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Igreja não está fora de moda

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“Igreja não está fora de moda”, afirma Dom Celso

“A presença do Santo Padre e a maneira como foi acolhido pelo povo é uma prova muito clara de que a Igreja não está fora de moda como, às vezes, alguns gostam de apregoar. Está muito viva e muito presente na realidade do nosso povo”. A afirmação é do bispo de Catanduva (SP), Dom Celso Antônio Queirós, durante a primeira coletiva da Conferência de Aparecida realizada logo após o discurso do papa Bento XVI na abertura da V Conferência Geral do Episcopado da América Latina e do Caribe, neste domingo, 13. A Conferência se estende até o dia 13, reunindo 162 bispos, arcebispos e cardeais do continente latino-americano e caribenho.

Segundo Dom Celso, a presença de Bento XVI no Brasil e o modo como foi recebido pelo povo são sinal da presença da Igreja no mundo. “Mais que os assuntos que o Santo Padre abordou, o simples fato de sua presença, de seu deslocamento até aqui e a acolhida calorosa do povo, inclusive o silêncio com que sua voz era ouvida, é um sinal muito claro da presença da Igreja para o nosso mundo de hoje”.

Comentando a palavra do papa sobre a participação da Igreja na política, Dom Celso lembra que é preciso investir na formação dos cristãos leigos. “Compete à Igreja formar os políticos para que o cristão político seja o promotor dessas estruturas mais justas e adequadas para que saiam desse mundo tenebroso da corrupção e das injustiças sociais e do interesse simplesmente político-partidário”. Para ele, o papa não ‘puxou a orelha’ dos bispos quando disse que a Igreja não deve ter partido político. “Náo houve nada nessa visita do papa que possa ser interpretado como uma espécie de puxão de orelha na América Latina. Pelo contrário, muito do que ele falou pode ser tido como um beijo na América Latina”.

Questionado sobre a afirmação do papa acerca do machismo na América Latina, Dom Celso entende que o papa reconheceu uma dívida da Igreja para com a mulher e que o debate para a ordenação de mulheres está fechado no momento. Para ele, no entanto, o machismo está acima da questão de ordenação das mulheres. “A questão do machismo é de conteúdo e ainda é muito marcante nas nossas culturas latino-americanas”.

Abaixo, leia a íntegra da entrevista.

Sobre a visita do papa
A vinda de Bento XVI ao Brasil para abrir a V Conferência fala muito para a Igreja nossa e para a Igreja do mundo inteiro. Sabemos que graças a vocês da imprensa, o que está acontecendo aqui esta sendo transmitido para todo lugar. Esse é o mundo em que vivemos que tem problemas, mas que também tem essa maravilha de comunicação imediata com todas as partes.

A presença do Santo Padre e a maneira como foi acolhido pelo povo é uma prova muito clara de que a Igreja não está fora de moda como alguns, às vezes, gostam de apregoar. Está muito viva e muito presente na realidade do nosso povo. Está muito consciente de sua missão de evangelizar e muito presente no dia a dia da vida do nosso povo.

Talvez para vocês, jornalistas, tenha resultado um pouco espantoso o número e o entusiasmo do povo aqui, em Aparecida. Nós já estamos acostumados. É a história de todo fim de semana em Aparecida com alguns mais significativos que outros e este com a presença do Santo Padre, muito mais ainda.

Queria chamar a atenção para isso. Mais que os assuntos que o Santo Padre abordou, o simples fato de sua presença, de seu deslocamento até aqui e a acolhida calorosa do povo, inclusive o silêncio com que sua voz era ouvida, é um sinal muito claro da presença da Igreja para o nosso mundo de hoje.

Participação da Igreja na politica
A gente conta nos dedos aqueles cristãos realmente comprometidos, que estão dispostos até a sacrificar coisas de sua carreira política em defesa do povo e em defesa até de uma visão mais ética e religiosa da sociedade. Nesse ponto, ele (o papa) deixou muito claro que não compete à Igreja fazer isso. Compete à Igreja formar os políticos para que o cristão político seja o promotor dessas estruturas mais justas e adequadas para que saiam desse mundo tenebroso da corrupção e das injustiças sociais e do interesse simplesmente político-partidário.

A Igreja Latino-americana está perfeitamente consciente disso. Esse assunto, como outros, o papa veio lembrar como lembrou os outros. Não é que a Igreja Latino-americana não esteja consciente disso para ele dar um ‘puxão de orelha’ na Igreja. O papa como chefe do colégio episcopal, responsável pela evangelização, quis lembrar, pontuar, os aspectos mais importantes e atuais da evangelização.

Não houve nada nessa visita do papa que possa ser interpretado como uma espécie de, como você disse, ‘puxão de orelha’ na América Latina. Pelo contrário, muito do que ele falou pode ser tido como um beijo na América Latina.

Dívida com as mulheres
O papa reconheceu que a Igreja tem uma certa dívida com as mulheres. Atualmente, sabemos que, na Igreja, o diálogo sobre a possível ordenação de mulheres está fechado. O que não significa que não se possa abrir. A questão do machismo é muito mais ampla que a ordenação de mulheres.

A questão do machismo é de conteúdo e ainda é muito marcante nas nossas culturas latino-americanas. Há um certo reconhecimento, um certo pecado de uma evangelização que sempre deveu muito às mulheres. Elas trabalham muito mais para a Igreja que os homens, e custa-se a reconhecer o verdadeiro seu lugar na Igreja. Isso, certamente, é um problema que vai ser levantado aqui. Não vai ser resolvido, mas vai continuar apontando caminhos.

Fonte: CNBB


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