Igreja

10 anos de pontificado do Papa Francisco: uma fecunda Igreja em saída

Ao longo da década ficou conhecido pela humildade aos moldes franciscanos, foi responsável por canonizar quase 1000 santos.

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Papa Francisco na audiência com a Comunidade Shalom em 2022 (Vatican media)

Ao longo da última década, Papa Francisco desempenhou um papel importantíssimo para a Igreja Católica. Além disso, seu pontificado possui algumas curiosidades que valem a pena serem destacadas. Confira, neste especial, marcos destes dez anos do papado do sucessor de Pedro.

Confira 10 momentos do Papa Francisco com a Comunidade Shalom

Breve biografia

Nasceu na capital argentina no dia 17 de dezembro de 1936, filho de emigrantes piemonteses. O pai Mário trabalhava como contabilista no caminho de ferro e a mãe Regina Sivori ocupava-se da casa e da educação dos cinco filhos. Antes do caminho sacerdotal, se formou em um curso técnico de Química.

O Cardeal Bergoglio foi eleito em 13 de março de 2013, no segundo dia do conclave. É o primeiro papa latino-americano da história e o primeiro não europeu investido como bispo de Roma em mais de 1 200 anos, desde o Papa Gregório III. O argentino de 86 anos é  também o primeiro papa jesuíta da história. 

Escolheu o nome Francisco em homenagem a São Francisco de Assis, santo do século 13 conhecido pela caridade e pobreza. Uma curiosidade: durante a adolescência, Jorge Mario Bergoglio passou por uma cirurgia delicada de retirada de um dos seus pulmões, devido a danos causados por uma infecção. Por isso, atualmente, o Papa tem apenas um pulmão e necessita de mais cuidados em relação à prevenção de problemas respiratórios

Dia da eleição

Quando lhe foi perguntado, na Capela Sistina, se aceitava a escolha, disse: “Eu sou um grande pecador, confiando na misericórdia e paciência de Deus, no sofrimento, aceito“. O anúncio (Habemus Papam) foi feito pelo cardeal francês Jean-Louis Tauran.

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O Papa Francisco apareceu ao povo na sacada (ou varanda) central da Basílica de São Pedro por volta das 20h30  (hora de Roma). Usando apenas a batina papal branca, acompanhou a execução da Marcha Pontifical e saudou a multidão com um discurso:

“Irmãos e irmãs, boa noite! Vós sabeis que o dever do Conclave era dar um Bispo a Roma. Parece que os meus irmãos Cardeais tenham ido buscá-lo quase ao fim do mundo… Eis-me aqui! Agradeço-vos o acolhimento: a comunidade diocesana de Roma tem o seu Bispo. Obrigado! E, antes de mais nada, quero fazer uma oração pelo nosso Bispo Emérito Bento XVI. Rezemos todos juntos por ele, para que o Senhor o abençoe e Nossa Senhora o guarde.”

Papa pediu que rezassem por ele, assim que eleito (Imagem/Vatican media)

O Papa rezou as orações do Pai Nosso, Ave Maria e Glória ao Pai, dedicando-os ao Papa Emérito. Em seguida, completou:

E agora iniciamos este caminho, Bispo e povo… este caminho da Igreja de Roma, que é aquela que preside a todas as Igrejas na caridade. Um caminho de fraternidade, de amor, de confiança entre nós. Rezemos sempre uns pelos outros. Rezemos por todo o mundo, para que haja uma grande fraternidade. Espero que este caminho de Igreja, que hoje começamos e no qual me ajudará o meu Cardeal Vigário, aqui presente, seja frutuoso para a evangelização desta cidade tão bela! E agora quero dar a bênção, mas antes… antes, peço-vos um favor: antes de o Bispo abençoar o povo, peço-vos que rezeis ao Senhor para que me abençoe a mim; é a oração do povo, pedindo a Bênção para o seu Bispo. Façamos em silêncio esta oração vossa por mim.

O Papa abaixou a cabeça em sinal de oração, e toda a praça silenciou por um momento. Por fim, realizou a primeira bênção Urbi et Orbi, e despediu-se da multidão dizendo “Boa noite, e bom descanso!”.

O nome papal, Francisco foi auxiliado pelo Cardeal Dom Cláudio Hummes (in memoriam): “Não se esqueça dos pobres”. O então cardeal argentino guardou no coração a palavra do amigo brasileiro e tomou para si o nome do santo. Em certa ocasião, ao falar sobre a escolha do seu, enfatizou que queria uma “Igreja pobre e para os pobres!”

Uma Igreja em saída

Em um pontificado coerente com o testemunho de vida, Papa Francisco sempre pede que, na prática, a Igreja se lance para fora de si mesma e supera a lógica de uma Igreja autorreferencial. Esta Igreja em saída, base do pontificado de Francisco, é aquela que vai em direção ao mundo e às pessoas, particularmente, aos mais fragilizados e vulneráveis. 

