Convenção Shalom 40 anos: Confira o discurso do Papa Francisco

No dia 26 de setembro, missionários da Comunidade Católica Shalom do mundo inteiro se reuniram para uma audiência privada com o Santo Padre Papa Francisco. O encontro realizado na Sala Paulo VI, no Vaticano, foi transmitido ao vivo e acompanhado por milhares de pessoas. Durante a audiência, os missionários renovaram a oferta de vida aos pés do Pontífice e ele teve a oportunidade de dirigir algumas palavras diretamente aos membros da Comunidade. 

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A importância da Comunidade ter nascido no Ofertório

“Isso é importante! Não nasceu “à mesa”, com um belo plano desenhado por ele [Moysés Azevedo, fundador da Comunidade] ou por outra pessoa. Nasceu na oração, na Liturgia. O episódio dos Atos dos Apóstolos me vem à mente – com as devidas proporções – quando Paulo e Barnabé são enviados em missão: ocorre durante uma oração comunitária em que o Espírito Santo pede para reservar dois deles para a missão aos pagãos ( cf. Atos 13, 1-3). É o Espírito Santo que faz viver a Igreja – não nos esqueçamos disso – que a impulsiona. E isso ele faz sobretudo na oração, especialmente na liturgia. A Liturgia não é uma cerimônia bonita, um ritual em que nossos gestos ou, pior ainda, nossas roupas estão no centro, não! A liturgia é a ação de Deus conosco, e devemos estar atentos a ele: a quem fala, a quem age, a quem chama, a quem envia… E isso não é fora do tempo e da história, não, dentro da realidade histórica, dentro das situações. Obrigado, Moysés, porque sua experiência nos lembra disso”.

Como perseverar na oração e contagiar outros com essa experiência

“Eu diria: lembremo-nos do verbo que o evangelista João repete tantas vezes: “permanecer”. “Permanece em mim” – diz Jesus, “permanece no meu amor” (15.4.9). “Fique”. Se permanecermos unidos a Cristo como ramos à videira, perseveramos e também “contagiamos”. Em primeiro lugar, se permanecermos nele com a oração, a escuta da Palavra, a adoração, o Rosário, então a linfa do Espírito Santo passa dele para nós e podemos perseverar. Mas também podemos “contagiar”, não duvidemos!, Ele prometeu: quem permanece nele dá muito fruto, diz o Senhor (cf. Jo 15, 5). O fruto é o amor, e é o amor de Cristo que toca o coração das pessoas, onde quer que estejamos, em todos os ambientes. Temos o compromisso de permanecer nele, o resto é feito pelo Espírito Santo. Ele é o protagonista, não nós: é Ele. Não se esqueça disso. O Espírito Santo é sempre o protagonista do crescimento da Igreja; também do crescimento da minha alma”.

Como manter a juventude da alma

“Ouça, para manter um espírito jovem, é preciso permanecer aberto ao Espírito Santo: é Ele quem renova os corações, renova a vida, renova a Igreja, renova o mundo. Não estamos falando da juventude física, mas da juventude do espírito, aquela que brilha mais nos olhos de alguns velhos do que nos de alguns jovens! Não é uma questão de cartório. E depois outra coisa, como disse São João Paulo II na JMJ de 2000, “quem está com os jovens permanece jovem” (cf. Vigília em Tor Vergata). Se um velho se isola, evita os jovens, envelhece mais cedo. Pelo contrário, é bonito e enriquecedor estar um pouco com as crianças, com os adolescentes, com os jovens; não para “copiar” – isso é ridículo -, não para pregar, mas para ouvi-los, conversar com eles, contar algumas experiências…”

A importância do protagonismo dos jovens na Igreja

“Eu diria duas coisas. A primeira é o protagonismo da santidade. Estou pensando em Carlo Acutis, como um exemplo recente; mas primeiro a Piergiorgio Frassati, primeiro a Gabriele dell’Addolorata, a Teresa do Menino Jesus, a Francisco e Clara de Assis, que eram jovens, e assim sucessivamente até a primeira e perfeita discípula: Maria de Nazaré – jovem – que era uma menina quando ela disse “aqui estou”. Todos eles construíram a Igreja e ainda a edificam com o seu testemunho, correspondendo à graça de Deus Segundo aspecto: como pastores, para com os jovens, devemos aprender a não ser paternalistas. Às vezes, envolvemos os jovens em iniciativas pastorais, mas não completamente. Corremos o risco de “usá-los” um pouco, para causar boa impressão. Mas eu me pergunto: será que realmente os ouvimos?”

Como ser amigos dos pobres e ajudar outros a também ter essa amizade

“Vou dar-lhe apenas um exemplo: uma jovem freira, desconhecida na época, atendeu ao chamado de Deus que lhe disse para ficar perto da menor de Calcutá. O nome dela era Irmã Teresa. Onde ela encontrou forças para ir às ruas todos os dias para recolher os moribundos? Ela a encontrou em seu Senhor Jesus, a quem ela recebeu e adorou todas as manhãs e Ele lhe disse: “Tenho sede”. E então ela saiu e o reconheceu no rosto daquelas pessoas abandonadas. E sabemos o que aconteceu: primeiro algumas, depois dezenas, depois centenas de jovens seguiram seu exemplo, e outras se juntaram como voluntárias. Perto, a cem metros de onde estamos agora, há uma casa, chamada “Dom de Maria”, onde as Missionárias da Caridade acolhem algumas pessoas. Deixo-vos isto como resposta e como provocação”.

Prosseguir no caminho

“Queridos amigos, nestes quarenta anos de sua história se delineou a fisionomia da comunidade – há os traços essenciais, constitutivos – mas é um processo ainda não concluído. Seu fundador ainda está no comando e, portanto, você ainda está em uma fase “fundacional”. Exorto-vos a permanecer dóceis à ação do Espírito, abertos à escuta recíproca e às orientações da Igreja, para melhor discernir como prosseguir no vosso caminho.”

[Confira o discurso na íntegra]

Assista ao Encontro com o Papa Francisco

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