“Escutem todos e compreendam: o que vem de fora e entra numa pessoa não a torna impura; as coisas que saem de dentro da pessoa é que a tornam impura. Pois é de dentro da pessoa que saem as más intenções”. (Mc. 7, 14-15.21)
Nós somos, diariamente, bombardeados por comentários ou até julgamentos que nos fazem perder a paz. Eles aparecem de diversas formas. Por uma colocação indevida, por uma palavra ou frase grosseira ou por um simples olhar. As consequências dessas realidades são inúmeras, principalmente para quem parece depender do olhar dos outros. Nasce uma revolta, um novo senso de justiça, um desejo de “pagar na mesma moeda”, de se dirigir até o outro e “soltar o verbo”.
Há outros que param, pensam um pouco mais e a decisão que tomam é a indiferença – essas parecem ficar ainda mais tensas e dependentes da opinião alheia. Outros mais corajosos e aparentemente resolvidos tentam ir até o fim fazendo com que o outro que o julgou sinta-se profundamente arrependido. Há ainda aqueles que são movidos pelo prazer de saber que estão tocando em seu nome e até dizem: “Falem de mim. Bem ou mal, mas falem de mim”.
Não podemos ficar imóveis, diante dessas questões. Toda essa realidade se trata de uma necessidade de conversão. Mas o que fazer para mudar tudo? O que fazer para mudar o outro? O que fazer para descobrir de onde parte tanta maldade? Qual a sede das más intenções como a imoralidade, os roubos, os crimes, os adultérios, as ambições sem limites, as maldades, a malícia, a devassidão, a inveja, a calúnia, o orgulho e a falta de juízo (cf. Mc. 7,21-22)?
Jesus, ao pregar para uma multidão de pessoas, afirma que a sede da maldade ou da impureza é o coração do homem. O que vem de fora não torna o homem pecador, mas, sim, o que sai de dentro do seu coração. Com esse discurso, Jesus fala sobre a consciência humana.
É muito fácil concordar ou acreditar no julgamento das pessoas. É mais fácil colocar a culpa no outro que pode até estar falando a verdade e deseja nos corrigir, mas o fato é que o mal revelado sai de dentro de nós. Precisamos, dessa forma, suplicar a Deus “um coração mais consciente”. Isso é um dom. “Pensar caridosamente com coração” é uma graça.
Que a Sagrada Liturgia desse dia nos ensine que nosso coração deve ser a sede de virtudes e de bons desejos. Busquemos a graça de Deus e supliquemos a intercessão de Maria para mudar o nosso coração cheio de maldade em um repleto de bons sentimentos.
Raphael Moura
seminarista* da Comunidade Católica Shalom
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