Há algum tempo, as coisas não tinham mais sentido, faculdade, trabalho, a vida. A questão de ter que tomar decisões constantes para planejar o futuro com ideias calculadas de estabilidade. Manter a “vida social”, sair para tomar uma “breja” e jogar conversa fora, sobre assuntos irrelevantes. Se não tentar manter essa “vida social”, parece que as pessoas se esquecem de você, se não for assim, os dias vão ficando mais solitários, vazios. A cada dia, o questionamento vinha, o que realmente estou fazendo com minha vida? Por que ter que viver? Por que tenho que seguir um sistema de escolhas que acredito que não me levam a lugar algum? Para que fazer tudo isso se vou morrer?
Como tive uma base católica cristã, vinha a mim o questionamento relacionado ao que Deus queria com a criação do mundo. Para que mandar a cada dia um ser humano puro a terra, para viver em um mundo tão sujo? Se Deus era tão bom, não tinha porque continuar com o ciclo e sim acabar com tudo de uma vez.
Minha relação com Deus não foi um pit stop de segundos, mas de alguns anos. Apesar de que por mais distante parecesse, coisas diárias, como o que lia, sonhava ou ouvia, faziam-me querer voltar a buscá-lo.
Durante esse tempo conheci um mundo preto e branco, que até então era rosa. Esse mundo em que as pessoas eram tão independentes como eu era, mas sem sorrisos. Eu sempre fui atraída pelo sorriso das pessoas, para mim era como se por ali você conseguisse entendê-las. Tudo sempre me fazia sorrir, até que um dia nem eu mesma sorria mais. Foi um jogo de cai ou não cai, onde meu equilíbrio já estava fraco.
Sabe aquela vontade de fugir, deixar tudo o que estava vivendo para espairecer? Pois bem, as saídas não estavam mais suprindo, a cidade não estava mais interessante. A solução: Viajar. Tentar algo novo, uma cultura diferente, conhecer pessoas.
Até então já estava tudo certo, quando uma ligação me fez repensar tudo, envolvendo a saúde de minha mãe.
Nesse mesmo tempo, uma amiga do trabalho me chamou para ir à Canção Nova. Aquela cidade paz mexeu comigo. Como se Jesus batesse a minha porta, deixando amor, esperança e livros. Muitos livros, para entender alguns questionamentos.
Não fui viajar, acabei levando minha mudança para casa de minha mãe, que por sinal é em outra cidade. Solidão diferente e com nuvens de pensamentos ao redor. Vinha uma certeza que queria fazer algo a mais, encontrar uma maneira de dar sentido aos estudos, trabalho, usar o que sou para algo maior, pois nada parecia ser suficiente.
Foi então que no dia 03/09, me apareceu um link de reportagem do Shalom. Com uma linguagem simples e interessante, comecei a olhar o site até que me chamou a atenção um quadradinho escrito Congresso de Jovens Shalom. Ao ler, me deparei com a frase que não precisava ser da comunidade para ir. Naquele momento pensei: Por que não pedir mais informações? Como já estava morando com minha mãe, disse que morava em Campinas. Mandaram o contato da cidade e mandei um email.
Os dias se passaram e nada de resposta. No dia 10/09, comecei a pensar: por que disse que morava em Campinas, se nem sou daqui, não conheço nada, acabei de chegar? Como morava em São Paulo, pensei por que não buscar pelo google algum contato de lá. Coloquei Shalom São Paulo, e o primeiro link que apareceu foi Facebook Santo Amaro. Mandei um inbox e no mesmo dia me responderam. Acabou que fui a Fortaleza, sem conhecer ninguém, sem saber exatamente o que ia acontecer.
O Congresso foi incrível, um ponto final definitivo em tantos questionamentos. Foi uma redescoberta de Deus, uma página em branco dada a mim, para que eu comece a escrever o que Ele quer. Um caminho a trilhar com mais coragem e força.
Ele chama a todo momento, basta você aceitar isso. Existem formas de se doar, de perseverar na caminhada, a Comunidade é essa ajuda. Percebi em todas aquelas pessoas que conheci, cada uma com sua particularidade especial, um olhar único, um sorriso único, é o que faz a Comunidade existir e que Deus usou para me ajudar a ver coisas maravilhosas.
Posso me achar louca no meio de dois mundos, escolher o mundo Deus, mas apenas assim, sei que vai me completar e fazer feliz.
Às vezes, precisamos sair do nosso quadrado e nos abrir para ouvir. O que lemos e ouvimos nos ajuda a nos formar como pessoas e como evangelizadores.
Danielle Benvenuto