Formação

A oferta de Cristo e a profecia da Cruz

A Igreja dedica alguns bons parágrafos do Catecismo para ajudar os fiéis a mergulhar nesse assunto com mais profundidade

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O mistério da Cruz de Cristo e Sua oferta de amor são tão essenciais para se compreender sua missão messiânica, que a Igreja dedica alguns bons parágrafos do Catecismo para ajudar os fiéis a mergulhar nesse assunto com mais profundidade: 

A morte violenta de Jesus não foi fruto do acaso, nem coincidência infeliz de circunstâncias várias. Faz parte do mistério do desígnio de Deus, como Pedro explica aos judeus de Jerusalém, logo no seu primeiro discurso no dia de Pentecostes: ‘Depois de entregue, segundo o desígnio determinado e a previsão de Deus’ (At 2,23). Esta linguagem bíblica não significa que os que ‘entregaram Jesus’ foram simples atores passivos dum drama previamente escrito por Deus” (CIC 599).

É possível notar em alguns pronunciamentos do grande apóstolo dos gentios, São Paulo, esse esforço pedagógico da Esposa de Cristo (Igreja): “Irmãos, de fato, Cristo não me enviou para batizar, mas para pregar a Boa-nova da salvação sem me valer dos recursos da oratória, para não privar a cruz de Cristo da sua força própria. A pregação a respeito da cruz é uma insensatez para os que se perdem, mas, para os que se salvam, para nós, ela é poder de Deus. Com efeito, está escrito: ‘Destruirei a sabedoria dos sábios e frustrarei a perspicácia dos inteligentes’. Onde está o sábio? Onde o mestre da Lei? Onde o questionador deste mundo? Acaso Deus não mostrou a insensatez da sabedoria do mundo?” (1Cor 1,17-20). 

A Cruz de Cristo

A Cruz de Cristo, para muitos na época de São Paulo e para muitos hoje em dia, é insensatez e escândalo, mas para os que conseguiram contemplá-la com os olhos da fé, é poder de Deus e sabedoria de Deus: “Os judeus pedem sinais milagrosos, os gregos procuram sabedoria; nós, porém, pregamos Cristo crucificado, escândalo para os judeus e insensatez para os pagãos. Mas para os que são chamados, tanto judeus como gregos, esse Cristo é poder de Deus e sabedoria de Deus. Pois o que é dito insensatez de Deus é mais sábio do que os homens, e o que é dito fraqueza de Deus é mais forte do que os homens” (1Cor 1,22-25).

A Igreja Católica, desejosa de promover a seus fiéis uma fé madura, anima-os a jamais desvincular os eventuais combates da vida de sua relação com Deus. Isso porque o próprio Mestre e Salvador já havia Se encarregado de purificar as motivações de Seus apóstolos no momento em que os chamou: Se alguém quer me seguir, renuncie a si mesmo, tome sua cruz e me siga. Pois quem quiser salvar a sua vida vai perdê-la; e quem perder a sua vida por causa de mim, vai encontrá-la. De fato, de que adianta ao homem ganhar o mundo inteiro mas perder a sua vida? Que poderá alguém dar em troca de sua vida?” (Mt 16,24-26). Essa é a fé da Igreja e essa deve ser a fé vivida e anunciada por todos batizados.  

Missão Redentora de Cristo

Antes do sacrifício pascal de Cristo, havia entre o povo hebreu a tradição de sacrificar animais, principalmente ovelhas e carneiros nas celebrações, com a finalidade de oferecer culto a Deus, bem como repararem os pecados, no entanto: “A morte redentora de Jesus deu cumprimento sobretudo à profecia do Servo sofredor. O próprio Jesus apresentou o sentido da sua vida e da sua morte à luz do Servo sofredor. Após a sua ressurreição, deu esta interpretação das Escrituras aos discípulos de Emaús e depois aos próprios Apóstolos” (CIC 601). Jesus é o servo fiel e justo, que não tendo pecado, assumiu nossos pecados morrendo em nosso lugar (cf. 2Cor 5,21).

O apóstolo Pedro, consciente da identidade e missão redentora de Cristo, disse: E a esperança não decepciona, porque o amor de Deus foi derramado em nossos corações pelo Espírito Santo que nos foi dado. Com efeito, quando éramos ainda fracos, Cristo morreu pelos ímpios, no tempo marcado. Dificilmente alguém morrerá por um justo; por uma pessoa muito boa, talvez alguém se anime a morrer. Pois bem, a prova de que Deus nos ama é que Cristo morreu por nós, quando éramos ainda pecadores” (Rm 5,5-8). 

Contemplando ainda mais o mistério redentor da Cruz, a Igreja continua dizendo: A morte de Cristo é, ao mesmo tempo, o sacrifício pascal que realiza a redenção definitiva dos homens por meio do ‘Cordeiro que tira o pecado do mundo’, e o sacrifício da Nova Aliança que restabelece a comunhão entre o homem e Deus, reconciliando-o com Ele pelo ‘sangue derramado pela multidão, para a remissão dos pecados’” (CIC 613). 

O olhar agradecido de cada fiel sobre esse mistério de Cruz e Ressurreição deve ser um exercício constante de amor.  A oferta de amor de Jesus é única e supera todos os sacrifícios da antiga aliança: “Fora da cruz não existe outra escada por onde subir ao céu”, como ensinou e viveu Santa Rosa de Lima. 

Que Deus nos ilumine e nos assista com Sua graça, para que cada um de nós abracemos as cruzes que a Providência do Senhor nos proponha viver.


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