Igreja

Papa na COP 28: ‘o futuro de todos depende do presente que escolhermos’

O Santo Padre não pode comparecer a COP 28, mas seu discurso foi lido pelo cardeal Pietro Parolin. Veja este e outros destaques da Semana do Papa.

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FOTO: VATICAN NEWS

O Papa Francisco apresentou um estado gripal esta semana e por isso precisou cancelar sua viagem a Dubai para a Conferência das Partes da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP 28), apesar disso ele foi representado pelo Secretário de Estado,  cardeal Pietro Parolin. 

Devido a enfermidade, o Pontífice também não conseguiu dar a tradicional catequese de quarta-feira, mas fez questão de se fazer presente apesar do discurso ser lido por um de seus secretários. Veja estes e outros destaques da Semana do Papa.

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Por recomendações médicas, Papa cancela viagem a Dubai

Francisco, desde o sábado (25), apresentou um quadro gripal e uma inflamação do sistema respiratório. Apesar de apresentar uma melhora, os médicos indicaram que o Papa não viajasse a Dubai. “O quadro clínico geral melhorou, mas os médicos pediram ao Papa que não fizesse a viagem planejada para os próximos dias por ocasião da Cop28”, divulgou em nota a Sala de Imprensa do Vaticano. Francisco concordou “com grande pesar”. 

O Papa Francisco seria o primeiro Pontífice a se dirigir à plateia de Chefes de Estado e de Governo reunidos para a Cop28, a Conferência das Partes da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas, programada de 30 de novembro a 12 de dezembro, em Dubai. O evento histórico ocorreria na manhã do sábado, 2 de dezembro, quando o Papa seria recebido pelo secretário geral da ONU, Antonio Guterres, na entrada da Expo City, o novo distrito verde da cidade do emirado que sedia a Cop28.

A mensagem de Francisco para a COP28

Apesar de não poder comparecer a Conferência, o Pontífice não deixou de enviar a sua mensagem por meio do Secretário de Estado da Santa Sé, o cardeal Pietro Parolin, que leu o discurso dele no sábado, 2 de dezembro. 

O discurso questionador e propositivo do Papa foi lido para representantes de cerca de 120 nações. No texto, ele inicia expressando seu descontentamento por não poder se fazer presente ao encontro como desejava, mas que “está com eles” devido a “urgência da hora“, visto que “o futuro de todos depende do presente que escolhermos“.

O presente em questão de que fala Francisco na COP28 diz respeito as alterações climáticas que o planeta sofre em decorrência da atividade humana:

“A ambição de produzir e possuir transformou-se em obsessão e resultou numa ganância sem limites, que fez do ambiente o objeto duma exploração desenfreada. O clima enlouquecido soa como um alerta para acabarmos com tal delírio de omnipotência. Com humildade e coragem, voltemos a reconhecer a nossa limitação como única estrada para uma vida plena.”

Segundo ele, o que obstáculo que impede esse percurso são as divisões entre os governantes. “Assistimos a posições rígidas, senão mesmo inflexíveis, que tendem a tutelar os lucros pessoais e das próprias empresas, justificando-se por vezes com aquilo que outros fizeram no passado, verificando-se balsos periódicos das responsabilidades. Entretanto o dever a que hoje estamos chamados tem a ver, não com o ontem, mas com o amanhã; um amanhã que, queiramos ou não, será de todos ou não existirá.

O Santo Padre questionou-os se estavam a trabalhar por uma cultura de vida ou de morte e pediu que escolhessem a vida e o futuro da humanidade. Para ele, é tarefa da geração atual dar ouvidos aos jovens e aos pobres e para isso colocou a Igreja a disposição.

Escutemos os gemidos da terra, demos ouvidos ao grito dos pobres, prestemos atenção às esperanças dos jovens e aos sonhos das crianças!”

Cardeal Pietro Parolin representa a Santa Sé na COP28. Foto: Vatican News

Francisco criticou o empenho das nações em “desperdiçar” as energias da humanidade nas guerras, ao invés de resolver os problemas:

Isto vale tanto para o cuidado da criação como para a paz: são as questões mais urgentes e estão interligadas. Quantas energias está desperdiçando a humanidade nas várias guerras em curso, como sucede em Israel e na Palestina, na Ucrânia e em muitas regiões da terra: conflitos que, em vez de resolver os problemas, aumentá-los-ão! Quantos recursos desperdiçados nos armamentos, que destroem vidas e arruínam a Casa Comum!”

Para sanar com o problema da fome, ele apresentou uma proposta: “Com o dinheiro usado em armas e noutras despesas militares, constituamos um Fundo Mundial, para acabar de vez com a fome» (Francisco, Carta enc. Fratelli tutti, 262; cf. São Paulo VI, Carta Enc. Populorum progressio, 51) e realizar atividades que promovam o desenvolvimento sustentável dos países mais pobres, combatendo as mudanças climáticas.

Confira discurso do Papa Francisco para a COP28 na íntegra aqui.

Audiência Geral sobre o zelo apostólico

Ainda se recuperando de uma infecção pulmonar, o Papa Francisco fez questão de estar presente na Audiência Geral da última quarta, 29 de novembro. “Ainda não estou bem com esta gripe e a voz não está boa”, disse ao saudar os fiéis, passando em seguida a palavra a monsenhor Filippo Ciampanelli, colaborador da Secretaria de Estado, que leu o discurso preparado para o ciclo de catequeses sobre o zelo apostólico.

