Em uma visão meramente humana, podemos ser tentados a enxergar os filhos como apenas a continuidade da família, tradições e cultura do povo do qual faz parte e até mesmo dos negócios familiares, sendo concebidos a partir de uma escolha humana ou de uma realização pessoal.
Embora eles também possam atender a esse conjunto de expectativas, os filhos são – primordialmente – um dom de Deus, que divide – generosa e gratuitamente – o dom da criação por meio do Sacramento do matrimônio, confiando-os aos pais com a missão de educá-los e guiá-los no caminho para o Céu.
“A fecundidade do amor conjugal está orientada para a procriação e educação dos filhos, que constituem o dom mais excelente do matrimônio e contribuem imensamente para o bem dos próprios pais” (CIC 1652).
Criar filhos para o Céu é uma missão inegociável e, no âmago da família, a que mais deve trazer felicidade ao lar. Se muito queremos que eles sejam felizes nesta terra, mais ainda desejamos que sejam alcançados e participem da Glória celeste. Assim, conduzi-los para Deus é garantir, ainda neste tempo e mesmo diante dos imensos desafios hodiernos, uma vida segura, mas não com a segurança humana, todavia, com a segurança que somente o Senhor pode nos conceder. Por isso, os pais são os primeiros educadores na fé. Falando sobre esse assunto, recorda o Papa Francisco: “Os filhos são a alegria da família e da sociedade. Não são um problema de biologia reprodutiva, nem um modo de realizar-se, nem uma posse dos pais; os filhos são um dom, um presente”.
A exemplo da Família Martin
A santidade familiar tem um exemplo maravilhoso em São Luís e Santa Zélia Martin, pais de Santa Teresinha do Menino Jesus. Eles compreenderam profundamente o valor dos filhos e tinham um objetivo claro: conduzir suas crianças para o Céu. Santa Zélia escreveu em uma de suas cartas: “Quando tivemos nossas crianças, as nossas ideias mudaram um pouco. Vivíamos só para eles. Eles eram toda a nossa felicidade. Para mim, os nossos filhos foram uma grande alegria, então eu queria ter um monte deles, a fim de criá-los para o Céu”.
Esse desejo de criar filhos para a eternidade está no centro do chamado dos pais cristãos. Luís e Zélia viveram esse compromisso com amor e sacrifício, reconhecendo que a paternidade e maternidade não são apenas vocações terrenas, mas missões espirituais.
O desafio da formação cristã
Na sociedade atual, onde muitos valores se distanciam da fé cristã, educar os filhos na fé pode ser bem desafiador. A Igreja ensina que a formação espiritual das crianças deve começar no ambiente familiar, onde os pais testemunham a vivência cristã em suas ações diárias.
“Os pais têm a responsabilidade de garantir que seus filhos cresçam na graça de Deus, na fé e no amor, aprendendo a seguir Cristo em todas as etapas da vida. O lar, portanto, deve ser uma verdadeira ‘Igreja doméstica’, onde a fé é vivida e compartilhada”.
Além disso, é fundamental que a formação cristã não se limite apenas ao ambiente familiar, mas que seja guiada pela Igreja. A participação nas celebrações litúrgicas, nos grupos de catequese, movimentos eclesiais e nas atividades pastorais ajuda a consolidar os valores cristãos e oferece um espaço de convivência e aprendizado. Dessa forma, a comunidade se torna um suporte essencial, auxiliando os pais na missão de educar os filhos na fé, enquanto promove um ambiente de fraternidade e de testemunho da vida em Cristo.
Alegrias e desafios na caminhada para o Céu
Por outro lado, Santa Zélia Martin dizia que “nada era muito difícil” quando a missão de educar os filhos era vista à luz da eternidade. A verdadeira alegria de ter filhos vai além dos prazeres temporais, pois está fundamentada na esperança de um dia vê-los unidos a Cristo no Céu.
Criar filhos para o Céu é a missão mais sublime dos pais cristãos. Ao abraçarem essa responsabilidade, eles cooperam com o plano divino, transmitindo aos filhos o amor, a fé e a esperança que levam à vida eterna. Que as famílias de hoje vivam essa missão com dedicação e confiança, certos de que, ao formar seus filhos para o Céu, estão contribuindo com a graça divina, e, agora mesmo, com uma sociedade melhor em todos os aspectos.