Hoje (13) a Igreja celebra São João Crisóstomo, padre e excelente pregador. O nome Crisóstomo, que significa “boca de ouro”, foi dado pelos gregos por conta desse dom. Confira abaixo trechos de um escrito do bispo húngaro Toth Tihamer sobre Cristo e a riqueza, tema aborado por São João Crisóstomo em suas homilias:
Vejamos o que Cristo pensa da riqueza, antes vamos entender claramente o que é riqueza.
O que é necessário para viver não é riqueza, é meio indispensável de existência. O salário ganho honestamente, não é riqueza. O sustento não pode ser entendido apenas como alimentação, moradia e vestuário. Não sou homem pelo fato de me alimentar e sim pelo fato de possuir uma vida intelectual e igualmente necessidades intelectuais. Riqueza é tudo aquilo que está acima das necessidades.
Na parábola do rico e do pobre Lázaro (Lc 16,19-31) Jesus não condena o rico porque possuía riquezas, condena porque não tinha compaixão do pobre. Em nenhuma parte, o Senhor condena aqueles que possuem riquezas e propriedades; como já demosntramos, possuía entre os discípulos, pessoas de posses, apenas insistiu no perigo da riqueza.
Jesus, certa vez, disse: ”Ai de vós, ó ricos! Em outra ocasião: “Bem-aventurados os pobres!” Parece que amaldiçoa os ricos e abençõa os pobres. Isso seria por um lado uma severidade incompreensível e de outro lado não poderia haver progresso humano e social. Quem trabalharia, se não pudesse guardar as economias para no futuro pudesse comprar uma morada? O Senhor condena apenas os “ricos”, que veem na fortuna o bem único; em contrapartida, os “pobres” bem-aventurados são aqueles, que perante os gozos da vida, consideram preciosa a liberdade, aspiram e trabalham para introduzir na vida um valor verdadeiro. O conceito de Cristo, não é o mesmo do mundo. A sociedade se inclina diante dos ricos e este é o seu pensamento: tens muitos bens em depósito para muitíssimos anos; descansa, come, bebe e regala-te(Lc 12,19). É para estes que se aplicam as maldições do Senhor; dificilmente conseguirão entrar no reino dos céus.
(…)
Recordemos as palavras dirigidas por São João Crisóstomo aos ricos sem coração, feitas há quinze séculos, e que servem perfeitamente para o homem de hoje : Vocês se banqueteiam e Cristo nem sequer tinha o necessário para comer; vocês comem iguarias deliciosas e Jesus não tinha sequer pão seco; vocês bebem vinho de Tharos e sequer dão um copo de água para Jesus; vocês descansam em leitos aconchegantes enquanto Cristo morre no frio; e não falo daqueles que convidam para suas casas mulheres de má vida, não me dirijo a estes, pois não tenho costume de falar com os cães; não falo daqueles que enriquecem injustamente, que enchem o estômago dos aduladores, porque não tenho nada a fazer com eles, como não tenho nada com os suínos; falo àqueles que gozam de suas riquezas, mas não tornam os outros participantes, consumindo somente para eles a herança. Estes cometeram pecados. Estão com medo por causa destas palavras? Pois bem! Tremam por causa de suas ações. (Sermão sobre o Evangelho de São Mateus 48 – homilias 78-79).
A Igreja fiel à doutrina de Cristo sempre exortou os fiéis como podemos ver nesta circular dos Bispos húngaros : Deus deu os bens deste mundo a todos, para serem bem usados e não adorados.
Deus distribuiu os bens entre todos indistintamente, não criou pobres e ricos, simplesmente homens; Deus os abençoou: Frutificai, disse ele e multiplica-vos, enchei a terra e submetei-a (Gen 1,28). Em conformidade com a lei divina, todos possuem direitos aos bens da terra, utilizando-os para a existência; aquele que exclui o próximo está contra essa lei.
Toth Tihamer – Extratos da obra “Quem é Cristo?” – Editora Formatto – Texto: Cristo e a Riqueza.