A Igreja crê num Deus que é Pai, Filho e Espírito Santo: A tradicional oração do “Credo” inicia professando um dos aspectos mais essenciais da fé Cristã e que ocupa um espaço significativo nas exposições do Catecismo: “Creio em Deus Pai, todo poderoso, Criador do céu e da terra. Creio em Jesus Cristo seu único filho e nosso Senhor. Creio no Espírito Santo” (CIC 199). Tudo o que a oração continua proferindo, em seguida, tem como base primordial essa convicção de fé. Sem a fé no Deus que é a verdade e no Deus que é amor, todos os outros elementos que serão professados em seguida, serão inúteis.
Na história de salvação, uma das iniciativas relacionais de Deus é revelar seu nome. “O nome exprime a essência, a identidade da pessoa e o sentido da sua vida. Deus tem um nome. Não é uma força anónima. Dizer o seu nome é dar-Se a conhecer aos outros; é, de certo modo, entregar-Se a Si próprio, tornando-Se acessível, capaz de ser conhecido mais intimamente e de ser invocado pessoalmente” (CIC 203). Esse Criador que Se revela, é ternura e compaixão. É verdade e amor. Podemos ter acesso aos tesouros dessa santa revelação mediante a fé em Jesus. O Salvador ensinou: “Quem me vê, vê o Pai e quem me recebe, recebe também aquele que me enviou ” (cf. Jo 14,1-14).
O fato de Deus estar ao alcance do homem mediante a fé, tem consequências imensas para toda a nossa vida. Estar unido a Deus significa amar o que Ele ama e odiar o que Ele odeia. E, não nos esqueçamos que, nesse mistério da revelação de Deus que é Pai e Filho, há uma terceira pessoa consubstancial aos mesmos: o Espírito Santo. Segundo o Catecismo da Igreja: “Antes da sua Páscoa, Jesus anuncia o envio de um ‘outro Paráclito’ (Defensor), o Espírito Santo. Agindo desde a criação e tendo outrora ‘falado pelos profetas’, o Espírito Santo estará agora junto dos discípulos, e neles, para os ensinar e os guiar ‘para a verdade total’ (Jo 16,13). E, assim, o Espírito Santo é revelado como uma outra pessoa divina, em relação a Jesus e ao Pai” (CIC 243).
A Igreja ainda continua declarando que: “A origem eterna do Espírito revela-se na sua missão temporal. O Espírito Santo é enviado aos Apóstolos e à Igreja, tanto pelo Pai, em nome do Filho, como pessoalmente pelo Filho, depois do seu regresso ao Pai. O envio da pessoa do Espírito, após a glorificação de Jesus revela em plenitude o mistério da Santíssima Trindade” (CIC 244).
Com efeito, a doutrina Trinitária sempre esteve presente na Igreja, com profunda ênfase já nas pregações e escritos dos apóstolos, orientadas para a catequese batismal: “A graça do Senhor Jesus Cristo, e o amor de Deus, e a comunhão do Espírito Santo sejam com todos vós” (2Cor 13,13). A Igreja, ciente da profundidade do tema, não poupou esforços ao longo dos séculos, tanto para amadurecer sua própria compreensão como para responder aos erros que ameaçavam seus fiéis.
Trindade Santa, promotora da Salvação
Como podemos ver neste roteiro redentor, toda economia de salvação é obra comum das três Pessoas divinas, a Trindade Santa. Assim como não tem senão uma e a mesma natureza, a Trindade não tem senão uma e mesma operação. “O Pai, o Filho e o Espírito Santo não são três princípios das criaturas, mas um só princípio” (CIC 258).
A Igreja, então, entende que a obra de salvação viabiliza meios pelos quais as pessoas divinas se dão a conhecer. “Quem rende glória ao Pai o faz pelo Filho no Espírito Santo; quem segue a Cristo, o faz por que o Pai o atrai e o Espírito o impulsiona” (CIC 259). A realização plena da Criação, principalmente do homem objeto da predileção de Deus, é a unidade com a Trindade. “Se alguém me ama, diz o Senhor, guardará a minha palavra, e meu Pai o amará e viremos a ele, e faremos nele a nossa morada” (Jo 14,23). O mistério da Santíssima Trindade deve motivar cada fiel a uma relação madura com Deus e uns com os outros. O amor é o adjetivo do pobre vocabulário humano, que melhor expressa essa perfeita identidade Trinitária de Deus.