O Papa Francisco presidiu a Missa via streaming na manhã desta sexta-feira (03/04), da V Semana da Quaresma, dedicando-a a Nossa Senhora das Dores.
A Antífona de entrada, que o Papa lê no início da celebração, é uma invocação de ajuda na angústia: Tende piedade de mim, Senhor, a angústia me oprime. Libertai-me das mãos dos inimigos e livrai-me daqueles que me perseguem. Não serei confundido, Senhor, porque vos chamo (Sl 30,10.16.18).
Na introdução, Francisco dirigiu seu pensamento aos que pensam no período pós Pandemia:
Há pessoas que agora começam a pensar no depois: no pós Pandemia. Em todos os problemas que chegarão: problemas de pobreza, de trabalho, de fome… Rezemos por todas as pessoas que hoje ajudam, mas pensam também no amanhã, para ajudar todos nós.
Confira a homilia do Papa, na íntegra.
Na Sexta-feira da Paixão, a Igreja recorda as dores de Maria, Nossa Senhora das Dores. Há séculos se tem esta adoração do povo de Deus. Foram escritos hinos em honra a Nossa Senhora das Dores: estava aos pés da cruz e a contemplam ali, sofredora.
A piedade cristã colheu as dores de Nossa Senhora e fala das “sete dores”. A primeira, apenas 40 dias após o nascimento de Jesus, a profecia de Simeão que fala de uma espada que lhe traspassará o coração. A segunda dor, pensa na fuga para o Egito para salvar a vida do Filho.
A terceira dor, aqueles três dias de angústia quando o menino permaneceu no templo. A quarta dor, quando Nossa Senhora se encontra com Jesus no caminho do Calvário.
A quinta dor de Nossa Senhora é a morte de Jesus, ver o Filho ali, crucificado, nu, que morre. A sexta dor, a descida de Jesus da cruz, morto, e o toma em suas mãos como o tinha tomado em suas mãos mais de 30 anos (atrás) em Belém. A sétima dor é o sepultamento de Jesus.
E assim, a piedade cristã percorre este caminho de Nossa Senhora que acompanha Jesus. Faz-me bem, à noite, quando recito o Angelus, rezar estas sete dores como uma recordação da Mãe da Igreja, como a Mãe da Igreja com tanta dor deu à luz todos nós.
Nossa Senhora jamais pediu algo para si, jamais. Sim, para os outros: pensemos nas Bodas de Caná, quando vai falar com Jesus. Jamais disse:
“Eu sou a mãe, vejam-me: serei a rainha mãe”. Jamais o disse. Não pediu algo de importante para ela no colégio apostólico. Apenas aceitou ser mãe.
Acompanhou Jesus com discípula, porque o Evangelho mostra que ela seguia Jesus: com as amigas, piedosas mulheres, seguia Jesus, ouvia Jesus.
Uma vez, alguém a reconheceu:
“Ah, eis a mãe”, “Tua mãe está aqui”… Seguia Jesus. Até o Calvário. E ali, de pé… as pessoas certamente diziam: “Mas, pobre mulher, como sofrerá”, e os maus certamente diziam: “Mas, também ela é culpada, porque se o tivesse educado bem este não acabaria desse modo”. Estava ali, com o Filho, com a humilhação do Filho.
Honrar Nossa Senhora é dizer:
“Esta é a Mãe”, porque ela é Mãe.
E este é o título que recebeu de Jesus, propriamente ali, no momento da Cruz. Os teus filhos, tu és Mãe. Não a fez primeira-ministra, ou lhe deu títulos de funcionalidade. Somente “mãe”.
Depois, nos Atos dos Apóstolos, mostram-na em oração com os apóstolos como mãe. Nossa Senhora não quis tirar nenhum título de Jesus; recebeu o dom de ser Mãe d’Ele e o dever de nos acompanhar como Mãe, de ser nossa Mãe.
Não pediu para ser uma quase-redentora ou uma corredentora: não. O Redentor é um só e este título não se duplica. Somente discípula e mãe. E assim, como mãe devemos pensá-la, devemos buscá-la, devemos rezar para Ela. É a Mãe. Na Igreja Mãe. Na maternidade de Nossa Senhora, vemos a maternidade da Igreja que recebe todos, bons e maus: todos.
Hoje nos fará bem pararmos um pouco e pensar na dor e nas dores de Nossa Senhora. É a nossa Mãe. E como as carregou, como as carregou bem, com força, com choro: não era um choro finto, era propriamente o coração destruído de dor. Fará bem a nós pararmos um pouco e dizer a Nossa Senhora:
“Obrigado por ter aceito ser Mãe quando o Anjo Lhe anunciou e obrigado por ter aceito ser Mãe quando Lhe disse Jesus.”
Oração
Meu Jesus, eu creio que estais presente no Santíssimo Sacramento do Altar. Amo-vos sobre todas as coisas, e minha alma suspira por Vós. Mas, como não posso receber-Vos agora no Santíssimo Sacramento, vinde, ao menos espiritualmente, a meu coração. Abraço-me convosco como se já estivésseis comigo: uno-me Convosco inteiramente. Ah! não permitais que torne a separar-me de Vós! Assim seja.
Ave, Rainha do céu; ave, dos anjos Senhora; ave, raiz, ave, porta; da luz do mundo és aurora. Exulta, ó Virgem gloriosa, as outras seguem-te após; nós te saudamos: adeus! E pede a Cristo por nós!