Dom Benedicto de Ulhôa Vieira
Estamosno início da primavera. Nosso inverno não tem o rigor do hemisférionorte, em que as árvores perdem o verde e a neve branqueia a paisagem.Por isto, a chegada da primavera não desperta em nós a sensação de algonovo, como para os europeus e para os outros povos que sofrem o rigorda neve e a perda da beleza do verde.
Amigoalemão, com quem convivi longos anos, queixava-se por não sentir noBrasil, ao final do nosso inverno, a sensação da beleza de verreverdecerem-se as árvores e brotarem, nos canteiros e nos jardins,rosas e outras flores, como lá, ao despertar da primavera.
Mastambém nós temos algo de belo neste surgir da nova estação. Não épossível passar despercebido a nossos olhos o cenário novo dos ipêsfloridos, que enfeitam a orla das estradas. Suas flores cor de ouro,sopradas pelos ventos, forram o chão, atapetando o negrume da terra comfofa beleza de suas pétalas. De fato, é também para nós um cenário novoe colorido, mesmo sem ter sofrido o rigor do inverno.
Jáo Cântico dos Cânticos, na poesia epitalâmica do jovem enamorado,enaltece o surgir da primavera: “O inverno já passou. as flores jábrotaram. Ouve-se o trinado dos pássaros e sente-se o perfume dasflores.” Assim cantava ele à sua amada, passado o rigor do inverno.
Nãoparece extemporâneo pretender que este surgir de um novo tempo – aprimavera – seja amável convite da natureza para renovarmos a própriavida, aprimorando nossa convivência com os outros e nossosrelacionamentos.
Como passar do tempo, perdemos o viço, a beleza e as energias. Urge tornarmais bela a nossa vida, mais rica de flores e de frutos, imitando assima renovação vigorosa da primavera.
Deus,na sua paternal bondade, colocou nas nossas mãos e diante de nossosolhos a sua palavra, que nos ilumina e fortifica: é a EscrituraSagrada, que chamamos Bíblia. Estamos no Mês da Bíblia, convidados não só a ler, mas a aprofundar o sentido da mensagem divina.
Nosso coração pode iluminar-se com as luzes da palavra de Deus e assim reflorescer de belezas sobrenaturais.
A alma humana também tem primavera…