O sofrimento é a dimensão da vida humana mais difícil de compreender e da qual ninguém pode se esquivar. Porém, a maneira como sofremos e as respostas que damos diante do sofrimento revelam a nossa compreensão acerca da vida, acerca do ser humano e acerca de Deus.
A antropologia bíblico-cristã parte de uma visão integral do ser humano e proclama que, por meio da sua Encarnação, Vida, Morte e Ressurreição, Jesus Cristo, o Filho de Deus, salvou e libertou a humanidade inteira do pecado e do mal. Inseridos em Cristo experimentamos a graça da salvação que nos capacita a desejar o bem, a lutar contra o mal e a transcender o sofrimento.
Em contraposição a essa visão, a cultura pós-moderna apresenta diversas propostas para a realização da pessoa humana que, na sua maioria, são baseadas no consumismo, no individualismo e no hedonismo. Contudo, todas essas propostas demonstram-se falhas diante das mais variadas realidades de sofrimento, sobretudo porque elas não são geradoras de sentido, mas, ao contrário, conduzem ao desprezo e ao descarte das pessoas mais frágeis e consideradas indignas de atenção.
Qual é a colaboração da teologia diante desta realidade tão desafiante? Sabemos que sem uma visão adequada sobre o ser humano e, ao mesmo tempo, uma visão adequada sobre Deus, não seremos capazes de dialogar com a cultura contemporânea diante das suas propostas de realização para a pessoa humana. Mas como poderemos falar sobre o sofrimento sem incorrer no erro de assumir um discurso dolorista ou moralista, diferente daquilo que Jesus ensinou através das suas palavras e ações? Como podemos falar de Deus diante do drama do sofrimento humano? Será a teodiceia a resposta mais adequada? Qual é a imagem de Deus que nossos discursos, catequeses, pregações e homilias transmitem, e de que forma poderiam colaborar para a construção de uma sociedade mais humana?
Busca-se o diálogo entre fé e cultura, sobre a temática do sentido do sofrimento no mundo contemporâneo. Para o desenvolvimento desse diálogo, delimitaremos o nosso campo de estudos, privilegiando o aprofundamento do livro Homo Patiens. Projeto de uma Patodicéia.
A Carta Apostólica Salvifici Doloris apresenta o sentido cristão do sofrimento à luz do Mistério Pascal de Cristo. É sob essa ótica que o cristão é chamado a viver o próprio sofrimento. Para o Papa João Paulo II, isso não significa aceitação passiva do sofrimento ou da dor, visto que na sua opinião o sofrimento contém em si um singular desafio à comunhão e à solidariedade. O sentido salvífico do sofrimento só poderá ser interpretado à luz do amor salvífico de Deus, manifestado em Cristo desde a sua Encarnação, até a consumação da sua obra redentora na Cruz e Ressurreição. Portanto, todo aquele que une os seus sofrimentos aos de Cristo participa da obra de salvação do mundo e aprende a dar respostas autenticamente cristãs diante do sofrimento do próximo, que são a disponibilidade, a compaixão e a solidariedade. Assim ele afirma que o ser humano só pode encontrar a sua própria plenitude no dom sincero de si mesmo.
No livro Homo Patiens, Frankl confronta várias visões psicológicas e orientações sociológicas que negam a liberdade do sujeito diante da trágica realidade do sofrimento. Na sua visão logoterápica, considera o sofrimento inevitável uma possibilidade de maturidade, crescimento, transformação interior e de realização do sentido da própria existência do ser humano. Porém, afirma que um sofrimento só pode ser autêntico, quando é vivido “por amor de alguém”, e esta passagem só é possível através de uma postura auto-transcendente, que rejeita o antropocentrismo e abre-se a Deus, o interlocutor silencioso, mas presente do homem.
Para Frankl a vida tem sentido “apesar de tudo”, por isso o sofrimento humano, porque faz parte da vida, também é dotado de sentido. Assim, ele demonstra que para uma visão adequada sobre o ser humano não se pode permanecer no nível da imanência, porque, assim como a vida, o sofrimento também nos questiona, exige uma postura e, no caso do homo patiens, a resposta depende da sua capacidade de autotranscedência, de diálogo com Deus e de abertura aos outros, também numa dimensão de serviço, de tomar a vida como missão.
Assim, partindo do diálogo com a cultura pós-moderna e do questionamento acerca do sentido do sofrimento, tema comum a todos, crentes e não crentes, apresentaremos, através das obras Homo Patiens de Viktor Frankl e Salvifici Doloris de João Paulo II, a possibilidade de encontrar, no sofrimento e apesar dele, a descoberta de valores, de redenção e de doação de si aos outros. Partindo dessas duas obras, vamos favorecer o discurso catequético e kerigmático sobre a imagem de Deus, especialmente diante do desafio do sofrimento humano.
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