“É assim que todas as coisas da vida são conquistadas: você nunca sabe, até que faça”, foi a frase ouvi recentemente de um grande amigo, em uma publicação na internet. Desde este dia, passei a refletir sobre a “conquista da santidade”, que é consequência da exposição das nossas vidas ao Evangelho de Cristo, a novidade infinita.
A coragem de abraçar o novo
Mudar nunca é fácil. E embora viver na sombra e na segurança de uma existência costumeiramente confortável seja mais agradável, a vida nunca vai deixar de ser instável. Somos o resultado das nossas escolhas com as nossas circunstâncias. Assim a nossa personalidade é formada dia após dia — e o nosso itinerário nesta terra também.
Diante dessa instabilidade tão própria da vida, temos a opção de nunca agir, com medo de mergulhar no mar das circunstâncias incertas — vivendo assim em baixo de um sombreiro confortável e aparentemente seguro — e a de embarcar em uma jornada única, além da nossa zona confortável, sem nenhuma segurança de que dará tudo certo; como fizeram os grandes homens e mulheres que deixaram um legado na história da humanidade.
Os incômodos dos que se arriscam
A segunda opção parece ser mais incômoda, não é verdade? (Sei que sim…). É a tal história da filha que não quis fazer concurso e é o assunto da família porque quis abrir o próprio negócio. “Fulana nunca terá estabilidade…”
É a narrativa do jovem que decidiu deixar tudo para ser padre. Do profissional que se demitiu da multinacional para trabalhar na internet com um projeto novo que construiu. Da médica que deixou a carreira renomada para cuidar dos filhos em casa e é criticada pelas colegas que desconhecem a profundidade da sua escolha e palpitam: “ela não sabe o que faz, é loucura depender só do marido.”
Diante das nossas escolhas mais ousadas, que podem acontecer em diversos âmbitos das nossas vidas, a insegurança parece ecoar: “Que garantia teremos até o final da vida?“
Garantias, garantias, garantias…
Mas afinal, que garantias temos na vida, meus caros?
É ilusão achar que temos controle sobre tudo. O caminho não é linear e muito menos igual para todo mundo. A “via pelo deserto” que o texto do livro de Isaías nos apresenta, nos lança em um caminho de confiança exclusiva em nosso Criador — o verdadeiro dono do nosso destino — a verdadeira segurança da nossa peregrinação nesta terra.
É abraçando o novo com coragem, renúncia e disposição, que vamos construindo a narrativa da nossa própria história — que é o itinerário particular da salvação divina nas nossas vidas e na vida das pessoas que dependem de nós.
A salvação, portanto, passa por nós, pelo nosso sim, pela nossa capacidade de optar por um caminho novo (sem olhar para trás), mesmo diante das nossas piores circunstâncias… e só vamos conhecer este caminho com a ousadia de trilhá-lo, sem medo. Um poeta espanhol já dizia que o caminho se faz ao caminhar. Eu diria que ele se faz “quebrando a cara”. Sendo piadinha na roda dos “amigos“ que continuaram na mediocridade.
Isso vale para o nosso chamado à santidade, mas também para as nossas escolhas profissionais, familiares, para os nossos relacionamentos de amizade… porque a verdade é que um mundo novo ganha forma sempre que alguém decide aderir ao plano divino. E para que isso aconteça, as seguranças (inevitavelmente) precisam ficar para trás.
Que o Cristo lhe dê a coragem necessária para a adesão a Obra Nova que precisa ser concretizada na sua vida.
Vale a pena deixar as (falsas) garantias pela única que lhe acompanhará até a eternidade.
Você nunca estará sozinho!