“Em um momento de lucidez, eu pensei: ‘Se eu não parar por aqui, não conseguirei voltar. ‘ E Deus gritou, e gritou alto. Pedi ajuda para a minha acompanhadora, Jeovana Freitas, e assim ela o fez. Fui para a Comunidade de Vida a pedido dela, e lá fui sentindo o que Deus já vinha gritando e eu tanto resistia: ‘Ir em Missão’.
Rezei com a Jeovana e ela então confirmou: ‘é vontade de Deus!’. Eu dizia: ‘não, não pode ser! Faz três meses que consegui um emprego, depois de nove meses desempregada. Logo agora que eu fui contratada? Não podia ser vontade de Deus, não fazia sentido!
É como dizem: ‘Deus dá, Deus tira’, mesmo assim tinha acolhido não ir, eram contas a pagar, planos para colocar em prática, sonhos… ‘
Minha mãe que é consagrada da Comunidade de Aliança, minha amiga, foi até o meu trabalho e conversou comigo. Disse que assumia minhas contas (mesmo sem poder), mas de tudo o que ela falou o que mais me tocou foi: ‘Não deixe que a Graça de Deus passe na sua vida minha filha.’ Sabia que para ela dizer aquilo era uma dor que ninguém podia imaginar. Só Deus, só eu, pois sabia da dimensão de seu amor por mim.
Então eu acolhi, esperei e chegou a resposta: ‘você vai para Belém do Pará’. Lembro-me que era uma confusão dentro de mim, sentia alegria por ter acolhido a vontade de Deus, mas ressentia por ser muito longe. Mas fui! Do jeito que eu estava, do jeito que eu era, pecadora, suja. Fui e comigo levava as lembranças de tudo que eu tinha ouvido, palavras de apoio, pessoas dizendo que eu ia voltar diferente, que eu ia ser muito feliz; e pessoas que disseram que eu não durava um mês; não fiquei com raiva pois tinha consciência da vida que levava, ‘farras’ e álcool, minha vida se resumia nisso.
Hoje, fez 4 meses que estou em Belém. Agora posso dizer que sou completamente feliz por viver comunitariamente, por ser toda de Deus, por ser Ele o centro da minha vida, por ter ganhado amigos e irmãos caros, por Deus ter me dado Belém.
A cada dia renasço, a cada amanhecer eu agradeço a Deus por ter gritado por mim, por sua misericórdia e fidelidade.
Me pego pensando às vezes: ‘como eu pude resistir tanto? Por quê? Se Deus é só Amor? E um Amor que não passa?!’
Ah! Quer saber? O que realmente importa é que eu estou aqui, tranquila, feliz, purificada por que permaneço com Ele e Ele em mim. Percebi que ainda que tivesse forças para dizer-lhe que eu não valia a pena, não teria o convencido.
Todo jovem deveria ir em Missão, dar esse tempo da sua vida a Deus, e garanto que não é um tempo perdido, pois não vale só a pena, vale a vida!”
Joyce Anny, natural de Natal/RN
Jovem em Missão