O conceito de Igreja em saída, explicitado na Exortação Apostólica Evangelli Gaudium, deu-nos o significado teológico, pastoral, espiritual e social do pontificado do Papa Francisco. As subsequentes Cartas Encíclicas, Laudato Si’ e Fratelli Tutti inserem-se no conjunto de Encíclicas Sociais do Magistério da Igreja Católica. O pontificado do Papa Francisco reafirma a preocupação da Igreja pelo social e impulsiona o compromisso sociopolítico-econômico do cristão no mundo, abrindo novos caminhos de reflexão ― teológicos, filosóficos e pastorais ― para a Doutrina Social da Igreja, tais como a cultura do cuidado, o imperativo da misericórdia, e a fraternidade universal.

Dados marcantes

O Papa promoveu um Jubileu da Misericórdia (2015-2016), terceiro ano santo extraordinário na história da Igreja Católica, durante o qual canonizou Madre Teresa de Calcutá, e ainda um Ano da Vida Consagrada. Promoveu também a reforma da Cúria Romana, com a ajuda de um Conselho de Cardeais dos cinco continentes, e criou dois dicastérios: ‘Leigos, a Família e a Vida’ (no qual atualmente o sacerdote da Comunidade de Vida, Pe. João Wilkes, é chefe de gabinete) e ‘Dicastério para o Serviço do Desenvolvimento Humano Integral, além de várias medidas na administração econômico-financeira da Santa Sé e do Estado do Vaticano.

Leia mais: Valorizar o serviço com os jovens: Pe. João Chagas recebe nomeação pontifícia

Um marco para Comunidade Shalom foi a nomeação do Papa Francisco em 2011 ao fundador da Comunidade, Moysés Azevedo, como consultor do Pontifício Conselho para a Promoção da Nova Evangelização. Além disso, desde 2007, o consagrado é consultor do Pontifício Conselho para os Leigos, que depois se tornou o atual Pontifício Conselho para os leigos, a família e a vida.

Papa Francisco com Moysés Azevedo em audiência privada em 2016. (Imagem/Vatican Media)

Ao longo da vida pública, o Papa Francisco se destaca pela humildade, ênfase na misericórdia de Deus, visibilidade internacional como papa, preocupação com os pobres e compromisso com o diálogo inter-religioso.  Promoveu um encontro inédito entre os presidentes de Israel e Palestina pela paz e Teve um encontro inédito com Patriarca ortodoxo Kirill, e assim, aproximou a Igreja Católica e a Igreja Ortodoxa Russa.

Em 2020,  na fase mais crítica da pandemia da Covid-19, o Papa Francisco permaneceu ao lado dos fiéis mediante o poder da oração constante. No dia 27 de março, diante da Basílica Vaticana, em uma Praça São Pedro deserta e chuvosa, o Pontífice presidiu sozinho a “Statio Orbis” para o mundo inteiro.

Statio Orbis 2020 (Imagem/distribuição)

Alguns números

Ao longo dos 10 anos de pontificado fez 3 Encíclicas, 5 Exortações Apostólicas, canonizou 911 santos (até novembro de 2022) . Inclusive, este é um número recorde. Antes de Francisco, o maior canonizador da Igreja havia sido João Paulo 2° (1920-2005), que em 26 anos de pontificado canonizou 482 santos e beatificou 1443 pessoas. 

Até o momento ele também já soma 427 audiências gerais,  552 orações do Ângelus ou Regina Coeli, 790 homilias na Casa Santa Marta, 76 cartas apostólicas, das quais 56 sob forma de Motu Proprio, 39 constituições apostólicas e realizou 68 viagens apostólicas ( 40 internacionais e 28 na Itália) e ainda convocou oito Consistórios e criou 121 cardeais, sendo 95 eleitores e 26 acima de 80 anos.

Amigo dos menos favorecidos

Da ordem religiosa jesuíta, que tem como prioridade os votos de pobreza, Jorge Mario Bergoglio faz questão, desde o início da vida sacerdotal, de viver uma vida simples e despojada. No dia em que se tornou papa, por exemplo, dispensou o uso de carro blindado e foi ao primeiro encontro no Vaticano utilizando um carro comum. Contrário ao consumismo e defensor da humildade, Francisco é conhecido há muitos anos como o papa dos pobres. 

Desde o início da trajetória religiosa, ele apoia programas sociais; contesta políticas de livre mercado e demonstra grande preocupação com as pessoas em situação de vulnerabilidade, colocando-as como iguais e realizando, por diversas vezes, afirmações como “o meu povo é pobre e eu sou um deles”, para explicar, não somente a preocupação, mas também sua escolha por uma vida simples. E tem destacado a ideia de que a Igreja necessita abrir-se às realidades sofridas, ir em busca dos mais pobres.

