Vivi uma experiência missionária em Chaves, na Ilha de Marajó (PA). Aproveito este espaço para partilhar o que significou para minha vida.
Valeu a pena partir em missão para onde Deus me enviou, ofertar a vida entre risos e lágrimas, ser provada a cada dia nas situações que Ele ofereceu, ser tocada pelos irmãos que Deus escolheu, uns para o convívio diário e outros para levá-los a conhecê-Lo. Nesse toque aconteceu, através dos primeiros, um profundo autoconhecimento, em que descobri o que Deus queria e quer realizar em minha vida espiritual, vocacional, humana e afetiva.
Deus também realizou através da partilha dos dons que me fez crescer na acolhida do outro com suas diferenças, que a princípio foram desafiantes. Porém, com o passar do tempo, descobri que elas eram o termômetro para medir meu grau de crescimento humano. E através dos que Ele me confiou, aconteceu uma obra de despojamento que me levou a sair de mim mesma, esquecendo minhas dores, meu cansaço, para ir ao encontro daqueles que estavam sofrendo a carência do amor de Deus, da família e do pão. A eles, com amor, dediquei-me chorando com seus sofrimentos: fome, falta de moradias ou ter moradia indigna, falta de assistência médica e indiferença das autoridades. Dediquei-me também alegrando-me com suas alegrias, embora demonstrassem ter tão poucas. Vi Cristo sofrendo na indiferença de muitos, embora fossem evangelizados, vi também Sua misericórdia que não desistia, e não desiste, de tentar conquistá-los, sempre lhes oferecendo uma nova chance.
Foi essa experiência com sua misericórdia, que me fez lutar para corresponder com mais fidelidade ao amor infinito de Deus. Contudo, senti uma profunda dor, principalmente quando retornei à minha terra natal, ao terminar meu tempo de missão: ao fazer uma retrospectiva do antes e do depois da missão, descobri quanto tempo parei em mim mesma e que poderia ter sido melhor e ter feito muito mais. Porém, Deus me fez perceber, com alegria que, apesar disso, suas graças não deixaram de ser derramadas e que elas darão frutos a seu tempo. Por isso, rezo como salmista (Sl.125-126):
Quando Deus nos trouxe de volta para Jerusalém… Então as outras nações disseram: “O Senhor fez grandes coisas por nós , e por isso estamos alegres…Que aqueles que semeiam chorando façam a colheita com alegria! Aqueles que saíram chorando, levando a semente pra semear, voltarão cantando, cheios de alegria, trazendo nos braços os feixes da colheita”… Louvado seja Nosso Senhor Jesus Cristo. Para sempre seja louvado!
Maria da Conceição Linhares Prado
Edição: Emanuele Sales
