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“A decisão de tirar o feto é apenas sua”

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Experiência com Deus… Evangelização… Namoro cristão… Algum pedido que você fez a Deus e Ele te atendeu… Vocação… Experiência com os santos, com a Igreja… O comshalom.org quer saber qual é a sua história com Deus.

Todos os dias, publicamos um testemunho novo na home. O de hoje é de Lydia Mourão Gomes Alencar.

Quer ter a sua história publicada aqui? Envie texto e foto para  redacao@comshalom.org e evangelize conosco.

Confira:

Em uma vida cheia de incertezas, uma certeza sempre tive: Um dia eu seria mãe! Aos 19 anos, ao perder minha mãe, essa certeza só aumentou; eu queria experimentar de novo esse amor, sendo EU a mãe. Para ser mãe, meu filho ou filha precisaria de um pai, obviamente. E não poderia ser qualquer pai, já que eu tive o melhor pai do mundo, meu filho não poderia ter um destino diferente. Tinha que ser um pai fenomenal.

Quando eu completei 30 anos, bateu o desespero: eu ainda não havia achado o homem ideal, aquele que me tornaria uma esposa feliz e que seria o melhor pai de todos. Em dois anos, tudo mudou, o homem ideal chegou. Casamos. Curtimo-nos um tempo. Três anos depois, começaríamos nossa família.

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As dez primeiras semanas de gestação foram tranquilas. Nem parecia que eu estava grávida; na décima primeira, começaram os enjoos e a azia. Na décima segunda, o tempo virou. Um exame simples, que várias gestantes fazem sem nem se dar conta do quão estressante pode ser. O nome? Translucência Nucal. Nunca achei que duas palavras me fossem tirar o sossego da forma como ocorreu em seguida.

Naquela tarde, arrumei-me bem linda, afinal, eu tinha um “encontro” com o meu bebê. Eu e meu marido fomos felizes da vida fazer o tal exame e, quem sabe, conseguir ver se era “ele” ou “ela”. De repente, o meu bebê já não era um bebê. O vocabulário da médica mudou de bebê para “o feto”:

“O feto não está bem, está com a TN bem alterada, tem que ver com seu obstetra se você vai querer seguir com a gestação”.

“Oi??? Se EU vou querer seguir com a gestação???”

A médica saiu da sala, foi ligar para o obstetra. Eu e meu marido entramos em desespero e caímos no choro. O obstetra me ligou e disse que nos veria em dois dias e explicaria tudo, para tomarmos uma decisão. Foi o pior fim de semana da minha vida. Dois dias inteiros de sofrimento, mas também de intensa oração pela vida do meu filho. Toda a família também se uniu a nós em intercessão.

Na segunda-feira, com voz dócil e jeito carinhoso, o médico explicou tudo: o que era TN alterada, quais eram as implicações disso. E, claro, finalizou o diálogo reiterando o que a médica havia dito no exame: “Vocês vão seguir com a gestação? Por que eu não tiro o feto, mas posso indicar quem o tira”.

Novamente, meu bebê era um “feto”, já descartável para dois médicos. Fui em um terceiro obstetra, uma mulher dessa vez. Na consulta, ela me explicou que meu bebê tinha um higroma cístico e que isso, aliado a TN alterada, era indicativo para algumas alterações cromossômicas e que, como tudo na vida, poderia não ser nada. Ela nos indicou a fazer um exame mais invasivo, uma coleta do material genético do bebê, a fim de descobrimos se havia ou não alguma alteração. Porém, eu só tinha 12 semanas de gravidez e esse exame só poderia ser feito a partir da 20ª semana, pois havia o risco de aborto espontâneo.

Na época, eu me questionava o porquê de fazer esse exame, já que, sim, eu teria o meu bebê de qualquer jeito. Hoje em dia, relembrando o passado, vejo como foi importante o diagnóstico precoce, pois eu, meu marido e toda nossa família tivemos tempo para nos preparar para a chegada desse bebê tão querido.

Como essa terceira obstetra estava falando em bebê, ao invés de feto e, até então, não havia falado em interromper a gestação, eu me sentia segura. Entre a 12ªsemana e a 20ª, que antecedeu o exame, li de tudo: testemunhos de mães que passaram pela mesma situação, depoimentos de médicos, parentes e amigos. Infelizmente, a maioria era favorável a interrupção da gestação:

“Você vai viver dentro de um hospital com essa criança”.

