A atração por coisas ocultas motivou enredos de grandes obras da Literatura. O envolvimento com o mistério, na verdade, revela a sede pela verdade e os anseios de liberdade, segundo a escritora e membro da Comunidade Católica Shalom, Josefa Alves. Ambientada na Itália, Teshuvá tem essa característica. O livro será lançado no Congresso de Jovens Shalom, em Fortaleza.
“A literatura pode ser uma porta aberta para o eterno”, afirma a autora.
Confira entrevista:
1 – Qual a inspiração do livro? De onde veio a ideia?
A ideia do livro surgiu em 2008, quando eu morava em Volterra (lugar onde acontece a trama); naquela região da Itália (Toscana) me chamou muito a atenção o grande envolvimento dos jovens com coisas ocultas, a atração por coisas misteriosas, etc., e eu percebia que nestes ambientes eles buscavam saciar a sede de verdade e os anseios de liberdade… neste período, senti a inspiração de falar-lhes ao coração, mas com uma linguagem não convencional, com ficção e analogias.
2 – Por que Teshuvá?
O título do livro só surgiu no final do escrito. Eu tinha pensado em vários títulos, mas nenhum “encaixava” bem com a história. Até que relendo algumas anotações antigas, me deparei com este termo: teshuvá, e foi impressionante como liguei imediatamente à história da Lisa; porque esta é a sua experiência. Teshuvá é uma palavra hebraica geralmente traduzida por conversão ou retorno, mas é bem mais rica de significado e o livro revela isso.
Eu costumo dizer que Teshuvá “se revelou” a mim como um filme, embora eu só tenha conseguido “ver” o final da história, no final!
Trata-se da história de uma jovem brasileira que, quando criança foi adotada e levada para a Itália com sua nova família. O forte senso de justiça e a sede pela verdade lhe impulsionam a enfrentar uma poderosa e perigosa organização secreta que levou sua amiga ao suicídio. Para sua surpresa, descobre que Mike, seu ex-namorado, por quem ainda é apaixonada, está envolvido com tudo isso, mas precisará dele para efetuar o seu plano, e aqui começa uma aventura emocionante. A história é cheia de surpresas, porque passado, presente e futuro, sonho, realidade e mistério se tocam e se revelam.
3 – Há marcas biográficas ou autobiográficas? Quais os dramas reais presentes no enredo?
O autor sempre se revela na sua obra. Mas esta não é, em absoluto, uma obra autobiográfica! Embora exista algo de mim em cada personagem. Mas no segundo capítulo do livro, há uma história baseada num caso que acompanhei e que me marcou muito. Não é a mesma história, mas ela foi um grande impulso para que eu escrevesse este livro.
Há também uma homenagem a uma pessoa maravilhosa, um santo homem. Ele já faleceu há muitos anos, mas pelo testemunho concreto de amor ao próximo, merecia ser imortalizado nesta homenagem.
4 – Para quem você escreveu?
Para jovens. Sobretudo para quem gosta de ficção, aventura, romance e não tem medo de usar a imaginação.
5 – Quais foram suas influências? Quem você costuma ler?
Eu lia de tudo um pouco, de gibis de Maurício de Sousa, a grandes obras de Graciliano Ramos e Monteiro Lobato, poesias de Carlos Drummond de Andrade e de Kalil Gibran, suspenses de Sidney Sheldon, clássicos de Dostoiesvski, C.S. Lewis, entre outros. Hoje, por conta das obrigações, leio bem menos do que gostaria, atualmente estou lendo Chesterton.
6 – Qual o desafio da evangelização nos meios seculares, em especial no caso da Literatura?
Vejo que os grandes desafios também são grandes oportunidades. É fundamental conhecer o homem concreto, e saber quais são os seus desejos mais profundos, para dar as respostas fundamentais de forma criativa, da forma como ele é capaz de escutar. Eu posso usar a linguagem da fantasia para dizer, por exemplo, que a Verdade não é abstrata e que ela se deixa tocar.
Pela minha experiência, ler é sempre uma viagem dentro de si mesmo e para fora de si; é dialogar com o coração e a consciência do outro. A literatura pode ser uma porta aberta para o eterno.
O livro publicado pelas Edições Shalom estará à venda em breve nas livrarias dos Centros de Evangelização Shalom e pelo site edicoesshalom.com.br
Emanuele Sales