Deus não me chama a desistir delas, me chama a interceder. Mas, imagina você ter um Tesouro nas mãos que pode transformar a vida de uma pessoa e ela se recusa a aceitar. É frustrante ou não é?
Colocando essa frustração diante de Deus, me veio a memória da alegoria de Platão, o Mito da Caverna. Quem me conhece sabe que eu amo e uso em quase tudo que realizo na vida:
Segue um resumo para você conhecer (ou relembrar): PLATÃO | MITO DA CAVERNA
Primeiro utilizo esta metáfora para apontar a posição daquele que está preso na caverna e que não sabe de todas as coisas. Ela nos ensina a estar abertos às possibilidades. E dispostos, humildemente, a conhecer as novidades. Deus mesmo é uma Grande e Eterna Novidade!!
Já hoje eu quero falar da perspectiva daquele que correu o risco e experimentou de um mundo novo, de uma vida com mais plenitude. Na nossa linguagem, quero falar da perspectiva de alguém que teve uma Experiência autêntica de Deus e que decide retornar à caverna para anunciar a seus colegas de caverna a experiência que teve.
1 – O lado de fora da Caverna
Ao experimentar Deus, somos convidados a aprender tudo de novo. A ver o mundo com outros olhos, a crescer na Graça através da oração, da Palavra, dos ensinamentos da Igreja e da Tradição Católica. Precisamos nos agarrar no que a Igreja nos oferece para que não chamemos ilusões de verdade. Para que outros enganos nos confundam, ou pior ainda nos corrompam.
No lado de fora da Caverna existem muitas serpentes que nos picam todos os dias, porém, todos os dias Deus nos oferece seus antídotos (A Palavra, os sacramentos, os ensinamentos da Igreja). Até nos tornemos imunes ao veneno delas.
Quando nos tornamos plenos e felizes com a Presença de Deus e seus Amigos, passamos a querer transbordar essa felicidade. Aí entra o segundo movimento: voltar à caverna.
2 – O retorno ao “lugar de onde Deus nos tirou”
Não é fácil nos deparamos com os pecados e ilusões que vivíamos antes de nossa experiência de Deus. Ora nos gera repulsa, ora nos gera o desejo de retornar ao que era mais fácil e cômodo. Nesse momento precisamos negar o nosso orgulho. Sabe aquela vontade de abrir a cabeça da pessoa com a própria mão e colocar Deus lá dentro?!kkkk, isso é sua carne “rangendo”. Precisamos também resistir para que nossos irmãos não nos confundam e convençam que ficar no comodismo é o melhor e quem vive nas ilusões somos nós.
P.S. Qualquer semelhança com as Crônicas de Nárnia não é mera coincidência.
Para que estejamos dispostos a anunciar a Boa Novidade aos nossos irmãos, precisamos enfrentar esses dois desafios, precisamos quebrar os espelhos da repulsa e do comodismo e seguir adiante, e isso só é possível com o auxílio da Graça de Deus. E vencendo-os criamos coragem para fazer o anúncio de forma caridosa e empática (desculpem a redundância, rs).
Uma dica: Esconda-se sob o manto de Nossa Senhora e as chagas de Nosso Senhor. Eles nos mostram a “Verdade Verdadeira”.
3 – O anúncio
Após vencermos a nós mesmos, com a Graça de Deus, precisamos apresentar uma Verdade que o outro ou não conhece ou está tão ferido por seus pecados e os enganos do mundo que não querem mais ouvir.
Nesse momento podemos enfrentar a repulsa do outro, o pecado do outro assim como Jesus compadecendo-se de seus perseguidores enfrentou: no silêncio, na intercessão e no sacrifício de quem “perdoa, porque eles não sabem o que fazem”.
Confesso para você que quando me deparo com a soberba, minha vontade é de seguir Jesus no Vendilhões do Tempo, chicotear tudo!
Mas, clamo o auxílio da Graça e tento com a presença de Maria combater o pecado, sem ferir o pecador. Afinal nosso anúncio é no poder do Espírito!
Isso significa que a pessoa ferida não vai experimentar dor? Não! Ela vai sentir a dor de quem está ferido e recebe uma injeção de cura. Tão dolorosa quanto a proporção de seu ferimento.
Neste momento, a Aline velha precisa dar lugar a Aline que Deus sonhou. Preciso olhar para a pessoa e agir como aprendi a agir na Casa São Francisco diante das crianças que precisamos corrigir: apontamos o erro, esperamos que ela o reconheça e amamos, intercedemos, ensinamos e amamos e amamos e amamos até que ela, por ela mesma, compreenda o que é a Verdade e aceite aderir.
Graças a Deus, na Casa São Francisco testemunhamos experiências incríveis de crianças que foram transformadas pelo Amor, que também é anúncio e exortação, mas principalmente Testemunho de Vida.
E é com essa esperança e confiança que eu entrego a minha frustração a Deus. Renovando meu compromisso de não desistir de ninguém. Renovando meu compromisso de interceder e silenciar muitas vezes. E o compromisso com o auxílio do Espírito Santo, anunciar a Verdade, mesmo que eu seja escarnecida, julgada e humilhada. Pois convém que eu diminua para que Ele cresça e transpareça aos homens de boa vontade.
E assim seguimos, atraindo pessoa a pessoa, à Verdade Verdadeira que é uma só: O próprio Deus e a qual só no Céu veremos inteiramente.
E, não sei você, mas eu não quero perder essa oportunidade de matar a curiosidade e minha sede de Verdade, por nada mais nessa vida!!