Quantas vezes desejamos levar uma vida “diferente”? Buscamos, mesmo sem nos dar conta, desde o início da nossa fase mais consciente, tudo aquilo que pareça ser extraordinário. Fazemos muitas escolhas, algumas delas muito erradas, para tentarmos de algum modo alcançar esse status de vivermos para além do normal.
O comum sempre nos assombrou e nunca se apresentou como sinônimo felicidade. Transferimos toda esta perspectiva para nossa relação com Deus e passamos a segui-Lo presumindo apenas esse modo de enxergá-Lo. No caminho da nossa vocação, nos afastamos de tudo e todos que se confundam com o natural, perseguindo somente aquilo que é sempre maior e melhor. Ao colocarmos tudo abaixo daquilo que queremos ser, nos reconhecemos longes de nós mesmos e temos saudade da verdade que um dia nos tocou. Nos tocou quando éramos iguais a todos e quando, na nossa total ignorância, demos espaço ao amor.
Descobrimos, assim, que nada em nós é tão sobrenatural do que sermos habitados nas nossas fraquezas e debilidades pelo Senhor. O Ressuscitado traz consigo as suas feridas, nós não conseguiremos crescer espiritualmente enquanto não nos reconciliarmos com as nossas. Nessa altura, cai o engano de que seremos super heróis da santidade. Seremos santos, porque Aquele que é Santo tocou a nossa carne e a elevou.
Agora, tudo em nós pode ser um caminho para o eterno, mesmo as mais duras batalhas travadas no nosso corpo e no nosso coração para não os manchar. Ser diferente, portanto, não é fugirmos de nós mesmos e vestirmos um traje exuberante de um chamado que não é o nosso. É antes vestirmos o trapo do intinerário mais simples de nossa vida, cujo o brilho e as luzes se ofuscam, mas que todos os dias vai dando espaço ao Amor.
Khristian Correia
Consagrado Comunidade de Vida