Nesses nossos dias em que o valor da vida humana está tão baixo, vale a pena relembrar o juramento daquele filósofo grego, que viveu 400 anos antes de Cristo, o "pai da medicina".
Já naquele tempo, muito antes de Jesus descer do céu para nos falar da transcendência e do valor enorme de cada vida humana " pela qual derramou o seu Sangue (Gal 2,20) " o filósofo já tinha o sentimento natural da grandeza da vida, que deve ser mantida intocável desde a concepção no ventre da mãe até o último suspiro. Eis seu célebre juramento, repetido pelos médicos:
"Eu juro … que não darei a nenhuma pessoa remédio mortal, ainda que seja por ela pedido, nem darei conselhos que induzam à destruição: também não darei, a mulher alguma, substância ou objeto destinado a provocar abortamento.
Manterei a minha vida com pureza e santidade.
Qualquer que seja a casa em que penetre, entrarei para beneficiar o doente, evitarei qualquer ato voluntário de maldade ou corrupção … Quaisquer que sejam as coisas que veja ou ouça, dentro ou fora dela, que não devam ser divulgadas, considerá"las"ei segredo (…) penetrando no interior dos lares, meus olhos serão cegos, minha língua calará os segredos que forem revelados, o que terei como preceito de honra.
Nunca me servirei de minha profissão para corromper os costumes ou favorecer o crime. Prometo que, ao exercer a arte de curar, me mostrarei sempre fiel aos preceitos da honestidade, da caridade e da ciência.
Se eu cumprir este juramento, goze eu a minha vida e a minha arte com boa reputação entre os homens e para sempre; se dele me afastar ou se o infringir, suceda-me o contrário".
Nunca se viu, como hoje, tanto desrespeito à vida. Por um simples relógio, mata"se uma pessoa; às vezes até por menos, uma bicicleta, um boné e, muitas vezes um jovem perde a sua vida por um mísero pacotinho de 20 gramas de cocaina…
Nunca vi alguém matar um cachorro a tiros; nem ao vivo e nem na televisão; e, no entanto, já vimos pela televisão um ser humano tirar a vida de outro friamente. Que mundo!
Tudo acontece porque perdeu"se o sentido transcendental, divino, de cada vida humana, criada à "imagem e semelhança de Deus", resgatada por Cristo na cruz.
Cada criatura humana é filha de Deus, herdeira do céu pelo Batismo; e, por isso, não pode ser tratada como um animal, e muitas vezes até pior. O próprio Deus pedirá contas a cada um de nós, no dia do juízo, por todo o desrespeito a cada pessoa. Jesus disse isso no Sermão da Montanha :
"Aquele que disser a seu irmão: Cretino! Será castigado pelo Grande Conselho… Todo aquele que lhe disser: Louco!, será condenado ao fogo da geena" (Mt 5,21"22).
Em outras palavras: aquele que desprezar, ofender, explorar, humilhar, o irmão, prestará contas a Deus. Quanto mais aquele que lhe tirar a vida!
E Jesus fez questão de dizer:
"Em verdade eu vos declaro: todas as vezes que fizeste isto a um destes meus irmãos mais pequeninos, foi a mim mesmo que o fizestes" (Mt 25,40).
O Senhor garante que este será o critério supremo do nosso julgamento. Amar o irmão, ajudá"lo, dar"lhe de comer, de beber, de vestir, enxugar suas lágrimas, enfim, as obras de misericórdia, material e espiritual, são as que agradam a Deus.
Nossa civilização é cínica, hipócrita. De um lado esbraveja para defender os direitos humanos, os direitos dos animais, os direitos das matas, dos rios e das pedras; mas por outro lado, friamente, criminosamente, apaga a vida que começa a existir no seio da mãe. Não há crime mais hediondo.
"Não podemos ficar calados diante de tanto sangue inocente derramado!"
O Criador pedirá contas de cada uma dessas vidas ! O Código de Direito Canônico da Igreja, reformado pelo Papa João Paulo II, em 1983, considera excomungado da Igreja os que praticarem o aborto ou forem cúmplices dele.
De que vale defender os direitos humanos sem defender a vida? Especialmente a vida nascente, inocente, bela e indefesa?