Com o testemunho do mistério de dor e amor da sua própria família, Padre João Chagas conduziu os participantes do Retiro de Semana Santa de Fortaleza e do ambiente virtual, a compreenderem os sofrimentos de suas vidas a partir do mistério da Paixão do Senhor, na manhã desta Sexta-feira Santa, 29 de março.
Há mais de vinte anos em missão na Itália, a serviço do Dicastério para os Leigos, a Família e a Vida, no Vaticano, ele retornou neste mês ao Brasil para a Diaconia Geral.
Logo no início da sua pregação intitulada “Jesus, amou-nos até o fim”, ele recordou que em 2016 esteve no Brasil e também pregou na Sexta-feira Santa do Retiro. Nessa época, ele revela também ter enfrentado um sofrimento familiar com uma enfermidade de saúde do seu pai – que neste ano, participa do evento.
“Tem sempre algo na nossa vida que nos une ao mistério de Cristo. A cruz está sempre presente em nossa vida“, declarou Padre João Chagas.
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A fé é relacional
Para introduzir o tema da pregação, ele destacou a importância dos fiéis considerarem, antes de tudo, os princípios da fé cristã, pois, seja ela teológica ou moral, precisar ser: relacional, concreta e pascal. Elas são fundamentas nos três mistérios: Trindade, Encarnação do verbo e páscoa do Senhor.
“Nossa fé é relacional, pois se baseia no mistério da Trindade, é concreta pois precisa ser encarnada e é pascal porque gera transformação de vida“, salientou Pe. João.
Deixar Jesus ler a nossa história
Diante dessa perspectiva de fé, ele recordou a ensinamento de Santo Agostinho que disse que se pode encontrar a Deus “nos vastos campos da nossa memória e história“. Padre João deu o exemplo dos pais que têm o costume de colocar os filhos no colo e mostrar o álbum da família. “Nós precisamos deixar que Jesus nos ponha no colo e nos apresente a nossa história“, afirmou.
“Ao longo deste dia, na Celebração da Paixão e durante a Via Sacra, repita: Foi por mim, porque Ele me ama”, orientou Pe. João.
O sacerdote tocou em um assunto delicado para o público, a perda de familiares queridos. Ele disse que mesmo quando alguém querido falece, a experiência que se teve com a pessoa não se perde, pois a relação que foi construída com ela não morre.
“Jesus, por sua Morte e Ressurreição, mostrou em sua carne, com sua vida, que nada pode nos separar do amor de Deus. Ninguém pode roubar do seu coração a experiência de amor vivida. A nossa fé relacional é concreta. Aquilo que você viveu na sua carne, no seu coração, as dores e alegrias que viveu em sua carne não poderão ser apagadas. As feridas de dor e amor que foram produzidas na sua memória ninguém pode roubar”, assegurou.
“Não há poder mais forte que o poder do amor. Até mesmo a dor mais atroz se inclina ao poder no amor“, afirmou ele.
Um testemunho pascal
Padre João Chagas compartilhou com os fiéis a história de um familiar que, após um ano de sofrimento, faleceu em decorrência de uma enfermidade. Ele detalhou que era um “jovem com um corpo ferido, desacordado por não suportar a dor, mas que depois , ao acordou, mostrou um sorriso de Ressurreição“
Para o sacerdote, um dos diálogos marcantes que teve com o rapaz em seu leito de morte, foi quando ele revelou que durante “este ano de mistério de dor, o mais importante foi ter as pessoas tão perto de si e ter podido conviver com elas de maneira tão intensa”. E que “o que ele pedia a Deus era a paz para aqueles que amava”.
“Maior do que qualquer grito de dor ou desespero, são a eloquência de um sorriso, de um abraço, da palavra afetuosa, dos sacrifícios que emergem dos inúmeros calvários da nossa existência“, ressaltou Pe. João.
Com esse convite a ressignificar os sofrimentos a partir da fé, ele afirmou que “Deus não quer que a gente sofra, mas o amor nos torna vulneráveis” e que “amar supõe também a disposição ao sacrifício”.
Amou-os até o fim
Por fim, Padre João apresentou aos participantes uma perspectiva nova sobre a relação de Jesus e aquele que o traiu, “Jesus amou Judas até o fim“, afirmou ele. “E mesmo sabendo da trama de Judas, Jesus não baniu da sua vida, deixou Judas participar da Ceia, deu o pão para ele, lavou os seus pés”.
Com essa afirmação, o Padre propôs que os fiéis refletissem como agem, quando se deparam com aqueles que os odeiam, que falam mal e que os traem. Segundo o padre, a esperança que Jesus demonstra em Judas é uma esperança cega.
Ele explica ainda que o Senhor retirou de Judas as acusações que poderiam o levar para o Tribunal, ao mesmo tempo que também tirou de Judas o poder: “quando diz que ninguém tira a sua vida, ‘pois Eu a dou livremente’ (Jo 10, 18) e também quando falou ‘faça o que tem que fazer'” (Jo 13, 27).
Saiba como foi o 2º dia do Retiro:
Participe do Retiro de Semana Santa 2024
O Retiro de Semana Santa Shalom 2024 já começou e ainda dá para você participar. Em Fortaleza (CE) está acontecendo no Ginásio Paulo Sarasate, com inscrições realizadas no local, mas também há a opção on-line para aqueles que não possui Comunidade Shalom em sua cidade. Acesse o site oficial do evento: www.semanasantashalom.com.br e inscreva-se.
Serviço
Retiro de Semana Santa (on-line)
Quando: 28 a 31 de março de 2024
Inscrição para o retiro on-line: semanasanta.com.br