Entramos nos dias santos, os momentos ápice da nossa fé católica, e abrindo a semana, temos em enfoque a figura de uma mulher, aquela que também estará presente no domingo Santo, é ela, Maria de Betânia, tradicionalmente associada a Maria Madalena, a mulher que muito amou.
Aquele que veio não para viver, mas para morrer e tornar a viver
Cristo ao longo de sua vida pública anunciou aos discípulos de maneira clara que ele iria morrer, porém era difícil para eles acreditarem que o seu mestre iria padecer. Foi uma mulher, com sua intuição feminina, que pressentiu o que os apóstolos não compreendiam e não aceitavam. Seis dias antes de sua morte, Maria separou o seu melhor e mais caro perfume para ungir nosso Senhor. Quebrando o frasco, Maria num inconsciente consciente, anuncia o pão que será partido em sinal do corpo de Cristo partido na cruz. Maria compreende e anuncia a verdadeira razão da vinda de Cristo, aquele que veio não para viver, mas para morrer e tornar a viver.
Aquela que anuncia aos apóstolos a morte do seu amado, num gesto de amor total, será aquela que anunciará também a sua ressurreição, revelando assim, que quem crê na cruz de Cristo crerá também na sua ressurreição.
Quem ama deseja amar mais e mais
Diante do ato generoso e místico de Maria, Judas fica indignado, pois quem ama pouco é mesquinho em seus atos, mas quem ama muito porque muito foi perdoado, aprende a amar de maneira esponsal, como dizem os nossos escritos “quem ama assim sempre se considera pouco e sempre deseja amar mais, mas, mais…”. Santa Teresinha nos diz que “quem ama não sabe calcular”, e em contrapartida, Judas calculava tudo, o justo e injusto; buscava através da filantropia mascarar sua própria avareza. Vemos que os apóstolos estavam de acordo com a fala de Judas, pois foi apenas Jesus que lhe disse: “deixa-a”, sabia que na verdade, quem estava sendo insultado era ele mesmo em sua dignidade de Deus, mas na sua belíssima humildade diz: “deixa-a”.
Jesus sabia e revela aos apóstolos que aqueles que sabem honrá-lo e reconhecer a glória são aqueles que o reconhecerão também nos pobres. Em contrapartida os que não consideram Cristo como Deus e Senhor, são aqueles que o vendem por trinta moedas mas se mostram imponentes para defender os pobres. De fato, aqueles que sabem dar o melhor e as primícias à Deus, saberão dar aos pobres.
Reflexão
O gesto que vemos através de Maria Madalena hoje, pode nos ajudar a refletir alguns pontos:
- O que eu preciso hoje derramar aos pés do Senhor para que vá com ele para a cruz e com ele morra e ressuscite?
- Sou como Judas, sempre julgando os outros e completamente ignorante aos meus movimentos interiores?
- Eu tenho coragem de amar com largueza, quebrando o vaso sem medo, e na certeza de que para amar a Deus só tenho hoje?
Vamos rezar?
Senhor, dá-me um amor como o de Maria! Que o meu amor não seja sentimental, mas concreto, que custe, que se quebre, que seja sem volta!
Que Maria de Betânia sempre nos conduza ao nosso lugar, ou seja, aos pés do nosso Amado. Shalom!
Por Andreza Aires