Igreja

Migrantes: imagem viva do povo de Deus

É Jesus – faminto, sedento, estrangeiro, nu, doente, preso – que bate à nossa porta, pedindo a nossa ajuda. E para cada irmão e irmã que passa necessidade, que não se ama nem se respeita, que não conhece o amor de Deus, neles encontramos uma oportunidade de ser um com Nosso Senhor Jesus Cristo, para acolhê-los e assisti-los concretamente em seu sofrimento e pobreza material, mas sobretudo moral e espiritualmente.

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La huída a Egipto (Giotto)

No dia do migrante, recordamos o menino Jesus, que fugindo da morte experimenta, juntamente com José e Maria, a dramática condição de refugiado. A Sagrada Família então se torna imigrante no Egito para salvar aquele que é o salvador de todos nós (Mt 2, 13-15). Quanta dor, medo e incerteza conheceram os seus corações. Essa triste realidade prolonga-se no tempo, e ainda hoje atinge centenas de milhares de pessoas, que fogem da opressão e abuso, da insegurança e discriminação, da fome e da morte. 

Essas situações são significativamente agravadas pelas guerras, e no meio de tanta dor e sofrimento, são amparadas pela esperança e a fé, virtudes que movem os corações em busca de uma vida melhor, de uma vida livre e feliz. Esperança e fé sustentam a luta por dignidade e paz, nutrindo a coragem para seguir em frente, mesmo diante de barreiras aparentemente intransponíveis.

 
 
 
 
 
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Deus caminha com seu povo

Esperança e fé, na verdade, são marcas indeléveis da presença divina presente na história da salvação. “O Senhor, teu Deus, vai contigo; não te deixará sucumbir nem te abandonará” (Dt 31, 6). E muito além do que olhos humanos podem perceber, Deus não apenas acompanha a jornada do seu povo, mas a precede, preenchendo de esperança e fé os corações dos seus filhos, de todas as épocas e lugares.

Escrevendo para o dia mundial do migrante e do refugiado deste ano, o Papa Francisco fez uma consoladora memória: “é possível ver nos migrantes do nosso tempo, como aliás nos de todas as épocas, uma imagem viva do povo de Deus em caminho rumo à Pátria eterna. As suas viagens de esperança lembram-nos que ‘a cidade a que pertencemos está nos céus, de onde certamente esperamos o Salvador, o Senhor Jesus Cristo (Flp 3, 20)’” .

O Santo Padre igualmente ressaltou que esses acontecimentos tão marcantes constituem o mistério da Encarnação, onde o próprio Deus, cheio de compaixão, se torna um com seu povo para sofrer por ele, com ele e nele:

“Deus caminha não só com o seu povo, mas também no seu povo, enquanto Se identifica com os homens e as mulheres que caminham na história – particularmente com os últimos, os pobres, os marginalizados –, prolongando de certo modo o mistério da Encarnação.” MENSAGEM DO PAPA FRANCISCO PARA O 110º DIA MUNDIAL DO MIGRANTE E DO REFUGIADO 2024

Nos irmãos que sofrem, ser um com Jesus para acolhê-los e assisti-los

Assim, ao voltar o nosso olhar para essas pessoas, nossos irmãos e irmãs, devemos enxergar o próprio Cristo, “mesmo que os nossos olhos sintam dificuldade em O reconhecer: com as vestes rasgadas, com os pés sujos, com o rosto desfigurado, o corpo chagado, incapaz de falar a nossa língua” (Papa Francisco).

O Juízo Final narrado por Mateus, no capítulo 25 do seu evangelho, não deixa dúvidas: “era peregrino e recolhestes-Me” (25, 35); e, ainda, “em verdade vos digo: Sempre que fizestes isto a um destes meus irmãos mais pequeninos, a Mim mesmo o fizestes (25, 40).” MENSAGEM DO PAPA FRANCISCO PARA O 110º DIA MUNDIAL DO MIGRANTE E DO REFUGIADO 2024

É Jesus – faminto, sedento, estrangeiro, nu, doente, preso – que bate à nossa porta, pedindo a nossa ajuda. E para cada irmão e irmã que passa necessidade, que não se ama nem se respeita, que não conhece o amor de Deus, neles encontramos uma oportunidade de ser um com Nosso Senhor Jesus Cristo, para acolhê-los e assisti-los concretamente em seu sofrimento e pobreza material, mas sobretudo moral e espiritualmente.

Rezemos com o Santo Padre e com toda a Igreja

Deus, Pai onipotente,
somos a vossa Igreja peregrina
a caminho do Reino dos Céus.
Habitamos, cada um, na própria pátria,
mas como se fôssemos estrangeiros.
Cada região estrangeira é a nossa pátria
e, contudo, cada pátria é, para nós, terra estrangeira.
Vivemos na terra,
mas temos a nossa cidadania no Céu.
Não nos deixeis tornar patrões da porção
do mundo que nos destes como habitação temporária.
Ajudai-nos a nunca cessar de caminhar,
juntamente com os nossos irmãos e irmãs migrantes,
rumo à habitação eterna que Vós nos preparastes.
Abri os nossos olhos e o nosso coração,
para que cada encontro com quem está necessitado
se torne um encontro com Jesus, vosso Filho e nosso Senhor.
Amém.


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