Não vou desistir!

Por Angela Miyashiro

Tenho muito a celebrar nestes 20 anos da Páscoa do Ronaldo! Ele é totalmente parte da minha história e do meu chamado à consagração de vida na Comunidade Católica Shalom.

Em 1995 eu tinha acabado de ter uma forte experiência com Deus e eu fui convidada para ir ao Congresso Nacional dos Jovens da RCC em Belo Horizonte.

Em uma das pregações, o então coordenador nacional da Secretaria Marcos (setor responsável pela juventude na RCC), falou sobre um representante regional que havia morrido naquele ano. "Este jovem, meus irmãos, tinha prometido a Deus dar a sua vida e juventude em favor dos jovens". O ginásio, que estava lotado, estremeceu. E eu, de forma particular, ao ouvir aquilo, sofri um impacto no coração, como um duro golpe, saí do ar... Como seu eu tivesse chegado tarde demais... Fiquei transtornada de ter ouvido falar que alguém amasse tanto os jovens que quisesse dar sua vida por eles. E que tinha dado tudo mesmo, tendo morrido num acidente de carro quando ia em missão.

A partir daquele momento, o Ronaldo Pereira passou a ser uma figura muito cara para mim. Eu perguntava a Deus o porquê dele ter morrido sem eu ter podido conhecê-lo, pois eu procurava um sentido para a minha vida, e queria muito dar a minha vida também. Queria partilhar o que sentia com um jovem como ele, radical, apaixonado por Deus, disposto a dar tudo em favor do Reino, que respirava somente a vontade de Deus...

Nos próximos anos procurei mais informações sobre a vida dele. Quem era, como viveu? Estudava? Namorava? Saía? Era "normal"? Consegui a revista Shalom Maná especial sobre ele e li várias vezes cada artigo e cada detalhe. Comecei a entender que havia uma ligação profunda entre o chamado dele e a minha descoberta de Deus, e de alguma forma, ao entrar na eternidade, ao dar até a última gota de sangue, a morte do Ronaldo me trouxe a vida. De alguma forma que só Deus saberia explicar, uma grande dor, uma perda considerável mas dentro de um plano divino, alcançou um coração pequenino e desesperado pelo amor de Deus. Sua vida tornou possível a minha vida. Sua fé fortaleceu a minha fé. Seu ardor me incendiou por dentro e me fez querer aderir ao plano divino para mim.

Então a cada dia 17 (o dia de sua morte foi 17 de fevereiro) passou a ser um dia de particular menção à sua vida, em que eu pedia sua intercessão sobre meu chamado de forma especial. Sei que ele intercedeu por mim, pois muitas vezes naquele tempo, em momentos muito difíceis, de quase perder a esperança, experimentei de uma graça de ir em frente ao me lembrar da vida dele. Eu pensava - houve um jovem que disse sim e abraçou todas as consequências- então é possível seguir o mesmo caminho. Não vou desistir!

Não tenho dúvidas de que a força do testemunho do Ronaldo me impulsionou a não medir, a não reter, a não querer olhar para trás. Ele abriu a porta do Céu para mim e me convidou para ir ali encontrar aquele Deus por quem ele se apaixonou. O Ronaldo me falou da eternidade, e eu a ele sou muito grata. Ele é um irmão mais velho para mim. Ele me ensinou que há um lugar muito especial, que Deus criou para nós, ali onde Ele habita, e este lugar é muito melhor que o melhor dos lugares que a gente possa ter encontrado. Infinitamente superior, incomparável! E este lugar tão especial.. eu desejo, eu quero, eu vou!

À ti, Ronaldo, meu muito obrigada! Você tornou o Céu uma realidade tangível, desejada, querida, para os jovens. Você foi esta seta viva que aponta para Deus! Nós nos encontraremos, tenho certeza!

Shalom!