A fotografia nos conecta com as pessoas, com o mundo e sobretudo com Deus de uma forma muito poderosa. Consegue se comunicar e se estabelecer tanto num plano social e coletivo, quanto penetra profundamente na intimidade de cada pessoa quando ela é capturada pelas lentes de um fotógrafo cheio de sensibilidade e que possui um olhar para além do que se vê, um olhar purificado pelo amor à humanidade e também pelo amor a Deus.
No Dia Mundial do Fotógrafo, nossa redação entrevistou três profissionais que contam mais sobre a sua vida, profissão, vocação e relatam como a fotografia se tornou um campo de missão fecundo para a evangelização.
>> Clique aqui para seguir o canal da “Comunidade Católica Shalom” no Whatsapp
Vitor Jhordan, casado, Postulante CAL, 28 anos – São Luís (MA)
COMSHALOM: Como se deu a sua experiência com Deus a partir da fotografia?
VJ: Na faculdade eu estava no grupo de oração e um professor de publicidade que já fazia parte de um grupo me indicou o curso. A partir daí eu já olhava para a fotografia como um caminho de poderia seguir. Com o tempo, já a partir de 2013 comecei a trabalhar com fotografia profissional e em paralelo servir no ministério de comunicação da missão. Então todo o cuidado e o olhar de Deus fizeram parte dessa caminhada, tudo o que vivia na vocação eu levava para o meu trabalho e me fazia viver de forma plena o meu chamado.
No início, pela demanda do mercado de trabalho na minha cidade busquei fazer vários tipos de fotos, contudo pela experiência com Deus nunca busquei fazer ensaios femininos mostrando a sensualidade feminina e deixo bem claro isso no meu perfil profissional, na minha vida. Além disso, sou casado há 8 anos e tenho máximo respeito pela minha esposa que sempre me acompanhou e me ajudou a crescer como homem e como fotógrafo.
COMSHALOM: Como você lida com as várias propostas de trabalho que aparecem e não condizem com o seu chamado vocacional?
VJ: no começo apareceram várias propostas tentadoras mas sempre trouxe para a minha vida profissional o Vitor católico, casado, da Comunidade Shalom. Sempre tive esse olhar e esse cuidado tanto com a minha vocação quanto com minha esposa e família. É como eu me apresento e apresento os critérios do meu trabalho, é aquilo que eu vivo. É preciso fazer isso, é como você divulga o seu trabalho e a minha fotografia é essa: não mostrar o lado sensual das pessoas mas mostrar o que é belo.
Então as pessoas me perguntam se eu faço ensaio infantil, de casamentos? Eu vou e mando meus trabalhos, posto os ensaios nas redes sociais e é uma oportunidade de testemunhar a minha vocação. Até tive o cuidado de colocar no meu perfil profissional ‘especialista em casamentos católicos’ porque sou muito procurado por esse tipo de fotos, porque sou católico, da igreja.
COMSHALOM: sendo fotógrafo de casamentos que tipo de cuidados você toma para que os noivos possam viver bem a sua celebração?
VJ: um casal me procurou para fazer as suas fotos e nenhum deles são crismados, me procuram por indicação de uma amiga e por saberem que sou católico. Então eu sei da importância do casamento religioso, pediram minha opinião, os detalhes da festa e queriam muito que fosse eu pela minha vivência de católico. A atenção principal deve ser a cerimônia e saber dar sentido à ela. Dar dicas como hora pra levantar, sentar, essas coisas. Existe um cerimonial para cada celebração e na comunidade, mas é preciso estar atento e dar as indicações corretas. É muito engraçado quando acontece, mas ao mesmo tempo é muito natural de quem está ali fotografando. Atenção total aos noivos.
Atualmente existem pessoas que fotografei, clientes que participam de grupos de casais, assim como outros que tiveram sua experiência com Deus. Muitas vezes estou rezando na vigília e no dia seguinte recebo mensagens de agradecimento por graças recebidas e partilhas sobre familiares.
COMSHALOM: Sendo Shalom e evangelizando através da fotografia, teve algum momento marcante em uma dessas cerimônias para você?
VJ: em um noivado me senti muito alcançado por Deus para falar alguma coisa para o casal mas não conhecia ninguém. Era uma família tradicional católica mas que só ia na missa do domingo. Então peguei um poema de São Francisco, muito lindo que fala sobre o amor, recitei, expliquei e pronto! Virei o xodó da família. Quando eu vejo uma brecha para evangelizar, eu vou e falo, faz parte de mim, de quem eu sou.
