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DO CARNAVAL ÀS CINZAS: ORIGENS DAS CELEBRAÇÕES DOS PRÓXIMOS DIAS

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– Sobre a origem da palavra Carnaval não há unanimidade entre os estudiosos, mas as hipóteses “carne vale” (adeus carne) ou de “carne levamen” (supressão da carne) levam-nos, indubitavelmente, para o início do período da Quaresma. A própria designação de Entrudo, ainda muito utilizada entre nós, vem do latim “introitus” e apresenta o significado de dar entrada, começo, em relação a esse tempo litúrgico.

O carnaval é uma festividade popular coletiva, cíclica e agrícola. Seus verdadeiros iniciadores foram os povos que habitavam as margens do rio Nilo, no ano 4000 a.C.; há uma segunda origem nas festas pagãs greco-romanas que celebravam as colheitas, entre os séculos VII a.C. e VI d.C.

A Igreja, mais tarde, alterou e adaptou as práticas pré-cristãs, relacionando o período carnavalesco com a Quaresma. Uma prática penitencial preparatória à Páscoa, com jejum, começou a definir-se a partir de meados do século II; por volta do século IV, o período quaresmal caracterizava-se como tempo de penitência e renovação interior para toda a Igreja, inclusive por meio do jejum e da abstinência.

Observando o calendário, se percebe que é a Páscoa quem rege o Carnaval: a Páscoa é celebrada no primeiro domingo da lua cheia após o equinócio da primavera, no hemisfério norte. O Carnaval é sempre entre 3 de fevereiro e 9 de março, 47 dias antes da Páscoa, ou seja, após o sétimo domingo que antecede o domingo de Páscoa.

Tertuliano, São Cipriano, São Clemente de Alexandria e o Papa Inocêncio II foram grandes inimigos do Carnaval, mas no ano 590, a Igreja Católica permitiu que se realizassem os festejos do Carnaval, que consistiam em desfiles e espetáculos de caráter cômico.

No século XV, o Papa Paulo II contribuiu para a evolução do Carnaval, imprimindo uma mudança estética ao introduzir o baile de máscaras, quando permitiu que, em frente a seu palácio, se realizasse o Carnaval romano, com corridas de cavalos, carros alegóricos, corridas de corcundas, lançamento de ovos, água e farinha e outras manifestações populares.

No dia seguinte, as cinzas recordam o que fica da queima ou da corrupção das coisas e das pessoas. Este rito é um dos mais representativos dos sinais e gestos simbólicos do caminho quaresmal.

Nos primeiros séculos, cumprem esse rito da imposição das cinzas apenas os grupos de penitentes ou pecadores que querem receber a reconciliação no final da Quaresma, na quinta-feira santa, às vésperas da Páscoa. Vestem hábito penitencial, impõem cinzas na sua própria cabeça e, dessa forma, se apresentam diante da comunidade, expressando seu desejo de conversão.

A partir do século XI, quando desaparece o grupo de penitentes como instituição, o Papa Urbano II estende esse rito a todos os cristãos, no início da Quaresma. As cinzas, símbolo da morte e do nada da criatura em relação a seu Criador, obtêm-se por meio da queima dos ramos de palmeiras e de oliveiras abençoados no ano anterior, na celebração do Domingo de Ramos.

Uma prática penitencial preparatória à Páscoa com jejum começou a afirmar-se a partir de meados do século II; outras referências a um tempo pré-pascal aparecem no Oriente, no início do século IV, e no Ocidente no final do mesmo século.


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