A Introdução Geral à Liturgia das Horas, em seu primeiro capítulo, nos diz que uma das principais funções da Igreja é a oração pública e comum do povo de Deus. Desde os primeiros tempos do cristianismo os batizados “perseveravam no ensinamento dos apóstolos, na comunhão, na fração do pão e nas orações”(At 2,42). Várias vezes os Atos dos Apóstolos atestam que a comunidade cristã rezava em comum.
Celebradas em comum, foram pouco a pouco aperfeiçoadas e organizadas como o ciclo completo das horas. Enriquecida com leituras, essa Liturgia das Horas é, antes de tudo, oração de louvor e petição; é oração da Igreja com Cristo e em Cristo.
A Liturgia das Horas é uma oração de Cristo, e é em Cristo que nos baseamos para orar. A atividade cotidiana de Jesus está muito ligada à oração. Mais ainda, como que brotava dela, retirando-se ao deserto e ao monte para orar, levantando-se muito cedo ou permanecendo até a quarta vigília e passando a noite em oração a Deus. (IGLH 4)
Também é a Liturgia das Horas um cumprimento da ordem de Cristo. “Orai, disse ele muitas vezes, rogai, pedi em meu nome.”
>> Reze as laudes ao vivo na Semana da Palavra 2024
Um pouco da história
O costume dos cristãos de rezarem regularmente em diversos momentos do dia tem origem no costume judaico. Os judeus, no tempo de Jesus Cristo, tinham uma oração pública e privada perfeitamente regulamentada quanto às horas, composta de salmos e de leituras do Antigo Testamento.
A Igreja nascente tinha consciência de sua vocação de comunidade orante. Existem alguns horários privilegiados e vemos também em vários documentos da comunidade nascente como na Didaqué “… assim orareis três vezes por dia” (Cap. 8). E, assim vários outros escritos do início da Igreja nos falam de horários para as orações. Porém, no século IV se firmam duas tradições de oração comunitária da Igreja: O Ofício da Igreja Catedral e o Ofício Monástico.
Todos devem celebrar
A importância e o valor da Liturgia das Horas é muito maior do que imaginamos e, por isso, merece um estudo e aprofundamento por parte dos leigos católicos, mesmo porque somos todos, membros da Igreja de Cristo, chamados a celebrá-la em todo o tempo. A celebração da Liturgia das Horas é, além de um chamado, uma obrigação para todos os presbíteros e fiéis consagrados. Mas, também, toda a Igreja é chamada a celebrá-la.
Para nós leigos é importante que saibamos que a Igreja nos pede: “Os grupos de leigos em qualquer lugar que se encontrem reunidos são convidados a cumprir esta função da Igreja, celebrando parte da Liturgia das Horas, seja qual for o motivo pelo qual se reuniram: oração, apostolado ou qualquer outra razão. Convém que aprendam a adorar a Deus Pai em espírito e verdade, antes de tudo, na ação litúrgica, e tenham presente que, mediante o culto público e a oração, atingem toda a humanidade e podem fazer muito pela salvação de todo o mundo” (IGLH 27).
Recomenda-se que celebrem algumas partes da Liturgia das Horas, que é a oração da Igreja, a qual faz com que todos os que estão dispersos terem um só coração e uma só alma.
Espiritualidade da Liturgia das Horas
A Liturgia das Horas, antes de mais nada, como uma oração, e entender a oração não como uma obrigação, e sim, como uma vocação. Antes de sermos obrigados à oração, a ela somos chamados. “É preciso orar em todo o tempo e nunca esmorecer” (Lc 18,1)
Esse preceito se cumpre não apenas pela celebração da Eucaristia, mas também por diversos outros modos, entre os quais sobressai a Liturgia das Horas. Segundo antiga tradição cristã, ela tem a característica, entre as demais ações litúrgicas, de santificar todo o curso do dia e da noite (IGLH 10). A santificação do dia e de toda a atividade humana é finalidade da Liturgia das Horas.
O exemplo e preceito do Senhor e dos apóstolos de orar sempre e com insistência não devem ser considerados como regra meramente legal, mas derivam, da essência íntima da própria Igreja, que é a comunidade e deve expressar seu caráter comunitário também ao orar (IGLH 9).
O homem do Antigo Testamento percebia o tempo diário como tarde e manhã (nesta ordem).Nesta experiência vivia um processo de passagem das trevas para a luz, da noite para o dia, da tarde para a manhã, do deitar-se para o levantar-se. Jesus Cristo em sua vida acompanhava este ritmo de oração diária de seu povo, mas purificou-a nos ensinando a orar (Mt 6,5.7). O conteúdo da oração cristã é novo. É reunir-se em nome de Jesus Cristo. É dar graças em sua memória. A ação de graças da Igreja deve ter como conteúdo a pessoa de Jesus Cristo.
Um dos aspectos mais importantes da Liturgia das Horas é a sua ligação íntima com a Páscoa do Senhor e, consequentemente, com a Eucaristia. Celebramos a todo momento a Liturgia das Horas com os olhos voltados para Cristo e, portanto, para recebermos seu corpo e sangue. Existe, de fato, uma íntima ligação da Liturgia das Horas com o Mistério da Eucaristia. A celebração da Eucaristia é insuperavelmente preparada por meio da Liturgia das Horas. Nesta se despertam esse alimentam adequadamente as disposições necessárias para celebrar com proveito a Eucaristia (IGLH 12).
Reze com a Comunidade Shalom
De segunda a sexta-feira, 23 a 27 de setembro, o canal do YouTube da Capela Sh traz uma programação especial para você aprofundar sua experiência com a Palavra de Deus.
Onde: @capelash
Quando: 23 a 27 de setembro
Estudo Bíblico: 05h
Laudes: 08h
Completas: 18h
Leia também
Laudes: O anúncio de um novo dia
Uma oração da noite curta e eficaz
Marcos Oliveira
Missionário da Comunidade Católica Shalom em Israel