Dom Luiz Demétrio Valentini
ACampanha da Fraternidade deste ano toca numa questão nevrálgica dasociedade, mostrando sua gravidade e a urgência de ser enfrentada comeficácia. A violência coloca em xeque a civilização atual. Arecuperação da segurança pública é vista como indispensável para asociedade se livrar do sentimento de frustração e de fracasso de suasinstituições.
Ocrescimento da violência, na verdade, faz aumentar o clima deperplexidade, aumentando a desconfiança, e levando as pessoas adescrerem da possibilidade de uma sociedade baseada na justiça, nasolidariedade e na paz.
Estesentimento pessimista em relação à possibilidade de convivência humanaque seja marcada e conduzida por valores éticos, já foi expresso peloditado latino que mais enfatiza o pessimismo a respeito da humanidade:“homo homini lúpus”, “o homem é lobo do próprio homem.” Isto é, o homemtem dentro de si mesmo a tendência irrefreável à maldade para com seusemelhante.
Seassim for, está decretada a guerra permanente no seio da própriasociedade, com suas manifestações diversas de violência, que setornariam a comprovação da maldade intrínseca da pessoa humana.
Estavisão da realidade é feita, sim, em decorrer de fatos reiterados. Masestá desprovida do horizonte maior de esperança nos destinos dahumanidade. Esta esperança é comprovada pela lenta caminhadacivilizatória, que chegou à consolidação de sociedades baseadas norespeito a toda pessoa humana e construídas sobre os pilares dosdireitos humanos.
Estavisão fica reforçada pelas motivações religiosas, que enfatizam a açãode Deus em favor da humanidade, chamada a viver em comunhão fraterna,de paz e de justiça, com motivações positivas capazes de superar aviolência pela misericórdia e pelo amor ao próximo.
Asuperação da violência, e a recuperação da segurança pública, setornam, assim, o desafio central para consolidarmos a esperança numasociedade em que possamos viver em clima de paz, que nos permita ocultivo de valores humanos que dão sentido ao nosso viver.
Assim, a segurança pública se torna parâmetro da esperança nos destinos da humanidade.
Outroparâmetro muito sensível em nosso tempo nos é oferecido pelaconsciência ecológica, que nos desperta para a urgente tarefa deequilibrarmos nossa relação com a natureza, com quem partilhamos detantas maneiras as condições de nossa existência humana.
Orespeito pela natureza, e o respeito pela dignidade de toda pessoahumana, se constituem nas duas balizas éticas que possuem os apelosmais sensíveis para o ser humano de hoje.
Oempenho em verificar o quanto somos capazes de recuperar a segurançapública no ambiente em que vivemos, como nos propõe a Campanha daFraternidade deste ano, se transforma em caminho para fortalecer acrença nas possibilidades do ser humano harmonizar sua vida em sintoniacom a natureza e realizar sua vocação de comunhão fraterna, em sintoniacom seu destino transcendental.