“E se nascer e morrer em seguida, você terá ficado nove meses esperando uma criança que não vai durar nada”.

“E seu marido, vai aceitar? Ele vai é te abandonar sozinha com uma criança doente”.

Enfim, chegou o dia e fiz o exame. O resultado só sairia em 20 dias. Antes disso, oito dias após eu ter feito o exame, a obstetra me ligou, queria me ver. Desse dia, com certeza, eu me lembro de todos os detalhes…

Fui sozinha, pois era apenas uma consulta, já que o resultado só sairia bem depois. A médica foi bem direta: “Então, o resultado saiu antes, foi bom você estar sozinha, pois o resultado deu Síndrome de Down e, como é você quem está grávida, a decisão de tirar o feto é apenas sua”. Bomba!

Pela terceira vez, meu bebê virou “apenas” um feto. A essa altura, nós já sabíamos que era menino, que já tinha unhas, que era cabeludinho, que era grande e, dentre outras caraterísticas, descobri que viria com Síndrome de Down. Dessa vez não chorei. Nesse dia, sem dúvida, eu estava regada pelo Espírito Santo. Lavei a alma: “É isso o que ele tem? Só isso? Síndrome de Down? Obrigada, meu Deus, por não ser algo mais sério”.

A obstetra me olhou incrédula: “Você quer esse bebê? Você sabe as implicações disso? Eu tenho uma paciente que gastou todo o dinheiro do mundo tentando engravidar, fez seis inseminações artificiais e sempre abortava por que dava Síndrome de Down”.

Dessa vez, a incrédula fui eu. A paciente fez isso? Tive pena. Tive pena da médica, tive pena da paciente, tive pena das seis almas que se foram.

Pedro Cássio e o pai AirtonA médica quis ligar para o meu marido. Eu não impedi. Conheço o homem com quem me casei. Sabia que ele me apoiaria. Como o esperado, ele foi bem enfático ao telefone: “É meu filho e vou amá-lo de todo jeito”.

A partir de então, minha gravidez seguiu tranquila. Curti bastante tudo o que ainda não tinha curtido na gravidez: fiz chá de bebê com a família e os amigos, decorei o quartinho do bebê, tirei várias fotos da minha barriga, fiz ensaio de grávida. Eu e meu marido fomos à praia, a festas. Tudo isso está registrado para eu mostrar ao meu filho quando ele crescer.

Eu conversava diariamente com ele dentro da minha barriga. Em todo momento, eu dizia: “Vem filho, que você é muito amado, muito esperado, todo mundo te quer”. Eu tinha que repetir isso várias vezes, para ele saber que era bem-vindo, para que nascesse tranquilo. Meu filho nasceria com um atraso intelectual e motor, mas carente de amor ele não seria jamais.

A única apreensão que eu tinha era em relação ao trabalho, pois eu estava desempregada; mas, como Deus é sempre providente, fui convocada para tomar posse em um concurso que eu havia passado dois anos antes. Ou seja, nem isso me preocupava mais.

nascimentoEntão, ele nasceu. Eu o olhei nos olhos e disse: “Seja bem-vindo, meu filho”. E ele parou de chorar e me olhou. E eu senti Deus naquele momento, como jamais havia sentido. Eu não chorei. Eu sorri. Era só alegria.

Até hoje, as pessoas me questionam se foi difícil tomar aquela decisão e eu sempre digo: “Não tinha o que decidir. Era o meu bebê, meu filho, o Pedro Cássio. Ele não iria morrer por falta de amor”.

 

 

Lydia Mourão Gomes Alencar, mãe do Pedro Cássio


Comentários

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  1. Seu depoimento me deu forças … Estou em uma situacak larecida com a sua, porem mu bebê esta com higroma cistico.
    Deus e fiel!!!
    Feliz pela sua bênção!

  2. lydinha, q depoimento lindo! Deus nunca erra qd escolhe uma mãe tão especial pra ter um filho tão especial! PC é lindo, sua família é linda e abençoada!! Bjsss