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Pobreza, castidade e obediência: a importância dos conselhos evangélicos para a vida cristã

Missão de Juazeiro do Norte aborda conselhos evangélicos no Encontro Geral da Obra.

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Foi realizado nesse domingo, 30, O Encontro Geral da Obra da missão de Juazeiro do Norte. O evento aconteceu na sede da subseção da OAB na cidade e iniciou às 8 da manhã, continuando com uma programação que se estendeu até à noite.

Esse ano o EGO abordou os conselhos evangélicos (pobreza, obediência e castidade), visando promover o seu melhor entendimento e vivência por parte dos membros da obra.

Os conselhos evangélicos também fazem parte das promessas feitas pelas pessoas que decidem por viver uma vida consagrada. Porém, eles não são restritos apenas aos consagrados – são virtudes cuja vivência é recomendada a todos os cristãos.

Eles tendem a vencer a tríplice concupiscência, (a concupiscência da carne, a concupiscência dos olhos e a soberba da vida) que encontram-se latentes no íntimo do homem, como herança do pecado original, em consequência do qual a relação do homem com a criação veio a encontrar-se deformada.

Com efeito, a castidade evangélica ajuda-nos a transformar na nossa vida interior tudo o que tem a sua fonte na concupiscência da carne; a pobreza evangélica, o que tem a sua origem na concupiscência dos olhos; e, por fim, a obediência evangélica permite-nos transformar, de modo radical, aquilo que no coração humano procede da soberba da vida.

 

POBREZA – CONFIAR EM DEUS

 

A pregação se iniciou com uma menção ao Catecismo da Igreja Católica:

2544. Jesus impõe aos seus discípulos que O prefiram a tudo e a todos e propõe-lhes que renunciem a todos os seus bens (281) por causa d’Ele e do Evangelho (282). Pouco antes da sua paixão, deu-lhes o exemplo da pobre viúva de Jerusalém que, da sua penúria, deu tudo o que tinha para viver (283). O preceito do desapego das riquezas é obrigatório para entrar no Reino dos céus.

2545. Todos os fiéis de Cristo devem «ordenar retamente os próprios afetos, para não serem impedidos de avançar na perfeição da caridade pelo uso das coisas terrenas e pelo apego às riquezas, em oposição ao espírito de pobreza evangélica» (284).

2546.«Bem-aventurados os pobres em espírito» (Mt 5, 3). As bem-aventuranças revelam uma ordem de felicidade e de graça, de beleza e de paz. Jesus celebra a alegria dos pobres, aos quais o Reino pertence desde já (285):

«O Verbo chama “pobreza em espírito” à humildade voluntária do espírito humano e à sua renúncia; e o Apóstolo dá-nos como exemplo a pobreza de Deus, quando diz: «Ele fez-Se pobre por nós (2 Cor 8, 9)» (286).

2547. O Senhor lamenta-Se dos ricos, porque eles encontram a sua consolação na abundância de bens (287). «O orgulhoso procura o poder terreno, ao passo que o pobre em espírito procura o Reino dos céus» (288). O abandono à providência do Pai do céu liberta da preocupação pelo amanhã. A confiança em Deus dispõe para a bem-aventurança dos pobres (289). Eles verão a Deus.”

Missionária da Comunidade de Aliança, Ingrid Monteiro, pregou sobre a pobreza evangélica.

Jesus foi pobre não só por nascer de um carpinteiro ou por trabalhar como um; ele foi pobre principalmente por se abaixar da sua condição de  DEUS para se tornar HOMEM. Para fazer isso, Jesus se esvaziou de sua vontade e se abandonou à vontade do Pai. Foi esse mesmo esvaziamento que Jesus realizou mais tarde, quando aceitou morrer na cruz.

Assim se percebe que Pobreza não é só sobre o que eu tenho, mas é sobre o que eu sou. 

Para viver a pobreza é preciso antes SER. Na sua raiz, a pobreza é um esvaziamento de si, é uma entrega confiante de si nas mãos de Deus; é esvaziamento que deixa Deus ser Deus nas nossas vidas. O primeiro movimento da pobreza é o diminuir-se, abaixar-se do nosso orgulho e estar disponível à vontade de Deus.

Durante a preparação para a pregação, Deus inspirou três palavras: humildade; confiança; e desapego. E o entendimento é que eram essas três coisas que Deus nos pede como meios essenciais para viver a pobreza evangélica.

