Hoje, no entanto, a modernidade apresenta para o homem falsos e ilusórios sentidos de vida.
O sentido hedonista, em que o prazer imediato é o único bem possível de se conseguir nesta vida é bastante divulgado. A Palavra de Deus, porém, e a própria experiência nos ensinam que o prazer é uma linguagem usada por Deus para abençoar um alimento, um relacionamento; é sinal de doação e quando é buscado como fim, colhe-se o fel e o vazio. O princípio de viver buscando o prazer se torna o maior estraga prazer.
O viver em função do sucesso neste mundo globalizado e competitivo é outra ilusão que envolve os nossos jovens. A própria etimologia da palavra, que vem do latim sus-cedere, indica "o que vem depois". Portanto, viver em função de algo que vem depois e não está em meu poder obter, não seria alienar-me? Os santos nos ensinam, assim como a Palavra, que devemos dar tudo de nós no que nos é confiado e esperarmos o resultado como se tudo dependesse de Deus. Muitas angústias, depressões e ansiedades vêm da total falta de preparação do homem de hoje para enfrentar o fracasso. Esquecemo-nos de que foi através do aparente fracasso da cruz que fomos salvos e herdamos a ressurreição de Cristo; foi pelo aparente fracasso do martírio dos santos nas arenas de Roma que a Igreja pôde crescer qual árvore frondosa adubada pelo sangue dos seus filhos.
O consumismo é outro forte apelo, porque a posse dos bens leva a uma aparente segurança e felicidade. Esquecemo-nos de que o objetivo e a felicidade plena do homem não é possuir, mas ser possuído por Deus no seu Espírito Santo. Quantos testemunhos temos de pessoas como Estêvão, que na hora do martírio viu o céu aberto e o Filho do homem à direita de Deus (cf. At 7). A Bíblia nos diz que "onde está o nosso tesouro, aí estará o nosso coração" . O homem torna-se aquilo a que ama. Se ele ama o dinheiro, torna-se corruptível, algo que se vende ou compra, e o sentido da sua vida reduzir-se-á aos bens deste século. Se ele ama a Deus, por Deus será glorificará e com Ele reinará eternamente.
Outra mentalidade sutil que contaminou o homem moderno é de que sua herança genética, espiritual, psíquica unida aos traumas de sua vida condicionam o comportamento humano; é um determinismo trágico que enfraquece a vontade levando-a a justificar vícios e distúrbios comportamentais. Esquecemo-nos do que São João nos diz: "O que está em vós é maior do que o que está no mundo". O homem não é um ser condicionado, mas com condicionamentos que podem ser superados com a graça de Deus, pois "a Deus, nenhuma coisa é impossível" (Lc 1,37), haja visto a ação divina nos personagens que mencionamos.
Há ainda os "problemocêntricos", cujo sentido da vida é resolver os seus problemas e os dos outros. Eles esquecem que há problemas que nunca serão plenamente resolvidos nesta vida, como o espinho na carne de São Paulo e que fomos criados para o louvor da glória de Deus.
Por isso, oremos: "Batiza-nos, Pai, com teu Espírito, concede-nos renovada experiência da salvação de nossos caminhos e ilumina a nossa memória para que nunca esqueçamos que um Deus deu seu próprio sangue para nos fazer retornar de onde saímos: o teu misericordioso coração. Que assim seja em teu Filho e Nosso Salvador, Cristo Jesus".