Quando nos damos no sacramento do matrimônio fazemos algumas promessas diante da Igreja e uma delas é: acolher os filhos que o Senhor irá nos confiar a nós. Essa promessa por si só já confere grande responsabilidade, tendo em vista o rumo que caminha a sociedade hoje em dia; qquela que contabiliza tudo, até o número de filhos que um casal deve ter. E imagine se esses filhos puderem vir com necessidades especiais.
Eu me chamo Andrêssa, e sou casada há 7 anos com Gustavo. Temos quatro filhos, conosco, e um no céu. Nosso mais velho leva o nome do pai, Gustavo Filho, o Gustavinho ou Guga, como costumamos chamar. Ele tem seis anos de idade e é diagnosticado com o Transtorno do Espectro Autista (TEA) nível II de suporte, sem deficiência intelectual e com prejuízo na comunicação verbal.
Guga foi diagnosticado aos três anos idade, mas desde os dois, já notávamos alguns comportamentos típicos do TEA, como: andar na ponta dos pés, não se comunicar verbalmente, falta de interação social, seletividade na alimentação e entre outros. Apesar da desconfiança escutávamos muito das pessoas: “calma, cada criança tem seu tempo” ou “ele só está assim porque nasceu o irmão”, etc.
Mas na verdade não era bem assim. Pois nessa idade, chamada marco do desenvolvimento, já se espera que a criança utilize da fala para se comunicar e interagir, coisa que não acontecia. E assim que o diagnósti foi selado. É nesse momento que você vai descobrindo que o autismo é de origem genética e que você tem grandes chances de ter mais filhos com esta condição. E agora Senhor? Como cumprir a promessa? O medo, a sensação de incapacidade e de sobrecarga assolam nossa cabeça e coração, mas Deus não erra!
Em Jeremias 1,5 diz: “antes que te formastes dentro do ventre de tua mãe, te conhecia, te consagrei para te fazer profeta das nações”. Então, Deus conhece toda a nossa genética, cada vida é escolhida, amada e querida por Ele para uma missão específica. Cada um de nossos filhos trás consigo um chamado e uma vocação, e isso vai muito além das limitações físicas e necessidades particulares de cada um. Cada um ainda trás seu jeito de ser uma forma de iluminar a humanidade, e é por isso que não devemos temer.
É muito comum chegarmos aos lugares com Guga e sermos questionados, como por exemplo: “mas ele é filho único, não é?”. E aí diante da resposta negativa as pessoas se espantam, perguntam como conseguimos e como temos coragem. Agente sorri e diz: “pois é, Deus foi mandando, rs”.
Viver o abandono não é fácil, mas Deus é Senhor e sabe, Ele não deixa seus filhos sós. Por isso não tenhamos medo de acolher aqueles que o Senhor nos envia, sejam eles com algum tipo de deficiência ou não. Aliás, toda criança tem sua necessidade “especial”, um mais tranquilo (precisa de silêncio), outro mais agitado (precisa de espaço), um é mais falante, outro mais tímido e por aí vai, todos sonhados e criados por Deus.
Por fim, nós precisamos conhecer e entender cada filho para educá-lo e levá-lo para Deus, cada um conforme suas necessidades específicas. O próprio Deus não deixa faltar a graça e a sabedoria necessária, pois tudo vem dEle. Não tenha medo de um diagnóstico, não paralise, confie em Deus, na virgem Maria e em São José que juntos alcançaremos o céu! Deus é Bom!
Obrigada Senhor por nos confiar filhos teus, sonhados por ti para este mundo!
Deus abençoe, Shalom!
Andrêssa de Andrade, psicóloga, e Gustavo Felix, professor.
Discípulos da Comunidade de Aliança.
Este texto é maravilhoso! Demonstra uma fé viva e vivida em sua essência e em sua totalidade! Grande admiração, tenho muito a aprender. Obrigada por compartilhar conosco.
Gosto muito da leveza e fé, que Andressa conduz a crianção de seus filhos principalmente o com necessidade especial, tento me espelhar nessa fé,e confiança.