Igreja

Papa aos detentos: Deus sempre perdoa, sempre acompanha, sempre compreende

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O Papa Francisco partiu na manhã de sábado, 21, do heliporto do Vaticano, para visitar pela primeira vez o município italiano de Cassano allo Jonio (sul do país). Nesta pequena cidade calabresa, a máfia local, conhecida como Ndrangheta, assassinou no início deste ano um menino de 3 anos.

Em 20 de janeiro, foi encontrado o corpo carbonizado de Nicola Campolongo, ‘Cocó’, com seu avô e a companheira, dentro de um carro nas redondezas de Cassano. O crime comoveu a Itália e também o Pontífice, que no encontro dominical com os fiéis, em 26 de janeiro, pediu aos autores do delito que se arrependessem. Hoje, cinco meses depois, Jorge Bergoglio se encontra na localidade de 17.000 habitantes para condenar os assassinatos de organizações mafiosas e levar a sua solidariedade e apoio aos cidadãos desta região, das mais pobres da Itália.

A primeira etapa da visita foi o cárcere ‘Rosetta Sisca’ de Castrovillari, a poucos km de Cassano. O Pontífice foi recebido no heliporto pelo bispo diocesano, Dom Nunzio Galantino e o Prefeito da cidade, Domenico Lo Polito. Duas crianças também aguardavam o Papa. A pé, Francisco se dirigiu ao edifício, cumprimentando no caminho os familiares dos agentes penitenciários e retribuindo o carinho de todos. Mais de mil pessoas esperavam sua chegada desde as primeiras horas da manhã. O Pontífice saudou ainda um grupo de portadores de deficiência antes de entrar no Penitenciário. O Diretor do cárcere, Fedele Rizzo, acompanhou o Pontífice na visita, durante a qual, o Papa encontrou o pai e outros parentes do menino Cocó. “Que nunca mais aconteça que uma criança sofra como ele…”, disse o Pontífice.

Segundo Pe. Ciro Benedettini, vice-diretor da Sala de Imprensa da Santa Sé, o Papa teria tido um momento privado com o pai e as duas avós de Cocó, expressando sua proximidade à família. Francisco se referiu à violência, dizendo que “nunca mais deve acontecer uma coisa deste gênero na sociedade”. O Papa também assegurou que está rezando muito pelo menino e por todas as crianças vítimas do sofrimento”.

No pátio interno, Francisco teve um encontro com os detentos, cerca de 200 homens e mulheres, os policiais e funcionários da prisão, e a eles, fez um discurso.

O Papa começou sublinhando que com esta visita, ele quer se mostrar próximo aos detentos de todas as partes do mundo. Francisco disse que “os direitos fundamentais e as condições humanas no cumprimento das penas de detenção devem ser aliados ao compromisso concreto das instituições em vista de uma reinserção social efetiva; caso contrário, a execução da pena se reduz a um instrumento de punição e retorção social que pode ser prejudicial para o indivíduo e a sociedade”.

“Por outro lado – continuou – a verdadeira integração não se dá com um percurso exclusivamente ‘humano’. Neste caminho, deve ser incluído o encontro com Deus, a capacidade de nos deixarmos guiar por Deus que nos ama, que é capaz de nos compreender e perdoar nossos erros. O Senhor é um mestre da reintegração: ele nos conduz por mão à comunidade social. O Senhor sempre perdoa, sempre acompanha, sempre compreende. E nós devemos nos deixar compreender, perdoar e acompanhar”.

O Papa aconselhou os detentos a transformarem o período na prisão em um tempo precioso no qual pedir e obter esta graça de Deus. “Assim, vocês mesmos se tornarão melhores, e ao mesmo tempo, suas comunidades também, porque no bem e no mal, nossas ações influem sobre os outros e sobre toda a família humana”, completou.

Enfim, dirigiu seus cumprimentos a todos os parentes e empregados do cárcere, abençoando-os e confiando-os à proteção de Maria. Improvisando, pediu: “Rezem por mim porque eu também cometo erros e tenho que fazer penitência”.

Às 10h30 (horário local), o Papa deixou a Penitenciária e de helicóptero, se dirigiu à cidade de Cassano.

Fonte: Rádio Vaticano


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