Uma coisa é certa: quando olhamos para a sociedade atual, percebemos que as coisas não estão boas, que caminhamos para uma direção incerta e que a humanidade padece de muitas doenças, não apenas biológicas.
Então, o que fazer? O problema certamente é macro, global, mas, talvez, a solução comece na transformação e restauração da pessoa humana, de cada pessoa e isso não pode ter seu ponta pé inicial sem uma profunda e séria reflexão sobre quem, de fato, é o homem. Respostas banais e óbvias não podem nos satisfazer para que a transformação realmente aconteça.
Você já parou para refletir sobre quais são os elementos essenciais que constituem o ser humano?
Ora, o desenvolvimento humano transcende (e muito) o estudo da técnica, da ciência. Embora esta não possa ser mitigada, para chegar à restauração plena do Homem, precisamos observar quantas referências equivocadas foram usadas ao longo do tempo, as quais trouxeram graves prejuízos para a compreensão clara do que realmente é o ser humano.
Um bom exemplo de visão antropológica inadequada é a que enxerga no homem apenas o seu trabalho e o que se pode produzir. É o caso da antropologia marxista. Outra visão claramente equivocada, diz respeito à visão do homem como alguém que tem como ponto de referência o prazer (narcisismo). É o que decorre de teses freudianas. Muitas outras visões buscam, sem sucesso, responder ao questionamento primordial sobre a definição mais elementar da existência humana: o que de fato dá sentido ao ser humano? Qual a antropologia capaz de apontar a via segura de restauração do ser?
Partindo destes questionamentos, e tendo com esteio a fenomenologia, compreendemos que o fracasso das teorias antropológicas mencionadas (e tantas outras) surge do grave erro ao se construir a imagem de um homem perfeito e ignorar importante premissa: o homem é um ser criado, formado de corpo e alma. Assim, como resultado da integração destes elementos temos o homem como um ser livre e responsável.
O processo de restauração do Homem passa, então, pela sua força moral. E nesse cenário, ganha especial relevo a questão da VIRTUDE. Esta ordena as potências humanas levando-o à plenitude do ser. A VIRTUDE DEVOLVE AO HOMEM A IMAGEM PERDIDA DE SI MESMO, pois o leva a buscar a verdade com sua inteligência, a amar o bem com sua vontade reorientando sua afetividade e, sobretudo, leva-o a viver conforme os desígnios do Criador.
A vida virtuosa como elemento integrativo não prescinde da intervenção do Espírito Santo. É o que defendem os Padres da Igreja, como é o caso de Santo Irineu de Lyon.
Um segundo aspecto pedagógico para a restauração do homem diz respeito ao sair de si mesmo para amar o próximo. Este elemento é crucial para perceber o que leva o homem a sair do seu estado puramente natural e atingir o estado sobrenatural.
São Basílio de Cesareia afirma que o ser humano, em Cristo, possui três prerrogativas fundamentais: a) assumir que existe um criador, e que é chamado a refletir a sua imagem; b) a assumir a faculdade de conhecer a Deus e c) possuir o domínio sobre todas as coisas.
Estas prerrogativas, sendo bem compreendidas, inevitavelmente levarão à restauração do ser humano desprendendo-o da realidade imanente, culminando com a restauração completa da própria imagem do ser humano.
Nesta via, alguns instrumentos são muito úteis. É o caso de um bom direcionamento espiritual, além do contato diário com a Palavra de Deus e com a verdade mais profunda do ser expressas na revelação trazida por Cristo.
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