Diz o Moysés no Escrito Pobreza:

“O novo que Deus realmente quer realizar em nós é um novo baseado na pobreza. Quando somos pobres somos realmente felizes, estamos centralizados na vontade do Senhor. Este ‘ser pobre’ não é um simples título, ou um voto não cumprido. Ele tem que ser real, palpável, vivenciado.

Ser pobre é em primeiro lugar estar nas mãos de Deus, ser seus operários e, como fruto de nosso trabalho, esperar o pão de cada dia.”

Deus nos chama a viver nas mãos da Providência; porém, ele não apenas dá: ele quer a nossa colaboração com a sua graça.

Ser pobre é , por fim, deixar-se ser amado para depois poder amar. É ter humildade para pedir um conselho, um favor; como consequência, é também se oferecer para servir, ver a necessidade do outro; é reparar no irmão que sofre, é cuidar do irmão, amar.

Nesse caminho, temos um ótimo amigo a quem pedir auxílio: São José. Ele é exemplo por excelência de alguém que viveu o abandono em Deus, o colocar-se a serviço do outro e o desapego dos seus planos pessoais. E é preciso repararmos que, em tudo, ele sempre colaborou com a graça de Deus. 

Outro amigo que também não podemos esquecer é um dos baluartes da vocação Shalom: São Francisco. Ele foi um dos exemplos mais radicais de pobreza, de abandono confiante nas mão de Deus, a ponto de largar realmente tudo.

Inspirados neles, podemos viver a pobreza através da oração, da Comunhão de Bens, do serviço na Obra, e do cuidado com os irmãos.

 

 CASTIDADE – UMA FORMA DE AMAR A DEUS 

 

A pregação iniciou citando uma pregação de Moysés Azevedo, fundador da Comunidade Católica Shalom, dizendo que “a pureza de Santa Terezinha possibilitou a vida espiritual dela”. Para a santa, perder a castidade seria perder o amor do seu coração, que era Cristo – e Terezinha não suportava a ideia de viver longe de Jesus. 

Consagrada da Comunidade de Aliança, Marília Rebouças, pregou sobre castidade no EGO.

É preciso ressaltar que a castidade não é uma regra arbitrária, um capricho de um Deus mal, mas na verdade é a cura de que precisamos, é a ordenação das potências que temos em nosso interior para, dessa forma, poder chegar à Deus. 

Foi ainda feita a distinção entre a castidade “shalom” e a castidade “não-shalom”.

A forma não-shalom de castidade é o simples abster de determinados atos, motivados apenas por um puritanismo falso. De outro lado, a verdadeira castidade “shalom” nasce de um amor à Deus, amor este que faz com que não queiramos nos afastar dele. 

A finalidade das nossas abstenções é o amor de Cristo porque a falta de castidade nos rouba a autonomia, a liberdade e a oração.

Nosso corpo não é separado da nossa alma, por isso não se pode realizar certos atos impuros sem que isso afete a alma. 

O combate aos pecados contra a castidade começa com a tomada de consciência: nós somos uma resposta para o mundo, e eu quero assumir a missão que tem Deus para mim. 

Nós nascemos para o amor de Cristo. Por melhor que o mundo seja, nada nele é capaz de me fazer feliz porque meu coração é para Cristo, que é o amor de minha alma, de nossas almas, e isso não de uma forma poética ou metafórica, mas encarnada. Precisamos pôr Deus no centro da nossa vida.

 

OBEDIÊNCIA – UMA POSTURA DE HUMILDADE

 

Por conta do pecado original e da concupiscência que desde então é subjacente à própria natureza humana, carregamos, de geração em geração, a herança da “soberba da vida”, e junto com ela todas as tendências egoístas para dominar e para não servir. 

Missionário da Comunidade de Aliança, o consagrado Thiago Gonçalves pregou sobre obediência no EGO.

No entanto, quando decidimos viver a obediência, iniciamos um caminho de nos transformar à semelhança de Cristo, que redimiu e santificou os homens pela sua obediência. Ao viver o conselho da obediência podemos encontrar o nosso próprio papel na obra da Redenção de Cristo e também o nosso próprio caminho de santificação.

Foi este o caminho que Cristo traçou no Evangelho, ao falar muitas vezes do cumprimento da vontade de Deus e da busca incessante da mesma. “O meu alimento é fazer a vontade daquele que me enviou a realizar a sua obra”. “Porque eu não busco a minha vontade, mas a vontade daquele que me enviou”. “Aquele que me enviou está comigo; e não me deixou só, porque eu faço sempre o que é do seu agrado”. “Porque desci do céu, não para fazer a minha vontade, mas a vontade daquele que me enviou”. 

