pelos ensinamentos de Jesus Cristo, não pode deixarde testemunhá-Lo onde quer que esteja, isto é, na sua casa, no seutrabalho, no seu convívio social. É o que nos recorda o documento deAparecida: quem é verdadeiramente discípulo, é também missionário, evive em estado de missão permanente!
Comefeito, o próprio Cristo, caminho, verdade e vida, determina aosapóstolos o que se aplica a todos nós: “Vão pelo mundo inteiro eanunciem a Boa Nova a toda humanidade. Quem acreditar e for batizadoserá salvo. Quem não acreditar, será condenado” (MC 16, 15-16).
Masque Boa Nova é essa? A Boa Nova, que todo cristão deve anunciar atodos, a começar em sua própria casa, é que Deus, nosso Criador, é Paide todos, todos somos irmãos e que somos chamados a amar-nos e amarmosaos outros, como seu Filho Jesus Cristo nos amou, entregando-se àmorte, e morte de cruz, em favor de cada um de nós. Como necessitamosconstruir fraternidade, viver o perdão a cada dia e sermos sinaisconcretos dessas realidades!
Nummundo marcado pelo egoísmo, onde cada um somente busca o seu própriobem, esquecendo-se dos demais, Cristo Jesus traz para nós outra maneirade pensar e viver, que é o amor ao nosso irmão, da mesma maneira quenos amamos a nós mesmos.
SãoPaulo, na segunda Carta a Timóteo, faz-lhe um apelo dramático, o qual,também é dirigido na pessoa desse seu discípulo, a todos nós: “Rogo avocê, diante de Deus e de Jesus Cristo, que há de vir para julgar osvivos e os mortos pela sua manifestação de seu Reino: proclame aPalavra, insista no tempo oportuno e inoportuno, advertindo, reprovandoe aconselhando com toda paciência e doutrina”. (2Tm, 4, 1-2).
Então,o julgamento de todo homem se dará pelo seu empenho ou não namanifestação das verdades evangélicas, oportuna ou inoportunamente,isto é, a todo tempo, em qualquer circunstância de nossa vida.
Muitasvezes somos demais racionalistas e transformamos as verdadesevangélicas em teorias, e nosso querido Deus e Pai, numa divindadedistante.
Deus,todavia, necessita de homens e mulheres que sejam testemunhas de queEle está ao nosso lado, e age sempre através das pessoas que creem Nelee fazem de sua vida o testemunho vivo de que Ele olha por nós. Eiso testemunho da Madre Tereza de Calcutá: “Deus se identificou com osfamintos, os doentes, os nus, os sem-teto. A fome não é somente fome decomida, mas também de amor, de cuidado, de significar algo para alguém.A nudez não é só falta de roupa, mas necessidade daquela compaixão quetão poucos demonstram em relação aos desconhecidos. A falta de teto nãoé só falta de um abrigo feito de pedras, mas não ter alguém para poderconsiderar como seu.” Isso nos recorda que toda missão nos comprometecom o homem todo e todas as suas necessidades. O Padre Damião deMolokai, recentemente canonizado, além de doar a sua vida na ilha doshansenianos, lutou por eles – por mais dignidade, por remédios etratamentos dignos! A caridade social na Igreja decorre de uma vida desantidade e de verdadeira busca de Deus!
Assim,queridos irmãos e irmãs, hoje também necessitamos de fazer a nossaparte para que o Cristo seja anunciado pelo nosso testemunho e pelasnossas palavras, e dizer a todos que vale muito a pena lutar para queEle seja conhecido e amado.