A Comunidade Shalom em Parnaíba (PI) participou de um encontro formativo sobre Comunicação, promovido pela Diocese, na terça-feira (3). Em palestra, o bispo diocesano dom Alfredo Schäffler falou sobre a mensagem do Papa Francisco sobre o 48º Dia Mundial das Comunicações Sociais, que foi comemorado no domingo (1).
Alguns jornalistas e assessores de comunicação de paróquias estiveram presentes. Dom Alfredo ressaltou que o Papa fala sobre a cultura do encontro. “Não basta circular pelas estradas digitais, isto é, simplesmente estar conectados: é necessário que a conexão seja acompanhada pelo encontro verdadeiro”, afirma o Papa.
“O grande desafio de hoje de ser ter uma comunicação é a exclusão. Mas uma autêntica vida comunicativa nos faz quebrar muros e barreiras, e irmos além”, destacou dom Alfredo.
Afinal da palestra, o bispo concedeu uma entrevista para o Portal Shalom. Confira.
Portal – Dom Alfredo, o Papa nos fala muito da cultura do encontro, de gerar a unidade entre povos e nações através da comunicação. Qual o maior desafio para os comunicadores?
Dom Alfredo – Hoje estamos celebrando o 48ª Dia Mundial da Comunicação, através do Concílio do Vaticano II, em que foi lançado um documento sobre comunicação, e partir disso cada ano o Papa lança uma mensagem. Neste ano, o Papa lançou uma mensagem, que diz que a comunicação deve gerar encontros. E a comunicação é sempre um desafio, porque nós temos um instrumental, mas nem sempre temos também as possibilidades de alcançar todos aqueles que gostaríamos de alcançar. A segunda causa também é determinada por restrições governamentais e existe uma tendência por parte do governo de avançar ainda mais num controle da mídia. Todos bem sabem que tem um projeto de lei, que é vetar a outorga dos meios de comunicação televisivo e de rádio para instituições religiosas. Mas devemos rezar e esperar.
Portal – Hoje em dia as pessoas são muito influenciadas pela mídia. Faltam canais e meios de programas religiosos?
Dom Alfredo – Sem dúvida nenhuma, a mídia tem uma grande influência sobre as pessoas. E quanto menos escolaridade a pessoa tiver, mais se deixa influenciar pelas mídias televisionadas e radiofônicas. Na comunicação escrita, onde se debate ideias, propostas e reflete sobre assuntos com uma profundidade mais ampla, é certamente algo que o Papa questiona um pouco, porque os meios de comunicação social são muito velozes, muito rápidos e às vezes impede um aprofundamento do tema, para pensar com mais calma e objetividade. O Papa Bento XVI, dois anos atrás, na mensagem para o Dia Mundial das Comunicações, falou sobre o silêncio da palavra. Isso faz parte do contexto da convivência social. Também nós precisamos do silêncio para uma vida sadia, então, na comunicação devemos saber exatamente ter um profundo respeito pelo próximo. O Papa quer que nós tenhamos um diálogo, para que a partir desse diálogo cheguemos ao encontro. Hoje as pessoas tem necessidade do encontro, de se aproximar, de estar juntos. É triste às vezes quando as pessoas dentro da própria casa se comunicam pelo facebook ou celular, e não são mais capazes de sentar-se à mesa e conversar. Tudo são desafios, mas devemos sempre buscar uma comunicação em direção da verdade e na construção da paz e da solidariedade.