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Como lidar com a traição

Falar de traição é provavelmente falar de uma das mais dilacerantes dores que podem atingir o matrimônio, dor essa infelizmente presente na vida até de alguns casais cristãos.

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Trata-se de algo capaz de criar dentro da relação um fosso de desconfiança e amargura que só a graça de Deus e o tempo são capazes de superar. É um momento difícil. Porém, existe vida pós-traição!

Ao mesmo tempo que percebemos a força dilacerante desse grave pecado, também percebemos uma possibilidade real de um renovado recomeço na vida matrimonial, retirando desse lamentável fato lições capazes de dar um novo tempo à vida a dois. É possível reconstruir.

Após o “Tsunami”, é hora de tentar entender o que de fato aconteceu e aí entra a autorreflexão honesta dos dois envolvidos no fato. Os dois aqui não são o traidor e a outra (outro) pessoa, mas o casal. Sim, todo ato de traição tem a contribuição dos dois, em escalas diferentes.

Claro que “contribuição” não é a mesma coisa que “responsabilização”. Pode-se contribuir com o fato sem necessariamente se responsabilizar por ele. O responsável moral pelo pecado é quem traiu, no entanto não estamos aqui apenas na busca de culpados (já sabemos!), mas de prevenir que isso NUNCA MAIS volte a acontecer e isso pressupõe um olhar além do comprometimento moral ocasionado pelo pecado, “resolvível” pelo perdão sacramental e do cônjuge.

Após o “baque”, precisa-se de um tempo para o casal tentar, em princípio de forma pessoal, o que provocou o lamentável fato, e para isso é necessária uma partilha honesta e franca sobre a própria vida a dois. Não tem como superar esse fato sem a partilha honesta das motivações e as razões que “explicam” o pecado.

A busca dessas razões não se situa no campo da justificativa, como uma desculpa do fato ou mesmo um festival de acusações mútuas, mas um mergulhar na verdade para extrair respostas que permitam recomeçar com uma base nova.

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Conheço pessoalmente casos de superação matrimonial onde o casal saiu sem feridas, embora com cicatrizes, e partindo da dor foram capazes de reinventar. Essa “cartas na mesa” não pode ser feito logo após o fato mas assim que a poeira abaixar. Ela é posterior a uma reflexão individual de cada um dos cônjuges com algumas perguntas básicas:

Desde quando surgiram os primeiros sinais de desgastes? Como estava indo a vida íntima do casal? Houveram interferências externas na relação? Como estava indo o diálogo? Haviam sinais dessa possibilidade de traição? O que fiz para evitar esse fato? Onde eu falhei nessa questão? O que posso fazer para que isso nunca mais se repita?

Essa reflexão mútua muitas vezes precisará de alguma mediação inicial de uma outra pessoa de confiança e só funcionará para casais maduros, capazes de, sem negar a dor, lutar pela manutenção da família, sem abrir mão do princípio inegociável da fidelidade, que é dentro do matrimônio cristão mais do que apenas uma exigência moral, mas um dado intrínseco da própria união matrimonial.

Com a presença dessa mediação, não obrigatória, mas talvez necessária, pode-se fazer uma nova repactuação do amor matrimonial, de forma dialogante.

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Paralelo a essa recuperação digamos “institucional”, é preciso também a recuperação pessoal que se inicia pela reflexão e tomada de algumas decisões

Por parte do traído

a) Reconhecer – ou não – sua colaboração para o desencadeamento do fato. Repito. Não falamos aqui de responsabilização moral mas contribuição inerente ao nível de intimidade e cumplicidade normalmente presente em cada casal

b) Pedir a Deus a graça do perdão e entender o perdão como uma decisão que vai além da dor emocional. É um processo. Essa dor não deve ser negada, mas apresentada a Jesus para que ele a cure. Admitir a dor da traição não ofende a fé, trata-se de uma constatação. Agora, o não perdão, sim!

c) Aprofundar em oração a reflexão dos possíveis erros cometidos

d) Administrar a desconfiança e os ‘flashs’ de memória, com lembranças recorrentes do fato e até crises de ciúmes antes inexistentes. Pensar o melhor do cônjuge sem ver em cada gesto eventual de fraqueza sugestão de nova traição. Julgamento é tão pecado quanto ao adultério, embora as consequências sejam diferentes.

e) Se não estiver conseguindo, buscar ajuda externa com pessoa do mesmo sexo e de confiança. Essa ajuda pode ser psicológica ou pastoral.

f) Não tomar nenhuma decisão impensada, dá tempo ao tempo para que o fato seja elaborado e, com a cabeça mais fria, decidir o que fazer.

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Por parte do adúltero

a) Admitir o pecado e pedir perdão sincero ao cônjuge, humilhando-se sem tentar se justificar. Os fatos que antecederam a queda, como dissabores familiares, brigas, mágoas ou mesmo traição anterior do cônjuge não justificam, em nenhuma hipótese, o adultério. Evite no processo de reconciliação comparações ou detalhes do ocorrido, evite jogar a culpa na vítima, mesmo que ela tenha colaborado. O culpado é quem traiu.

b) Confessar-se

c) Refletir de forma pessoal as razões e circunstâncias da traição (Uma única vez, tiveram outras vezes? A traição envolveu pessoas diferentes? Essa prática tem histórico familiar? Existe possibilidade de reencontro com a pessoa mesmo de forma não programada? O que preciso mudar fora de mim para que isso não se repita?)

d) Caso perceba que o problema é mais profundo, buscar ajuda psicológica e pastoral, que envolva inclusive oração de cura e libertação

e) Ficar absolutamente atento na reconquista da confiança do cônjuge, convivendo com paciência com desconfianças e até julgamentos, como repercussão do fato que só o tempo irá amenizar. Respeitar o tempo que o cônjuge precisa para se refazer emocionalmente.

 

O processo todo é doloroso, mas como cristãos acreditamos na força restauradora do perdão e acreditamos que não estaremos sozinhos nessa caminhada, o Senhor está conosco!


Comentários

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  1. Eu trai meu namorado, um beijo que eu nao recuei, estamos juntos a 2 anos e vamos nos casar fim do ano, ele me perdoou e nao demonstrou sua dor me julgando e falando impropérios como é comum, ele apenas me perdoou, disse que era pra eu cuidar da minha saude mental e nao quis se separar. Eu nao sei oq faço mais, dói saber que o magoei, dói saber que quebrei a confiança dele, que nao tem conserto oq eu fiz

  2. Meu marido foi trabalha em outro estado e combinamos que eu iria depois, sendo que um dia ele me traiu e a menina diz que ficou grávida do meu marido. Estou sem chão, uma mistura de sentimentos. Sem saber o que fazer.

  3. Eu fui traída brutalmente pelo meu namorado, estamos juntos a um ano e dentro desses messes ele deitava-se com outras mulheres e eu descobri isso lendo as suas mensagens no celular através dele app espião https://apinc.com.br, quero que me ajudem a resolver isso, eu sei que ele merece ser deixado, mas eu Amo ele e esta a ser muito duro para mim tomar uma decisão, vala pessoal ajudam-me por favor!!!