Vai começar a Copa do Mundo. O Brasil inteiro vai parar nesta quinta-feira, 12 de junho, às 17h (horário de Brasília) para assistir, com o coração disparado e as unhas roídas, a estreia da seleção brasileira contra a Croácia, no estádio Itaquerão – que teve as obras iniciadas em 2010 e ainda está inacabado.
Apesar dos gastos exorbitantes do governo com a construção de estádios, infraestruturas de aeroportos mal acabados e ainda manifestações populares contra o evento, o Brasil #vaitercopa. Prova disto são os bairros enfeitados com o verde-amarelo, os carros com as bandeirinhas do país e o desfile do povo na rua com a camisa amarelinha.
A cultura brasileira é entranhada pela paixão ao futebol e vai atrair os olhares de metade do planeta para cá. Segundo estudo do Ministério do Turismo 3,6 bilhões de pessoas vão acompanhar o Mundial por televisão, celular, tablet ou outro dispositivo móvel. A estimativa aumentou em 12,5% em relação do Mundial da África do Sul, que teve a audiência de 3,2 bilhões de pessoas em 2010.
Aproveitando a Copa do Mundo e de olho nos milhares de turistas que chegam para assistir as partidas, as arquidioceses das 12 cidades-sedes brasileiras – Rio de Janeiro (RJ), São Paulo (SP), Belo Horizonte (MG), Porto Alegre (RS), Brasília (DF), Cuiabá (MT), Curitiba (PR), Fortaleza (CE), Manaus (AM), Natal (RN), Recife (PE) e Salvador (BA) – montaram uma programação religiosa diversificada.
Brasília
Em várias arquidioceses, os arcebispos se pronunciaram sobre o evento. Em Brasília (DF), dom Sergio da Rocha, publicou um artigo no jornal Correio Braziliense, com a maior circulação da cidade. O arcebispo metropolitano destacou as reações que a Copa suscitou no país e na capital federal.
O grito das torcidas nos estádios tem sido precedido pelo grito de setores da população nas ruas. A escuta, a reflexão e o diálogo atento às urgências do povo brasileiro devem continuar e se intensificar após a Copa. Seria ingenuidade pensar que a Copa resolveria os velhos e graves problemas do Brasil; porém, seria grave erro ignorar as justas reivindicações e perder a ocasião para levar a sério os problemas sociais colocados em pauta. Conforme afirma o Papa Francisco “as reivindicações sociais, que tem a ver com a distribuição da riqueza, com a inclusão social dos pobres e com os direitos humanos, não podem ser sufocadas a pretexto de construir um consenso de gabinete ou uma paz efêmera para uma minoria feliz”. (Exortação Evangelii Gaudium, 218).
Movimentos e pastorais da arquidiocese da capital do país vão receber, durante a manhã e tarde desta quinta-feira, os turistas que chegarem ao aeroporto internacional Juscelino Kubitscheck. Haverá ainda missa nas línguas inglesa, espanhola, italiana e francesa em todos os domingos do Mundial. A juventude também se prepara para a realização do Nightfever, uma vigília jovem inspirada na Jornada Mundial da Juventude, que vai acontecer no sábado, 14 de junho.
Fortaleza
Em Fortaleza (CE), o arcebispo dom José Antônio Aparecido Tosi Marques, abordou a questão do acompanhamento missionário aos turistas e também aos pobres e excluídos:
Como Igreja nos comprometemos a acompanhar torcedores e jogadores nas suas demandas por momentos de espiritualidade e encontro com Deus, bem como ser presença orante durante toda a Copa; acompanhar as populações vulneráveis, especialmente aquelas em situação de rua, para que não sejam retiradas dos logradouros públicos durante a copa e depois devolvidas às ruas, como objetos que atrapalham a realização do evento; participar dos esforços por conscientização dos que nos visitam, para que não pratiquem o turismo sexual mas sejam presença que valorize a dignidade humana e a confraternização universal.
A capital cearense também vai oferecer missas em diversas línguas para os turistas estrangeiros: inglês, espanhol, italiano, francês e alemão. Padre Silvio Scopel, responsável diocesano pela Comunidade Católica Shalom (com sede em 14 países), ainda assegurou a realização de um acampamento para jovens e o festival de música e evangelização católica Hallelluya, durante a Copa – o festival atrai mais de 1 milhão de jovens em três dias.
Outras cidades-sedes
Assim como Brasília e Fortaleza, as demais cidades-sedes da Copa também vão realizar missas em diversas línguas. Além disso, inspiradas no projeto Copa do Mundo – Dignidade e Paz, da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), as arquidioceses vão promover ações contra o tráfico humano, evangelização de usuários de drogas e ações em prol dos moradores de rua.
É o caso de Belo Horizonte (MG) que já realizou, no fim de maio, um ato público contra o tráfico de pessoas, está acolhendo irmãos moradores de rua que buscam abrigo e, até o dia 13 de julho, promove atividades artísticas e de evangelização no centro da cidade, onde se concentram pessoas para consumo de drogas.
Os pontos turísticos são outra atração nas cidades. Em Brasília toda a Esplanada dos Ministérios e a Catedral Nossa Senhora Aparecida estão iluminados de verde-amarelo, assim como o Cristo Redentor, no Rio de Janeiro, símbolo da Jornada Mundial da Juventude de 2013. O mesmo Cristo também serviu de inspiração para Mario Balotelli, atacante da seleção italiana: em montagem no Instagram, o jogador tomou o lugar do Cristo Redentor, sobre o morro do Corcovado, dizendo ‘Brasil, aí vamos nós!’.