COMSHALOM: Tendo uma família e sendo fotógrafo, como a providência de Deus age na vida do dia-a-dia?
VJ: Eu vou confiando muito em Deus mesmo, e corro atrás para dar o suporte necessário para minha família. A confiança em Deus é sempre presente porque muitas vezes, eu ou a minha esposa precisamos dar um ao outro esse suporte. Então tem época que a gente diz ‘preciso pagar o carro’ ou ‘preciso pagar essa conta’ e quando não dá a gente reza, espera em Deus e as oportunidades e é assim mesmo.
Colocamos tudo diante de Deus e da Comunidade: namoro, noivado, casamento, mudanças. Então precisamos confiar, viver o processo. Pode demorar um dia, dois mas Deus sempre manda o necessário pra gente viver. É tão real a providência, e ela age por meio dos irmãos e pelas mãos de pessoas que fazem parte da nossa realidade de trabalho. No meu casamento foi assim, ganhamos quase tudo por mediação dessas pessoas, muitos que não são da Igreja mas que pela amizade, pelo contato diário decidiram nos ajudar.
COMSHALOM: O que é necessário hoje para que uma pessoa possa se lançar como fotógrafo? Que virtudes deve possuir um jovem que se coloca à serviço do Reino de Deus dentro do setor de comunicação?
VJ: acredito que é preciso uma coragem, uma confiança em si mas sobretudo uma confiança que parte de Deus, para que saiba que aquilo é para você. É acreditar que isso é um chamado, porque nós tocamos em histórias. Meu slogan é ‘contando histórias através de imagens’ porque sempre estou ali contando a história das pessoas, registrando os momentos. É entender que é um trabalho, mas que nele eu toco em realidades muito profundas, em que uma fotografia, um ensaio por exemplo pode ser a única lembrança de alguém que já se foi para aquela família. É preciso compaixão.
É uma oportunidade de ter contato com as pessoas, de anunciar o Evangelho, saber ouvir e até mesmo enxergar e instigar a pessoa de uma forma diferente, enxergar isso como um dom de Deus. É entender que você está ali para que, mesmo tudo dando errado (atraso de buffê, falta de energia, decoração feia) seu cliente, a pessoa que Deus te confia, não se perca em meio ao caos. Focar no que a pessoa está vivendo e animar ela de todas as formas para que se sinta à vontade. Ouvir um “a gente sente a presença de Deus quanto você está perto” é algo que gera muita gratidão mim.
É muito importante sentir que meu trabalho é útil para a comunidade fora do meu serviço. São esses momentos que confirmam a vontade de Deus para mim e para a minha família, em todos os desafios e bênçãos que vivemos como Shalom.
Acompanhe o trabalho de Vitor Jhordan no Instagram: @vj.fotografia
Rafaela Camelo, 27 anos, Fotógrafa e Mentora – Brasília (DF)
COMSHALOM: Como foi o seu começo na fotografia? Por quê ser fotógrafa?
RC: Comecei a fotografar com o celular e fazia uns cliques legais em 2012. Fui vocacionada da Comunidade Shalom. Nela, algumas pessoas me inspiraram a usar esse dom para as coisas de Deus. Fui da comunicação, usava uma câmera que não era minha, era do pessoal, e ao mesmo tempo trabalhei por um tempo em uma escola. Um dia minha mãe perguntou se eu não pensava em trabalhar com fotografia, mas me perguntava se fotografia era realmente uma profissão, eu amava, mas associava trabalho a algo pesado. Então minha mãe investiu na minha primeira câmera e em seis meses, de fato, estava trabalhando só com fotografia.
Com o tempo fui percebendo que a minha vocação não caminhava separado da minha profissão, que era mostrar essa beleza que vinha do céu. No Shalom aprendi muito isso, de não ter uma vida dupla, que era tudo uma coisa só. Então comecei a usar o dom que eu tenho pra evangelizar outras pessoas também. Recebo ainda muitos testemunhos de pessoas que veem as fotos de casamento e se decidem pelo matrimônio, casar de fato na Igreja, e isso é muito gratificante pra mim.
COMSHALOM: Como foi esse despertar vocacional para a fotografia católica?
RC: acredito que foi dentro dos eventos que eu fazia nas comunidades, como o PHN. Via que eu postava as fotos e a galera falava ‘eu não estava no PHN, mas eu me senti no PHN. Isso foi um grande empurrão, de perceber que a fotografia ia além de uma foto de Instagram, era um veículo de santidade, de me lembrar que o céu é próximo, de que o céu tá aí.
