O evangelista Mateus escreve que “onde está seu tesouro, ali está o seu coração” ( Mt 6,21), pode hoje estar tão difícil de encontrarmos nosso tesouro porquê nos dias atuais é tão difícil encontrar o nosso coração (inteiro), já que está fragmentado em tantas ocupações e preocupações.
Enquanto lia um post num dia desses que fazia referência a essa passagem bíblica e mencionava: Onde está a sua atenção, ali está seu coração.
Talvez vivenciemos um tempo, onde tudo nos induz a desatenção. Basta pensarmos no recurso do WhatsApp, que acelera os áudios em até 2x, não paramos ao menos para ouvir o que foi dito, da forma mais real na qual foi dito.
Precisamos acelerar. Temos pouco tempo para “darmos atenção total” ao que nos falam, pouco tempo para escutar. Aceleramos também a nossa forma de falar, de pensar, de certa forma aceleramos nosso ser, pois tratamos de um mesmo corpo.
A comunicação, no significado mais genuíno, seria a arte de tornar comum – coletivo, comunitário, global. Percebamos que, para algo se tornar comum, é necessário num primeiro momento a experiência individual. Como numa reunião para alguma decisão, vários indivíduos opinam (opinião individual) e formam um consenso (opinião coletiva).
Então, como estamos nos comunicando atualmente? O que estamos tornando comum? Ou ainda, estamos conseguindo tornar algo comum diante de uma experiência individual cada vez mais vazia, desatenta, fragmentada?
A Palavra é viva
João nos introduz no Evangelho dizendo “o Verbo se fez Carne” (Jo, 1). A Palavra é exposta de tal forma, se concretiza de tal forma, que ganha vida ao nos comunicar a Salvação. A Palavra é viva ao tornar comum o Amor.
A comunicação não é vazia de vida, tanto que pode ser, ou não, verbal. Nossa palavra e nossa vida tornam comum aquilo que primeiro está dentro de nós. A comunicação se torna mais clara e eficaz quando sabemos quem nós somos, o que queremos, o que desejamos falar, questionar, contar.
A desatenção conosco mesmo influencia na estrutura do nosso pensamento, raciocínio, do que estamos lendo, ouvindo, ou na falta dessa estrutura, consequentemente na forma em que comunicamos. Usemos ainda o WhatsApp como exemplo, é necessário e prudente que nos atentemos ao conteúdo que recebemos, antes de repassarmos às pessoas, não é mesmo?!
De dentro para fora
Assim, além de convivermos com o que é externo, é necessário estarmos sensíveis ao que está dentro de nós, ao nosso coração e consciência. Numa perspectiva cristã, seria essencial nossa comunicação constante com Deus, para falarmos, ouvirmos e nos tornarmos sensíveis/atentos a Ele, ao que é dEle, a nós mesmos, aos outros, porque somos dEle.
A partir dessa experiência, vivenciaremos de forma cada vez mais integral o que é interno e o que é externo, como nossas ações, decisões e relações com as coisas e com as pessoas. Tornando assim, comum a nossa vida, cada vez inteira, atenta e verdadeira.
Portanto, não trata somente da quantidade de coisas que fazemos e pensamos, porque na atualidade, estamos imersos em muitas coisas, às vezes precisaremos fazer mais de uma ao mesmo tempo. Trata-se da forma que lidamos com elas, da atenção a nossa própria vida e ao que nela permeia.
Por: Marcia Elizandra Faustino
Missão de Curitiba/PR