Almoço no Vaticano para centenas de pessoas em vulnerabilidade social (Imagem/ Vatican Media)

Existe grande esforço para resgatar qualidades e características da Igreja primitiva, bem como valores, pensamentos, atitudes e ações inerentes ao bem comum e à busca de uma vida digna para todos. Entre vários conselhos, o papa Francisco incita os cristãos a estarem atentos a uma fé segura em Jesus Cristo.

O Papa Francisco é creditado por ter uma abordagem menos formal ao papado do que os antecessores, por exemplo, ele escolheu residir na casa de hóspedes Domus Sanctae Marthae, em vez de nos aposentos papais do Palácio Apostólico. E sustenta que a Igreja deve ser mais aberta e acolhedora. Papa Francisco, um nome nunca visto na história dos papas. Identificado com a rua, com os pobres, com os sapatos pretos… uma vida simples. 

Outros feitos inéditos, foi um almoço comunitário para 1500 pobres no Vaticano, em 2018, além de instalar banheiros, chuveiros, lavanderia e até uma barbearia para os sem-tetos de Roma e leiloou uma Lamborghini para ajudar os cristãos do Iraque.

Após a morte do Cardeal Claudio Humes, Francisco recordou o conselho que recebeu do cardeal brasileiro quando se tornou papa. “Trago sempre vivas na memória as palavras que D. Cláudio me disse no dia 13 de março de 2013, pedindo-me que não me esquecesse dos pobres”, escreveu no telegrama com as condolências.

Coragem, ousadia e juventude

O Papa Francisco tem um carinho e um olhar de atenção especial com a juventude. Com alguns meses após o início do pontificado, esteve na primeira viagem apostólica, no Rio de Janeiro, para participar da Jornada Mundial da Juventude. 

É um Papa que gosta de encontrar-se com os jovens, de falar, fazer selfies e de motivá-los para uma vida mais próxima de Deus e da Igreja, ele tem um jeito de comunicação que cativa a juventude. Com um sorriso largo, constante, o Papa fala simples e direto, repetindo o que quer acentuar e fazendo com que os jovens repitam junto, um papa que usa as redes sociais, afinal, é um tempo moderno e digital. 

Papa no meio digital

Em 2017 o Papa Francisco convocou um Sínodo para pensar uma proposta de Igreja para a juventude. Este encontro eclesial contou com a participação de um grupo representativo de jovens de vários países, incluindo o Brasil, e teve como tema: “Juventude, Fé e Discernimento Vocacional”. Colhendo as sugestões dos participantes do Sínodo, o Papa Francisco publicou a Exortação Apostólica Pós-Sinodal, com o nome Cristo Vive (Christus Vivit).

O papado de Francisco é marcado pelo uso mais frequente e profissional das redes sociais, principalmente do Twitter(@pontifex), e o Instagram (@franciscus) somam mais de 15 milhões de seguidores e com o uso contínuo dessas redes se alcança e se aproxima mais das pessoas. 

Papa Francisco com diversos jovens (Imagem/reprodução)

O Papa Francisco já fez vários discursos e mensagens dirigidos aos jovens. Como Igreja em saída, o Santo Padre adverte que um dos grandes perigos para os jovens de hoje, é o de se fecharem em si mesmo, nos próprios medos.  “Vejam a luz em suas visões noturnas, sejam construtores em meio às ruínas, sejam capazes de sonhar... Quem sonha não se deixa absorver pela noite, mas acende uma chama, acende uma luz de esperança que anuncia o amanhã. Sonhem, sejam rápidos e olhem para o futuro com coragem”, afirma o Pontífice.

O Papa Francisco várias vezes insiste: “Todos os jovens, sem exclusão, estão no coração de Deus e, portanto, no coração da Igreja” (CV, n. 235). Os compromissos na Igreja e na sociedade são determinantes. Os jovens, para o Pontifíce, ajudam a Igreja a permanecer jovem, e contribui para a autêntica reforma, tornando-a mais convertida e participativa, mais atenta aos sinais dos tempos e aos apelos do Reino. 

Queridos jovens, deixo vocês com esta esperança: que Jesus se torne seu grande Amigo, Companheiro de Estrada de todos vocês”, Papa aos jovens em 2022

Neste dia de ação de graças pelos 10 anos de Pontificado do Papa Francisco, se una ao ramalhete espiritual, reze a Deus pedindo a graça de mantê-lo Bom Pastor da Santa Igreja. Afinal é algo que ele sempre apela: “Por favor, não se esqueçam de rezar por mim.”

Confira o especial:

Roteiro espiritual Quaresma e Semana Santa 2023

O caminho espiritual “Do Deserto à Ressurreição!” é o tema do itinerário do caminho, que trará a cada dia conteúdos que irão permitir aprofundar o seu caminho espiritual para Semana Santa e Páscoa do Senhor. 

Vivamos juntos este caminho rumo à Ressurreição! 

Para saber mais acesse: comshalom.org/quaresma

CNPJ: 07.044.456/0001-00  |  Razão Social: Comunidade Católica Shalom | C.C: 31.056-5  | Ag. 1369-2

-Com informações Vatican News


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