COMSHALOM: Vendo cada uma de suas fotos, percebemos uma grande sensibilidade e cuidado no tratamento das imagens. De onde vem sua inspiração?
RC: essa sensibilidade veio de fato da minha experiência com Deus. Se eu não tivesse encontrado o sentido da minha vida, acho que seria só mais uma fotógrafa. Não me vejo como a fotógrafa que tem mais técnica, ou que entende mais de câmera. O diferencial é me deixar ser levada por aquilo que eu acredito, de saber que aqui, nesse mundo tudo passa, e saber que existe um lugar onde as coisas não tem fim, que é o céu. Se não fosse isso, não alcançaria tantas pessoas quanto eu alcanço hoje.
Meu foco não é tanto a técnica, a edição. É mais o olhar, perceber que quando fotografo alguém sei que ela não é apenas a minha fonte de renda, mas uma alma que vou ao encontro. Quando vou para os ensaios, sei que vou para ter uma experiência com a pessoa. Ela não contrata a minha foto, contrata a experiência que ela tem comigo. E às vezes, a pessoa nem quer muito ser fotografada, mas conversar.
COMSHALOM: você pode contar sobre uma dessas experiências?
RC: uma pessoa que hoje é minha amiga, e antes era uma cliente me procurou porque estava com depressão e precisava ‘se enxergar’. Como assim? Apenas para se ver bonita? Não mesmo. Se ver não apenas do ponto de vista estético, mas como Deus enxerga ela de fato. Então as pessoas não me contratam apenas pelas fotos, mas porque sabem que respeito a celebração, permaneço atenta a homilia. Entendo a liturgia e tudo o que acontece na missa, sei que a celebração é mais importante que as fotos.
COMSHALOM: O que é necessário para crescer na fotografia? Que virtudes fazem parte de um bom fotógrafo?
RC: Acredito que não apenas para fotógrafos, mas pra quem já está no mercado, em outras áreas também. Ainda falta muito pra quem já está estruturado, incentivar e ajudar outras pessoas, falta um empurrãozinho e falta pra quem tá começando uma dose de coragem. Ontem, por exemplo, eu tive uma inspiração de enviar uma carta por e-mail para meus seguidores sobre não desistir, não ter medo. O que mais tem nesse meio da fotografia são pessoas que tem medo de viver de fotografia, de não saber se estruturar a partir dela. Tem muita gente talentosa, mas tem medo… se é o teu sonho, apenas vai. No começo não é fácil, é preciso um coração ancorado em Deus.
Recebi um testemunho de um amigo dizendo ‘Rafa, através das suas postagens, da sua vida eu tomei coragem de dar esse passo no que eu sonho viver’. É acreditar que Deus não nos chamou para águas mais profundas, para nos afogarmos, para a gente morrer. Antes que eu sonhe, preciso acreditar que Deus sonhou primeiro essa vida para mim. O que nos faz continuar é essa amizade com Deus. Aí quando pensamos em desistir, lembramos onde está a nossa confiança, o nosso socorro.
COMSHALOM: podemos dizer então que gratidão deve fazer parte da vida de todo profissional de comunicação também?
RC: o meu trabalho graças a Deus me permite ter uma liberdade financeira e poder viajar sempre. Vejo as pessoas querendo isso e penso: Jesus, muito obrigado pela oportunidade de não só conhecer lugares novos, mas conhecer pessoas, histórias novas. Poder contar as histórias dessas viagens é muito incrível e gratificante.
Tenho um projeto no meu instagram chamado ‘fotografando desconhecidos’. Sempre quando viajo, e posso fazer algo diferente, fotografo pessoas que não conheço. Me apresento, peço pra pessoa contar sua história, pergunto se posso fotografar ela. Quando a pessoa vê a foto que não foi cobrada e se alegra, chego a dizer que é muito mais gratificante do que alguém que me contrata. Moradores de rua, trabalhadores na praia que estão ali vivendo a vida deles, é muito legal fotografar a vida ali acontecendo, é o extraordinário no ordinário. Realmente há mais alegria em dar que receber. Isso falta também, ir ao encontro, escutar as pessoas, sair do comodismo.
COMSHALOM: Se pudesse, o que diria pra Rafaela que estava começando a buscar seus sonhos lá atrás?