“Na Evangelii gaudium apelei a uma evangelização que ilumine os novos modos de se relacionar com Deus, com os outros e com o ambiente, e que suscite os valores fundamentais”, dizia o texto lido. “O zelo apostólico nunca é uma simples repetição de um estilo adquirido, mas um testemunho de que o Evangelho está vivo aqui para nós hoje.”

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Francisco também pediu que todos vejam a atualidade como uma dádiva, já que pertencemos a este tempo.

Olhemos, portanto, para a nossa época e para a nossa cultura como uma dádiva. Elas são nossas e evangelizá-las não significa julgá-las de longe, nem ficar numa varanda gritando o nome de Jesus, mas sair às ruas, ir aos lugares onde moramos, frequentar os espaços onde sofremos, trabalhamos, estudamos e refletimos, habitar as encruzilhadas onde os seres humanos partilham o que faz sentido para as suas vidas. Significa ser, como Igreja, «um fermento de diálogo, de encontro, de unidade. Afinal, as nossas próprias formulações de fé são o resultado de um diálogo e de um encontro entre diferentes culturas, comunidades e instâncias. Não devemos ter medo do diálogo: na verdade, são precisamente a comparação e a crítica que nos ajudam a evitar que a teologia se transforme em ideologia»

‘Que nada se perca da JMJ’

O Papa Francisco recebeu cerca de 800 pessoas que trabalharam na Jornada Mundial da Juventude (JMJ) de Lisboa realizada no início de agosto deste ano. Na Sala Paulo VI, para ouvir o Pontífice, estavam representantes do Comitê e da Fundação JMJ Lisboa 2023, a começar pelo seu presidente, dom Américo Aguiar, “o cardeal Américo que gosta de ser chamado de Padre Américo”, comentou o Papa, ao agradecê-lo “por tudo o que fez: é um cardeal especial, um cardeal um pouco enfant terrible, mas muito bom”, brincou ao citar o termo em francês para uma pessoa vivaz e cheia de iniciativas.

Ao saudar o grande grupo, o Pontífice logo disse que falaria “em espanhol porque é mais seguro, mais próximo ao português”.

Guardo do encontro de Lisboa uma emoção muito grande, e também uma lembrança: pessoas simples, que fizeram tudo o que podiam. Ainda guardo o terço da senhora de 96 anos. Ela ainda está viva? (Sim, eles lhe respondem). Lembro também daquela garota de 19 anos com uma doença grave, que ofereceu a vida para a Jornada, pensando que morreria. Mas ainda estava viva. Está viva? (Sim, eles respondem). 19 anos. Lembro dos filhos daquela voluntária da Jornada que morreu no trabalho, como tinham ido com alegria e saíram com a tristeza de ter perdido a mãe. E lembro de tantas pessoas simples, tantas. E lembro também dos pastéis, que são muito bons. Tantas pessoas simples, que ofereceram o seu trabalho, a sua esperança.”

Que “nada se perca” do que foi feito em Lisboa, exortou ainda o Papa. “Meus amigos, não deixem que nada se perca daquela JMJ que nasceu, cresceu, floriu e frutificou nas mãos de vocês, extasiadas com a abundante multiplicação de pedaços de Céu feitos gente, que brotavam de todo o lado e até mesmo de onde não se esperava.”

 
 
 
 
 
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Lamento pela morte da bebê britânica Indi Gregory

Em telegrama enviado ao bispo de Nottingham, Dom Patrick McKinney, o Papa expressou sua tristeza pela morte da pequena Indi Gregory, ao mesmo tempo em que enviou suas condolências e “proximidade espiritual aos pais Dean e Claire, e a todos que choram a perda desta preciosa filha de Deus

A história de Indi comoveu o mundo. Ela sofria de uma forma rara de patologia mitocondrial. O Tribunal Superior de Londres negou a possibilidade de uma transferência para a Itália, depois de ela ter recebido a cidadania para receber tratamento, em particular no Hospital Pediátrico Bambino Gesù, da Santa Sé.

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Após a recusa dos juízes ingleses em aceitar o recurso apresentado pela mãe e pelo pai, os aparelhos que a mantinham viva foram desligados no Queen’s Medical Centre em Nottingham e a criança não resistiu.

Intenções para o mês de dezembro

A Rede Mundial de Orações pelo Papa divulgou o vídeo com as intenções de Francisco para este mês. No vídeo, o Pontífice pede que “rezemos para que as pessoas portadoras de deficiência estejam no centro de atenção da sociedade, e as instituições promovam programas de inclusão que valorizem a sua participação ativa”. A exortação do Papa também é direcionada para dentro da vida eclesial, pois não basta “criar uma paróquia plenamente acessível” eliminando as barreiras físicas.


Comentários

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  1. Quais palavras fortes já disse Bergóllio contra o Aborto que o judiciário tenta tornar “legal” no Brasil, inclusive usurpando função do Legislativo ?
    Se disse, não as ouvimos, não as lemos, não as conhecemos.
    Chega mesmo a parecer que o “clima” é mais importante que o homem para Bergóllio.
    Para Deus Criador, por certo o Homem está antes e acima da natureza.