Institucional

“Ouve, ó filha, vê e inclina teu ouvido: que o Rei se apaixone por tua beleza”

comshalom

998069_418839981565802_1342799642_nSou Michele Magalhães, tenho 25 anos, sou missionária da Comunidade de Vida Shalom e celibatária pelo Reino dos Céus. Moro atualmente na cidade do Rio de Janeiro.

Por graça e misericórdia de Deus, nasci em uma família bem estruturada, católica (minha mãe inclusive é consagrada da Comunidade), que prezava pelos “costumes do bom cristão”: missa dominical, terço diário, ajuda aos pobres. Tenho três irmãos, um deles já no Céu, e eu sou a única mulher, a terceira dos quatro filhos.

Conheci a Comunidade Shalom quando eu tinha sete anos e tive uma forte experiência com Deus. Apesar de nem saber do que se tratava, já dizia que ali era o meu lugar. Aos 12 anos, mudei-me para Petrolina (PE), cidade onde a Comunidade não estava presente, e apesar de ter desde criança uma grande sede de Deus, não tinha vida de oração (nem sabia o que era isso) e minha “relação com Deus” se restringia a missa dominical, ao terço diário (que rezava obrigada pela minha mãe) e aos retiros anuais de carnaval.

Mantendo esses “costumes”, fui crescendo e vivendo minha adolescência e juventude. Considerava-me uma pessoa feliz e tinha tudo o que queria: tinha um ótimo relacionamento com minha família, muitos amigos, ia a festas, namorava e o grande valor de minha vida eram meus estudos e projetos profissionais.

Decidida por ser médica, entrei aos 18 anos na faculdade, período em que de forma sutil, mas muito concreta fui excluindo Deus de minha vida, não só pelos estudos, mas pelos lazeres que a vida universitária proporcionam.

Não demorou muito e o próprio Deus, em sua infinita bondade, me deu uma “rasteira”, como costumava dizer! Com sua firme ternura e decidido amor por mim, Ele mais uma vez agiu intervindo em minha vida! Atraindo-me a um congresso da Comunidade, após uma forte experiência com a misericórdia numa confissão, encontrei alguns jovens que muito me inquietaram: tinham vida de oração, andava com o terço na mão, se vestiam castamente, renunciaram seus projetos pessoais, buscavam namoros cristãos, alguns até cogitavam a possibilidade do celibato. Eu perguntava o porquê dessas escolhas e eles diziam: “Quero viver a Vontade de Deus”. Meu Deus! Só poderiam ser loucos! Loucos! O pior, digo, o melhor, é que essa loucura passou a me atrair profundamente! Nunca vi pessoas tão felizes! Felicidade totalmente diferente do que até então eu considerava.

Também eu queria descobrir essa misteriosa “Vontade de Deus” que me faria plenamente feliz! Descobri que só havia um modo para essa descoberta (ainda que racional e interesseira!): a vida de oração! Nessa tentativa de descobrir quem eu era, fui me deparando e me apaixonando por uma Pessoa, que antes parecia estar tão distante de mim, mas estava tão perto: Jesus Cristo! “Seduziste-me, Senhor, e eu me deixei seduzir!” Não conseguia passar nenhum dia mais sem estar na presença de Deus, em intimidade, liberdade, escuta, diálogo! Aos poucos, toda a minha vida foi se transformando e sendo moldada pela feliz e irresistível Vontade de Deus.

Na faculdade e em casa, todos estranharam a reviravolta de minha vida; algo novo, na verdade um novo alguém ocupava agora o centro de minhas escolhas, decisões, modo de ser e de viver. Um novo estilo de vida! E a muitos instigava a escolha livre (e feliz) de, em meio a todas as exigências de uma acadêmica de medicina, diminuir suas horas de estudo para rezar, ir à missa diária e aproveitar os breves intervalos para rezar o terço. Ainda experimentava da graça diária de continuar com bons resultados no curso e manter uma vida social sadia.

Realmente ia me sentindo em tudo cuidada e conduzida por Deus e Sua Santa Vontade, que não me tirava nada, mas, ao contrário, tornava minha vida bela e plena!