RC: Eu diria pra ela não escutar os ruídos, pra focar somente no que tem que fazer que é amar as pessoas, em se doar sem olhar para trás e viver um dia de cada vez. Quando a gente tem esse olhar de oferta que é algo que também aprendi na Comunidade Shalom, se você oferta tudo o que tem no coração, sem medidas, sem reservas, você vai ser feliz. Mesmo quando existirem pedras no caminho, mesmo quando você não receber naquele mês, quando achar que está tudo desmoronando, vai dar certo.
COMSHALOM: Essa oferta de vida trouxe maturidade? Melhorou a vivência da sua fé?
RC: eu tenho certeza que amadureci, no sentido de com o tempo isso acontecer naturalmente. Porém se eu tivesse a cabeça que tenho hoje, não estaria onde estou. Sempre fui uma menina muito positiva, até impulsiva mesmo, sem ser prepotente tive um coração de criança, sonhava bastante. Sabe quando você pergunta para uma criança ‘com o que você sonha? O que quer ganhar?’ Ela não pensa se é caro ou muito difícil, ela só sabe que o pai dela pode dar o que pediu.
Minha mãe foi muito importante no começo da minha carreira. Me deu a primeira câmera, me incentivou a comprar meu carro e sempre me lembrava que se eu desse o primeiro passo, Deus faria acontecer. Sempre acreditei nisso, a gente precisa dar o primeiro passo sem ficar esperando muito, e Deus vai fazer a parte dEle. A gente se arrisca em tantas coisas que não valem a pena então, por que não se arriscar naquilo que você acredita, que é vontade de Deus? Precisa ser um pouco louco na vida, precisamos arriscar, o mundo é dos corajosos e de fato eu experimento isso.
COMSHALOM: Você fotografou o Missionário Shalom, por ocasião dos 25 anos deles. Como foi essa experiência de ser chamada para fazer um ensaio com o MSH?
RC: A Keciane me indicou. Ela já me seguia e conhecia o meu trabalho e disse que precisavam de fotos novas. Fui para Fortaleza e pra mim o que soava como algo muito distante estava se realizando, de viajar, levar minha arte para outros lugares, de reconhecerem meu trabalho. E foi um ensaio tão leve. Disseram que fui muito calma, paciente e esse momento foi muito especial para mim.
Acompanhe o trabalho de Rafaela Camelo no Instagram: @rafaelacamelofotografia
Matheus Macêdo, 27 anos, Jornalista, Postulante CAL – São Paulo (SP)
COMSHALOM: A sua caminhada vocacional iniciou a partir do contato com o ministério de comunicação?
MM: o meu primeiro contato com a comunidade foi a partir da fotografia, em 2020 um pouco antes da pandemia. Era ligado à minha paróquia e estava me formando em jornalismo quando senti o desejo de participar do vocacional aberto. Um casal de amigos da Comunidade de Aliança entrou para estudar na faculdade e faziam a maior propaganda do vocacional, do Shalom. Servi no Renascer como fotógrafo e no momento da efusão, me pediram para participar daquele momento e deixar um pouco a câmera de lado. Tive minha experiência com Deus lá e no ano seguinte, após um tempo de aprofundamento, de autoconhecimento percebi que minha experiência foi fruto da minha oferta na fotografia do Reviver.
Através das lentes eu tive esse entendimento da importância da fotografia. Entendi que não era apenas um meio para divulgar algo, mas fui alcançado por Deus fotografando os outros. Nesse ano de 2023 voltei a lembrar dessa experiência e uma pessoa que rezou por mim disse “Deus te vê. Não é apenas você que vê as pessoas através das lentes, Ele te vê.” Isso foi muito forte.
COMSHALOM: Você também é radialista. De que forma o trabalho com rádio entrou nesse meio tempo?
MM: Em 2020 no mestrado eu tinha uma disciplina de educação comunitária, e eu achei a realidade da rádio comunitária incrível, porque se trata das pessoas aprenderam a produzir a sua própria notícia, sua comunicação. Pesquisado sobre essa realidade encontrei um projeto em Santarém (PA) que era de uma ONG Saúde e Alegria. Fui para lá pra me aprofundar e descobri que existe um núcleo da Obra Shalom nessa cidade e fui muito bem acolhido.
A rádio já não existia mais, mas fazia parte da vida dos moradores e ficaram os registros, as fotos. Pude concluir o mestrado e no início de 2023 recebi uma proposta para trabalhar na Rádio América em São Paulo. Produzo a parte de jornalismo e apresento o programa de notícias no final da tarde. Tudo graças a providência de Deus hoje trabalho aqui na Canção Nova.
