Neste mês de outubro a Igreja celebra o mês missionário. Para muitos, o período representa um grande incentivo para ir em missão em terras mais distantes. Mas hoje vou destacar aqui a importância de perceber a nossa missão na rotina ordinária, no escondido que ninguém vê.
No nosso dia-a-dia, estamos cercados de afazeres que implicam sacrifícios concretos. De uma simples comida a ser feita aos pratos a serem limpos — da mesa a ser posta aos restos de comida a serem retirados… em cada detalhe da vida — se estivermos atentos — somos convocados a dar sempre mais.
O encantamento que é gerado em nossos corações ao contemplarmos a vida de tantos Santos que se arriscaram em longas expedições ao redor do mundo, parece não ser o mesmo quando nos deparamos com a biografia daqueles que (aparentemente) não fizeram nada de grandioso porque muito amaram em casa, com suas famílias, ou na clausura de um convento. Mas por que será?
Santa Teresinha do Menino Jesus, cuja memória abriu este mês de outubro, compreendeu que as teias de aranha retiradas dos móveis da cozinha do Carmelo poderiam ser degraus para a sua santidade. Santa Gianna Beretta Molla, mulher italiana que exerceu a santidade através do matrimônio e do seu ofício como médica, compreendia — em cada paciente que atendia — a missão que lhe era confiada de aliviar as dores de um enfermo. Ofícios escondidos (e não menos missionários) foram grandes fábricas de Santos ao longo da história da humanidade (e o são até hoje).
A casa bem varrida, a limpeza da louça gordurosa (por vezes, com odor desagradável), as roupas estendidas… estes são exemplos de alguns dos muitos afazeres aparentemente rotineiros e insignificantes, mas que podem portar graças de santificação grandiosas caso sejam feitos com a reta intenção de aliviar o fardo daqueles que vivem com você.
Sob essa perspectiva, ir em missão é sair de si constantemente para cumprir o mandato de Cristo aos seus: “amai-vos uns aos outros como eu vos amei.” As pequenas (e repetitivas) situações penosas as quais somos submetidos todos os dias devem ser, portanto, as nossas oportunidades concretas de ir ao encontro dos demais através das nossas obras, que ainda são as formas mais eficazes de amar.
Se você não tem dinheiro ou idade para atravessar continentes e servir àqueles que padecem nas estradas do mundo, a sua via de santificação pode estar na próxima vez em que o seu dever for limpar o banheiro da casa. Ou na desinfecção dos produtos que chegam do supermercado neste tempo de COVID-19. Ou na conclusão do trabalho que lhe é confiado em um dia cansativo na empresa… muitas são as oportunidades de partir (e feliz é quem encontra em cada uma delas um sentido maior: a caridade).
Que neste mês de outubro, você possa redescobrir a alegria da possibilidade de santidade que reside na sua alma. Uma missão lhe espera (e pode não estar tão distante assim…).
O coração de quem está no quarto vizinho ou no computador ao seu lado pode ser a sua terra mais distante hoje. O que você precisa fazer para alcançá-la?