A medida em que ia deixando Deus ocupar o lugar d’Ele na minha vida, Ele foi destruindo meus castelos e construindo o castelo da Vontade d’Ele em mim. Vivendo um grande misto de sentimentos e desejos dentro do caminho vocacional, a paixão pela medicina foi se tornando pequena e estranha a profunda atração de Deus em mim pela Comunidade de Vida. Algo que rejeitava totalmente, mais e mais ia parecendo ser eu mesma! Eu poderia fugir de tudo, mas de mim era impossível! Ouvindo a voz do Bispo de minha cidade que dizia “arrisque-se”, resolvi ir contra todos os meus medos, dúvidas, seguranças, projetos pessoais e me lançar cegamente no “precipício” da Vontade de Deus! Foi me rendendo a essa vontade e vivendo minha vocação dentro da Comunidade que fui me descobrindo. Sendo Shalom, na vida de oração, me ofertando na vida comunitária e apostólica, na evangelização dos jovens, que esta vontade Santa foi tomando forma em minha vida e se firmando em meu coração.

1174730_418839741565826_1749894018_nAinda no meu postulantado (1º ano de experiência dentro da Comunidade de Vida), Deus começou a me inquietar a respeito do Celibato pelo Reino dos Céus. Por ir contra todos os meus planos pessoais e sonhos, profunda foi a resistência e rejeição do meu coração. Não foi fácil, mas pedindo a graça da docilidade à Santa Vontade de Deus, fui aprofundando este chamado junto às minhas autoridades, na vida de oração, na leitura de livros, na escuta de testemunhos a respeito do celibato, durante cada ano deixando que o próprio Deus fizesse frutificar a semente que Ele tinha lançado! Aos poucos, não só a convicção de que era essa a Vontade de Deus me levava a responder a esse chamado, mas Aquele que em tudo me conhece foi me atraindo à beleza deste estado de vida e a dar minha resposta livre, consciente e feliz à Sua Voz! Sim! Desposada de forma tão particular, desejava ser um feliz sinal da doação total, exclusiva, incondicional e sem restrições a Deus, na minha juventude, pela Igreja, pela Comunidade, pelos jovens, pela humanidade! Não era fácil olhar para mim e ver minha total incapacidade de corresponder, mas sabia que Aquele que me chamava conhecia minhas fragilidades e fraquezas, mas também o desejo sincero de, por amor, viver Sua Vontade, na Pobreza, Castidade e Obediência, de com Ele aprender a ser o que Ele pensa de mim; de com Ele aprender a ser Esposa; de no meu nada, desejar agradá-lO de todo o meu coração, como Ele tanto tem me feito feliz!

Fazem três meses que fiz meus 1ºs Votos no Celibato pelo Reino dos Céus e nesses três meses o que posso testemunhar é a profunda alegria de um relacionamento tão particular com Cristo, que no ordinário de cada dia vai me formando, me ensinando, me trazendo à luz, me convertendo aos valores Dele, aos pensamentos Dele, aos interesses Dele, aos desejos Dele; é ter a feliz certeza de que minha vida não é mais minha, e é Ele que de tudo cuida; é Ele que gera a fecundidade de cada oferta; é Ele que misteriosamente e concretamente vai realizando a Vontade Dele em mim e através de mim! Enfim, a feliz e plena experiência de, na minha juventude, ir me tornando Nele, quem realmente sou: Michele, filha de Deus, Comunidade de Vida Shalom, Celibatária! Esta sou eu, hoje e para sempre, com a graça de Deus!

“Toda Glória pertence assim Àquele que nelas tudo realizou…”


Comentários

Aviso: Os comentários são de responsabilidade dos autores e não representam a opinião da Comunidade Shalom. É proibido inserir comentários que violem a lei, a moral e os bons costumes ou violem os direitos dos outros. Os editores podem retirar sem aviso prévio os comentários que não cumprirem os critérios estabelecidos neste aviso ou que estejam fora do tema.

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *.

O seu endereço de e-mail não será publicado.