Com a beatificação dos Mártires de Nonoai e com a grande Romaria Estadual da Medianeira que estamos preparando, sente-se intensamente o fascínio da santidade. Visitando os lugares de peregrinação, participando das novenas e das romarias, percebe-se a aspiração do povo por algo mais, por valores que permanecem.
Os santos atraem, entusiasmam, comovem e unem. Eles são sinais de Deus entre nós e nos levam a seguir Jesus. Em qualquer aprendizado a primeira atitude do discípulo (a) consiste em ouvir, escutar, enxergar e ver o Mestre.
Jesus Cristo não é uma doutrina abstrata ou uma mera convicção pessoal. Jesus é uma pessoa real. É um fato, um acontecimento, alguém que realmente viveu numa determinada época da história humana. Nasceu, foi criança, adolescente, jovem, adulto, morreu e ressuscitou.
Jesus foi um ser humano, do sexo masculino, judeu, filho de Belém, cidadão de Nazaré. Compartilhou das alegrias, tristezas, esperanças e angústias de seu tempo. É Filho de Deus, Deus mesmo encarnado, feito igual a nós. Morreu para nos libertar da Lei e do pecado, bem como para fazer-nos viver a vida divina. “Ele tinha condição divina, e não considerou o ser igual a Deus como algo a que se apegar ciosamente. Mas, esvaziou-se a si mesmo e assumiu a condição de servo, tomando a semelhança humana. E, achado em figura de homem, humilhou-se e foi obediente até a morte, e morte de cruz. Por isso Deus o exaltou grandemente e o agraciou com o nome que está sobre todo nome” (Fil 2, 6-9).
Ser discípulo de Jesus exige que o escutemos, ouçamos, enxerguemos e o vejamos nas Sagradas Escrituras. Reduzir Jesus a uma emoção ou algo abstrato, é acabar com Ele. Jesus é pessoa e proposta, Deus e homem, plenamente Deus e plenamente homem. Não se trata somente de estudar sua trajetória histórica, mas descobri-lo vivo e ressuscitado, atual e atuante na nossa história. Ele é a Palavra que fala pelas palavras dos textos bíblicos.
Jesus nos deixou a certeza de que “eu estarei sempre convosco, até o fim do mundo” (Mt 28,20). Está presente na Eucaristia, na Palavra, em todos os sacramentos. Podemos ouvi-lo e vê-lo na oração, no rosto dos irmãos e “onde dois ou mais” se reúnem em seu nome.
Precisamos ter uma atitude permanente de ouvir e ver Jesus na união com toda a Igreja. Jesus nos fala na e pela Igreja.
A união afetiva e efetiva de cada discípulo (cristão) com a Igreja toda, é a resposta que se deve dar ao Senhor. Ele fala através das pessoas simples e despretensiosas. É preciso ouvir e ver Jesus nos outros, especialmente nos excluídos. O discípulo de Jesus sabe que precisa da humildade e da simplicidade para descobri-lo presente nas crianças, nos adolescentes, nos jovens, nos idosos, nos sadios, nos doentes, nos homens, mulheres, nos diferentes e, especialmente, nos excluídos.
Isso tudo exige de cada cristão uma permanente atitude de conversão. Toda a Igreja precisa ser continuamente discípula do Senhor. O lema da Romaria nos faz orar cantando: “Maria, ensina-nos a ser discípulos e missionários de Jesus”.
Dom Hélio Adelar Rubert
Bispo de Santa Maria (RS)
Fonte: CNBB