COMSHALOM: Quais são hoje os grandes desafios do setor da comunicação, na sua opinião? Como lidar com as diferentes realidades que encontramos no ministério?
MM: Os jovens são muito curiosos em relação a fotografia e uma câmera chama a atenção. Hoje em dia eles são muito esforçados, muitos entendem bastante de tecnologia e desejam aprender sempre. Então uma coisa é você fazer, outra é ensinar. Exige esforço, trabalho diário. A comunidade te dá a oportunidade de trabalhar, de ter contato com irmãos que são feras e muitos são acessíveis. Porém é sempre importante partilhar o quanto esse serviço é exigente, suga mesmo a gente.
Vejo muitos irmão feridos na comunicação, que vivem grandes desafios, e é preciso entender que a comunicação é nosso trabalho profissional, mas a comunidade necessita do nosso serviço nesse âmbito. É preciso que da parte da comunidade exista um olhar cuidadoso, atento nas várias realidades de apostolado. Depende muito das autoridades crescerem no diálogo constante e de nossa parte estarmos atentos a sobrecarga de trabalho.
Outra realidade é o discipulado. Sempre precisamos deixar claro, tanto nos eventos quanto no dia a dia da missão que a fotografia é importante mas sobretudo é preciso respeitar o espaço sagrado, respeitar o outro no seu momento de intimidade com Deus. É sempre bom orientar os fotógrafos a procurar o “diferente”, no sentido de que o olhar fotográfico precisa ser treinado, na prática, também com referências. Quanto mais você bebe de Deus, procura fotógrafos ou assiste filmes, séries para ter referências na sua fotografia isso é importante.
É preciso ter um olhar diferenciado, purificado. Onde me posicionar, de onde vem a melhor luz para aquele clique diferente para daí encontrar “a foto” do evento. Precisamos constantemente de formação, de cursos, workshops, de estar juntos e é preciso atenção a realidade de cada missão. A disposição, o coração aberto, a mente aberta para aprender facilita muito. Muitos veem a comunicação de forma geral como algo muito técnico, ligado apenas ao fazer. Mas é preciso clamar o Espírito Santo, uma inspiração divina, lembrar que não somos uma empresa, uma agência. Precisamos ter espaço para uma vida de oração permanente.
COMSHALOM: De que forma tudo isso levou você a ter um novo olhar sobre si mesmo e sobre a necessidade de formar as pessoas, de evangelizar?
MM: Muitas vezes a gente não confia no nosso potencial, e a Comunidade tem esse olhar atento, de passar essa confiança que talvez a gente não tenha. E nesse processo que vivi eu cresci em diversos aspectos, porque uma coisa vai puxando a outra. A Comunidade viu em mim algo que eu não via, um líder e eu ainda tenho dificuldade de entender isso. Hoje eu tenho começado a aceitar mais isso.
Conversando com a minha coordenadora da Canção Nova, sobre assumir a coordenação da comunicação no Halleluya, pensando se ia conseguir fazer isso ela disse que ao assumir uma liderança, uma coordenação, Deus dá uma graça muito específica para quem vai realizar isso. Comecei a rezar com essas palavras e me colocar diante dos propósitos de Deus, e me abrir mais a essa graça e acolher pra minha vida. E também de cuidar dos meus irmãos. Eu levanto a bandeira para cuidar deles.
Sei da missão que nós temos, da nossa importância, da nossa evangelização, comecei a compreender como é a forma da minha evangelização como missionário comunicador. Seja numa postagem de vídeo nas redes sociais, no rádio, num podcast, numa foto. Comecei a acolher meu trabalho e profissão durante o vocacional, entender que eu sou chamado a ser Comunidade de Aliança, jornalista, comunicador e que minha vida vocacional e profissional estão totalmente entrelaçadas. Aonde eu for sou missionário e jornalista ao mesmo tempo.
Aqui na Canção Nova isso se completa. O ambiente me proporciona isso, exercer meu trabalho como jornalista, trabalhando com o factual e ao mesmo tempo evangelizando, falando do papa Francisco, trazendo a mensagem da Igreja, chegando a lugares que eu não faço a menor ideia através do rádio. Um bom exemplo foi no Acamp’s, porque fiz a divulgação dele pelo instagram e lá dentro os jovens me reconheciam, me paravam na fila. Tive a noção de que a mensagem estava sendo entregue, as pessoas acompanham o conteúdo que produzimos e tiveram sua experiência com Deus. Isso foi surpreendente.
Acompanhe Matheus Macêdo no Instagram: @mathmacedosh