Dor. Emoção. Saudade. Os noticiários unânimes repetem como num estribilho trágico: “O acidente aéreo em Congonhas foi o maior de nosso país. Nenhum sobrevivente”. Perplexidade! É como ficou População, amigos, familiares. Em certa reportagem disse uma canadense, ‘a tragédia não tem nacionalidade’. Tomados de assalto todos querem uma explicação clara, objetiva e convincente sobre o que aconteceu, mas esta não aparece, talvez ela não exista.
As autoridades se reúnem em ‘gabinete de crise’, o luto nacional é decretado, o presidente da companhia com demais executivos prestam coletiva de imprensa; hipóteses e mais hipóteses são levantadas sobre o que de fato, possa ter acontecido; dezenas de corpos das vítimas, no IML, ainda aguardam por identificação, tamanha fora o grau de carbonização, para depois serem levadas a seus familiares e o último adeus lhes seja tributado.
O que dizer neste momento?
Na verdade, palavras não conseguem expressar com agudeza o que se é pensado no íntimo, sobretudo, daqueles envolvidos diretamente na tragédia. Todos choram. Contudo, não se pode permitir que a chama da esperança seja apagada, não se pode cruzar a linha do desespero sob risco de não mais poder voltar.
É preciso chorar nossos mortos e por eles rogar a Deus que os acolha no céu, estado para o qual todos nós iremos um dia. Toda experiência de dor, de cruz deve nos fazer lançar o olhar para a ressurreição, mesmo que a visão esteja turva e o nosso interior cinzento, como ficou o próprio clima da cidade de São Paulo no dia posterior ao acidente.
Nesta ocasião pode nos consolar quem muito foi experimentada na dor: Maria.Diante da imensa dor de perder seu ÚNICO Filho, Maria manteve-se de pé diante da cruz. Sofreu pela paixão e morte de Jesus. Ela foi testemunha ocular dos escárnios, dos açoites, da crucifixão e do soldado que perfurando o coração de seu amado Filho. Manteve-se de pé. A Virgem Maria, ou Virgem das dores é familiar ao nosso sofrimento, sabe muito bem o que é perder, e perder aquilo que lhe é mais precioso.
Por meio da intercessão de Nossa Senhora, mãe de Jesus, mãe da humanidade os corações dos que sofrem sejam consolados. A chama da esperança aumente e a certeza da ressurreição e do céu se robusteça a tal ponto que a dor e a tristeza lhes estejam submissas. Pela oração permaneçamos de pé diante da cruz, acolhamos nossos mortos, como Maria acolheu o corpo desfigurado de seu Filho Jesus.
Mas o mesmo corpo dilacerado de Jesus que Maria viu flagelado e teve em suas mãos,como nos recorda a imagem da Pietá, sem aspecto humano, do qual todos desviavam o olhar, A virgem das Dores O viu glorioso, majestoso, Ressurreto. Ela foi testemunha ‘de que as dores deste mundo não se comparam com a glória que virá’(Rm 8,18). Tenhamos todos a certeza de que ‘o Senhor limpará todas as lágrimas de nossa face.(Apoc 21,4).’
Francisco Vanderlúcio Souza
Membro da Comunidade de Vida Shalom
Vanderluciosz@yahoo.com.br