Este cumprimento constante da vontade do Pai faz-nos pensar também naquela confissão messiânica do Salmista da Antiga Aliança: “Num livro está escrito de mim: cumprir a vossa vontade; meu Deus, isto eu quero e a vossa lei tenho-a fixa no íntimo do meu coração”. 

Daqui deriva aquela «disponibilidade total ao Espírito Santo», que age primeiro que tudo na Igreja, como se exprime o Papa Paulo VI na Exortação Apostólica Evangelica Testificatio. Daqui dimana também aquela religiosa submissão que, com espírito de fé, as pessoas consagradas devem demonstrar para com os próprios Superiores legítimos, que ocupam o lugar de Deus. (82) Na Carta aos Hebreus encontramos, acerca deste ponto, uma indicação muito significativa: “Sede obedientes e submissos aos vossos superiores, pois eles velam pelas vossas almas, pelas quais terão de dar contas”. E o Autor da Carta acrescenta: Obedecei, para que eles façam “isto com alegria e não gemendo, coisa que não redundaria em vossa utilidade”. 

Os Superiores, por seu turno, devem se recordar de que têm o dever de exercer, com espírito de serviço, o múnus que lhes foi conferido e, mediante o ministério da Igreja, mostrem-se sempre disponíveis para ouvir os próprios irmãos, a fim de poderem discernir melhor aquilo que o Senhor pede a cada um, salvaguardada sempre a autoridade que lhes compete para decidir e mandar o que julgarem oportuno.

Ao lado da submissão-obediência, anda a atitude de serviço, que deve estar presente toda a vida do cristão, mas especialmente daqueles que trilham um caminho de consagração de vida. Seguindo o exemplo do Filho do homem, o qual “não veio para ser servido, mas para servir e dar a sua vida em resgate por muitos”. E a sua Mãe, no momento decisivo da Anunciação onde disse: “Eis a serva do Senhor! Faça-se em mim segundo a tua palavra”. 

É preciso ressaltar ainda, que a obediência constitui uma particular expressão de liberdade interior, assim como a expressão definitiva da liberdade de Cristo foi a sua obediência “até à morte”: “eu dou a minha vida, para retomá-la depois. Ninguém ma pode tirar, mas sou eu que a dou por mim mesmo”. 

 

KOINONIA

 

Por último, encerrando as programações, já no período da noite, foi realizada a koinonia com os jovens da Obra da missão de Juazeiro do Norte, uma espécie de “esquenta”, uma preparação para o Acamps.

A koinonia consistiu em uma competição por equipes, onde ao final de três rodas com desafios diferentes, os jurados escolheriam a equipe vencedora. 

As equipes receberam nomes relacionados à santos queridos pelos jovens e que também guardam relação com a vocação Shalom: equipe Lolek (apelido de infância de São João Paulo Segundo); equipe Lisieux (cidade de Santa Terezinha do Menino Jesus); equipe Miguel (referência à São Miguel); e equipe Assis (em referência à São Francisco de Assis). 

A primeira prova visava testar a criatividade dos jovens.

Cada equipe recebeu um cartaz em branco no qual os jovens eram chamados a expressar, através de escrita ou desenho, o que tinha ficado mais forte na sua experiência pessoal com Deus e como eles poderiam expressar essa experiência de forma a evangelizar as outras pessoas As equipes tinham apenas 5 minutos para encerrar essa primeira parte. Após esse tempo, cada equipe também teria que escolher um dos seus integrantes para explicar aos jurados, em apenas 5 minutos, o que tinham posto no cartaz.

Koinonia que encerrou a programação do Encontro Geral da Obra.

A segunda prova visava testar os conhecimentos dos jovens sobre a comunidade, seu carisma e também se tinham entendido o conteúdo das pregações que ocorreram durante o encontro. A cada pergunta errada uma das bexigas eram estouradas: ganhava a equipe que terminasse com mais bolas.

A terceira prova era composta de 2 partes. 

Na primeira parte as equipes deviam fazer filas e tinham que passar a bola para a pessoa que estava atrás sem estourar a bola. A cada bola estourada a equipe perdia 1 ponto. 

Já na segunda parte as equipes deveriam fazer coisa semelhante só que dessa vez eles deveriam estar sentados e passar, de integrante em integrante, a bola com os pés.

Ao final de tudo a equipe vencedora foi a equipe Miguel.

 

Maria do Socorro Sobreira, discípula da Comunidade de Aliança


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