Estamos assistindo o crescimento de um fenômeno que o PapaJoão Paulo II tem chamado de cultura da morte, ou ´civilização da morte´.Opondo´se frontalmente aos valores da doutrina cristã, que defende a vida acimade tudo, esta ´cultura´ destruidora propõe a morte como solução de uma série deproblemas. Será que a morte pode ser solução para algum mal ?
A nossa civilização, desorientada com os males que ela mesmagerou, por aceitar ´soluções fáceis´ para os seus problemas difíceis, nãosabendo mais como enfrentá´los, começa propor ´a morte´, como remédio, porincrível que possa parecer. Onde fomos parar?!…
A eliminação da vida humana, sem grande pesar, parece ser asolução fácil, rápida e cômoda, para se ver livre dos ´indesejados´, mesmo queestes sejam pessoas humanas, criadas à imagem de Deus. É o caminho fácil,cômodo e perigoso, de que ´os fins justificam meios´. Se aceitarmos estepríncipio, então, o comportamento humano não estará mais sujeito à ética e àmoral, e tudo passará a ser válido. E aí estaremos a um passo de derrubar os pilaresque sustentam a autêntica civilização humana, baseada na relevância da ´vida´.
Na encíclica Evangelium Vitae, o Papa João Paulo II condena,esta ´cultura da morte´ que se opõe `a ´civilização do amor´. Diz o Papa:
´Amplos setores da opinião pública justificam alguns crimescontra a vida em nome dos direitos da liberdade individual, sobre talpressuposto, pretendem não só a sua impunidade, mas ainda a própria autorizaçãoda parte do Estado para os praticar com absoluta liberdade e, mais, com acolaboração gratuíta dos Serviços de Saúde´ (n.4).
E o Santo Padre vê tudo isso como:
´…uma grave derrocada moral da sociedade: opções, outroraconsideradas criminosas e rejeitadas pelo senso moral comum, tornam´sesocialmente respeitáveis´(n.5).
´…as ameaças contra a vida não diminuiram… trata´se deameaças programadas de maneira científica e sistemática. O século XX ficaráconsiderado uma época de ataques maçiços contra a vida… Os falsos profetas eos falsos mestres conheceram o maior sucesso possível… a verdade é queestamos perante uma objetiva ´conjura contra a vida´ que vê também implicadasInstituições Internacionais, empenhadas a encorajar e programar verdadeiras epróprias campanhas para difundir a contracepção, a esterilização e o aborto.Não se pode negar, enfim, que os meios de comunicação são frequentementecúmplices dessa conjura, ao abonarem junto da opinião pública aquela culturaque apresenta o recurso à contracepção, à esterelização, ao aborto e à própriaeutanásia como sinais do progresso e conquista da liberdade, enquanto descrevemcomo inimigas da liberdade e do progresso as posições incondicionalmente afavor da vida´(17).
Este brado do Papa precisa ser ouvido por todos e meditadoprofundamente.Como ele diz, há hoje uma verdadeira conjura contra a vida, ´avida está jurada de morte´, um verdadeiro combate se trava entre a vida e amorte, e cada um de nós é chamado a defender a vida.
Inacreditavelmente um médico americano inventou a ´máquinado suicídio´, para que as pessoas morram ´sem dor´. Lança um livro, em seguida,que se torna um ´best seller´. Quer dizer, a sociedade acolheu o seu invento. Emuitos já foram mortos nesta ´máquina´, sem que houvesse, exceto por parte daIgreja Católica, um repúdio da sociedade. É terrivelmente sintomático! A vidaestá em decadência e a morte começa a atrair…
A eutanásia é defendida e proposta como ´um alívio´ para opaciente. Nada se valoriza em relação à vida eterna, e à possibilidade de que aalma seja salva até mesmo nos últimos momentos de agonia do paciente. A visãoreducionista e materialista de que a vida termina com a morte, justifica omédico apressar o fim daquele que sofre. Todo o riquíssimo valor salvífico dosofrimento é rejeitado e esquecido. A palavra da Escritura que nos ensina:´completo na minha carne o que falta à paixão de Cristo´ (Col 1,24), já não temvalor.
No mundo todo o aborto continua a ser criminosamentepraticado. São 40 milhões por ano no mundo; 4 milhões no Brasil, segundo a OrganizaçãoMundial da Saúde. Por um lado faz´se de tudo para salvar um bebê prematuro de12 semanas de gestação, por outro lado, mata´se friamente no ventre materno omesmo bebê que já tem 24 semanas!
Se a vida não for respeitada e protegida no ventre materno,não o será em nenhuma outra situação, pois o seu valor é o mesmo.
Se dermos à mãe o direito de matar o seu filho não nascido,por que se tornou um estorvo para ela, deveremos dar também ao filho o direitode matar a mãe, velha e doente, que se tornou um estorvo para ele. É lógico queambas as situações são absurdas ! A solução é a vida e não a morte. Pobrecriatura humana que apela para a morte dos seus próprios filhos !… A queponto chegou a nossa ´civilização´ sem Deus!
Outros, manipulam e selecionam ´embriões humanos´, como se avida humana fosse um objeto, uma ´coisa´, na mão dos pesquisadores. Nada maistrágico e perigoso do que esta fria ´coisificação´ da vida. Em termos claros oSanto Padre já se manifestou contra essas experiências e contra a geração do´bebê de proveta´. A vida só pode ser gerada segundo os critérios naturais deDeus, é a palavra da Igreja.
Pior ainda que essas manipulações da vida são oslinchamentos sumários praticados em praças públicas, execuções premeditadas dejovens e crianças, assassinatos frios e encomendados, crimes passionais e todasorte de violência que se cultiva contra a vida, até em filmes e revistas.
Às vésperas de mais um ano novo nascer, no dia 29 dedezembro de 1991, um filho matava o próprio pai, à luz do dia, numa praçapública de Porto Alegre. Na praça da Redenção !… E tudo sob a mira de umamáquina fotográfica, de alguém que queria ´faturar´ com aquela tragédia! Édemais!…
Temos de acordar. Dizer basta a esta ´cultura mórbida´, sobpena de sermos engolidos por ela.
Será que não temos nada melhor a oferecer aos nossos filhos,senão a morte, para a solução dos problemas da vida?
Das duas uma: ou a vida está acima de qualquer pretexto, ou,dentro em breve, qualquer pretexto será suficiente para se eliminar uma vida.Vale a pena repetir aqui o que disse Madre Teresa de Calcutá, ao receber oPrêmio Nobel da Paz, em 1994: ´O aborto é pior do que a guerra e pior do que afome´.