Formação

Oração: intimidade com o Céu

Se o coração está longe de Deus, toda expressão da oração é vã, pois ela passa a ser mecânica.

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Pelo coração nos unimos a Deus: “Para mim, a oração é um impulso do coração, é um simples olhar lançado ao céu, um grito de reconhecimento e amor no meio da provação ou no meio da alegria.” (Santa Teresa do Menino Jesus).

Nosso coração é uma casa, onde existem cômodos, janelas, porta… e abrimos a quem queremos receber bem. É também o centro da nossa vida, centro escondido, sustenta toda vida em nós. É inatingível pela razão – se o cérebro parar de funcionar o coração continua a bater e não vice e versa. Apenas o próprio Senhor o conhece e pode sondá-lo. É o lugar da decisão, lugar da verdade, onde escolhemos a vida ou a morte. Nosso coração é o lugar do encontro com Deus, lugar da aliança. É o Espírito que impulsiona esse encontro íntimo, entre Criador e criatura (CIC § 2563).

Quem ora em nós é o coração, impulsionado pelo Espírito Santo, pela sede da presença do Criador, do Amor. Se o coração está longe de Deus, toda expressão da oração é vã, pois ela passa a ser mecânica. Quando dirigida totalmente pela razão e não pela autenticidade do sentimento e do momento no qual estamos passando, a oração foge da sua essência que é buscar sem cessar, a presença de Deus.

“Ao vê-la chorar assim, como também todos os judeus que a acompanhavam, Jesus ficou intensamente comovido em espírito. E, sob o impulso de profunda emoção, perguntou: Onde o pusestes? Responderam-lhe: Senhor, vinde ver. Jesus pôs-se a chorar.” (Jo 11,33-34)

Jesus expressa sua autenticidade, impulsionado de profunda emoção. Expressa todo seu amor por Lázaro e por aquelas pessoas que estavam feridas pela dor da perda de quem amavam. Ele chorou… é o impulso que o leva a dar os próximos passos para clamar a intervenção do Pai naquele momento.

“Tomado novamente de profunda emoção, Jesus foi ao sepulcro. Era uma gruta, coberta por uma pedra…” (Jo 11,38ss)

O ponto de encontro com o Senhor

Se o nosso coração é o ponto de encontro com o próprio Senhor, é dele que deve brotar a oração. Dado este primeiro passo, tudo é consequência e conseguimos, assim, expressar o sentimento de profundo amor ou busca diante Daquele que tudo pode realizar, por amor a nós.

Lançar os olhos para o céu, deve ser para nós uma busca da Face Sagrada do Senhor. É um simples impulso do corpo, que anseia ver aquilo que o coração já está gritando: a presença e intervenção do Amado Senhor, em quem nossa alma confia e suspira de saudades.

“Levantando Jesus os olhos para o alto, disse: Pai, rendo-te graças, porque me ouviste…” (Jo 11,41ss)

Quando, a partir do coração, o sentimento tomou conta de todo nosso corpo, a expressão vai além de um olhar para o céu, mas quer ser ouvida, quer anunciar esse sentimento de busca de todo ser. É o momento onde reconhecemos o quanto precisamos de Deus e que toda maravilha se realiza por Ele em nossa vida.

A oração de Maria

Temos como prova desse grito de reconhecimento diante de Deus, a oração de Maria: “Minha alma glorifica o Senhor e meu espírito exulta de alegria em Deus, meu Salvador…” (Lc 1,46ss)

Maria exulta em Deus em seu grande momento de alegria, mas também em tempos de provação. E é pela provação que conseguimos mostrar o que realmente somos diante de Deus. Por menor que ela seja, os sentimentos do nosso coração, expressos nas nossas atitudes ou não, revelam quem realmente somos e assim, provamos para Deus – diante destes sentimentos e atitudes – todo amor que temos por Ele.

Provamos também até que ponto renunciamos a nossa vontade para que a Vontade de Deus aconteça, uma vez que Ele sabe (como Pai) o que é melhor para cada um de nós. E esta prova de amor dada por nós ao Pai é expressa através de nossa vida e de nossa oração autêntica. O Magnificat é a mais perfeita oração da alegria. Maria, cheia do Espírito Santo e cheia de Jesus em seu seio, exultou de alegria perante a Deus, reconhecendo-se pequena diante da grandiosidade de Deus.

Seu coração estava cheio do mais puro sentimento e o Senhor se alegrou em Maria, no seu coração e na sua vida, fazendo dela sua morada, um Templo Santo, morada Do Salvador.

Um coração humilde e pobre

Que alegria é saber se colocar diante do Rei e preparar na morada do nosso coração, no nosso castelo interior uma habitação para Deus. Preparar o trono do Rei de nossas vidas e nos encontrar com esse Rei todos os dias para refletirmos diante de Sua sabedoria e para pedir aquilo que realmente nos é necessário, sem orgulho ou cobiça. Pedir somente aquilo que nos leva a amar mais.

Quando pedimos algo a Deus das alturas de nosso orgulho e da nossa própria vontade, pedimos apenas o que nos convém e acabamos anulando a essência de Deus que é Amor e que só quer nosso bem. Não podemos continuar a colocar condições para amar a Deus. Ou seja, só amamos a Deus quando Ele nos dá o que queremos. Assim acabamos por nos tornar meros mercenários.

Quando nos dirigimos a Deus justificando nossos erros ou nos achando melhores ou maiores do que os outros, estamos mais nos distanciando de Deus do que criando vínculo de aliança eterna com O Amado. Seremos assim, eternos fariseus (cf.Lc 18,9-14). Ao contrário, irmãos amados e irmãs amadas, rasguemo-nos diante do Senhor, como quem somente quer receber amor e amar em plenitude, pois a oração é uma graça que só pode ser acolhida por Deus, diante de um coração humilde e pobre.

É preciso se lembrar de Deus

A verdade é que nunca sabemos o que realmente precisamos, sempre queremos mais e mais e mais… Sem Deus, o homem é oco e tenta ser preenchido por tantas outras coisas inúteis e vazias que fazem da nossa vida uma jornada de busca e procura de satisfação pessoal em bens materiais e apegos terrestres.

Que possamos buscar sempre a Deus e assim, viver na Sua presença, e tudo nos será dado de acordo com nossas necessidades (cf. Mt 6,33).

“É preciso se lembrar de Deus com mais frequência do que se respira.” (São Gregório Nazianzeno)

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