Creio em Jesus Cristo, Filho Único, Nosso Senhor
Não é somente necessário crerem os cristãos que existe um só Deus, e que Ele é Criador do céu, da terra e de todas as coisas, mas também é necessário crer que Deus é Pai e que Jesus Cristo é seu verdadeiro Filho. Esse mistério não é um mito, mas uma verdade certa e comprovada pela Palavra de Deus – II Ped 1,16 – 18.
O próprio Jesus Cristo muitas vezes chama a Deus como seu Pai e, também, denominava-se Filho de Deus. Os apóstolos e os Santos Padres colocaram entre os artigos de fé que Jesus Cristo é Filho de Deus, quando definiram este artigo do Credo: … E em Jesus Cristo seu Filho, isto é, Filho de Deus.
Creio em Jesus Cristo … (Cat 422 – 440)
A transmissão da fé cristã é primeiramente o anúncio de Jesus Cristo, para levar a fé nele. Desde o começo, os primeiros discípulos ardiam de desejo para anunciar a Cristo (At 4,20), e convidavam os homens de todos os tempos a entrarem na alegria da sua comunhão com Cristo ( I Jo 1,1 – 4).
Movidos pela graça do Espírito Santo e atraídos pelo Pai, cremos e confessamos acerca de Jesus: ” Tu és o Cristo, o Filho de Deus vivo” ( Mt 16,16).
Quando pronunciamos de uma só vez as duas palavras Jesus Cristo, não podemos dizer como se formassem uma só . Ora, quando dizemos “Jesus Cristo” , não estamos empregando um modo rebuscado de nos referirmos a Nosso Senhor, pois podíamos muito simplesmente dizer “Jesus” ou “Cristo”. Também não estamos procurando distingui-lo do famoso chefe israelita que conquistou a Palestina, cujo nome era igualmente Jesus, embora habitualmente lhe chamemos Josué. Não ; quando dizemos “Jesus Cristo” não nos limitamos a nomear Nosso Senhor; mas dizemos algo acerca dEle.
Jesus quer dizer, em hebraico : “Deus salva”. No momento da Anunciação, o anjo Gabriel ao conceder- lhe o nome de Jesus, exprime sua identidade e missão (Lc 1,31). Uma vez que ” só Deus pode perdoar os pecados” (Mc2,7), é ele que, em Jesus seu Filho eterno feito homem, “salvará o seu povo dos pecados” (Mt 1,21). Em Jesus, portanto, Deus recapitula toda a sua história de salvação em favor dos homens.
O nome Jesus significa que o próprio nome de Deus está presente na pessoa do seu Filho (At 5,41) feito homem para a redenção universal e definitiva dos pecados. É o único nome divino que traz a salvação (Jo 3,5), e agora pode ser invocado por todos, pois se uniu a todos os homens pela Encarnação (Rm 10,6 – 13), de sorte que “não existe debaixo do céu outro nome dado aos homens pelo qual devamos ser salvos” (At 4,12).
O nome de Jesus está no cerne da oração cristã. Todas as orações liturgicas, tem na sua estrutura a seguinte frase : __ por Nosso Senhor Jesus Cristo… . Numerosos cristãos, com Sta. Joana D’Arc, morrem tendo nos lábios apenas o nome de “Jesus”.
Na realidade, “Cristo” não é um nome, mas um título. E as duas palavras __ “Jesus” e “Cristo” __ são verdadeiramente o centro do credo, porque no princípio quando os Apóstolos começaram a pregar a religião cristã, essas duas palavras continham toda a essência da sua mensagem. Os Apóstolos começaram a dizer a seus amigos judeus : “Jesus é o Cristo”. E os seus amigos judeus sabiam o que eles queriam dizer com essas palavras.
Cristo vem da tradução grega do termo hebraico “Messias” que quer dizer “ungido”. Só se torna o nome próprio de Jesus porque este leva à perfeição a missão divina. Esse devia ser por excelência o caso do Messias que Deus enviaria e seria anunciado pelos profetas, cuja a missão seria instaurar definitivamente o Reino de Deus (Sl.2,2). Este seria o Messias com a unção do Espírito Santo(Is.11,2) que ao mesmo tempo seria o Rei, o sacerdote e o Profeta (Zc.4,14;Is.61,1). Jesus realizou a esperança messiânica de Israel na sua tríplice função.
Filho Único de Deus (Cat. 441 – 445)
Filho de Deus, no Antigo Testamento, é um título dado aos: anjos (Dt 32,8; Jó 1,6), ao povo da eleição (Ex 4,22; Jr 3,19), aos filhos de Israel (Dt 14,1;Os 2,1) e aos seus reis (2Sm 7,14). Portanto, sua significação é: uma filiação adotiva que estabelece entre Deus e a sua criatura relações de uma intimidade especial.
Esta adoção, significa aceitação da parte de Iahweh, seu amor e proteção particulares, como também responsabilidades e obediência impostas a Israel. No Novo Testamento, o título é atribuído freqüentemente a Jesus. Este título é um meio pelo qual a Igreja primitiva expressava sua fé no caráter absolutamente único de Jesus. O uso do termo reflete a fé desenvolvida da Páscoa e de Pentecostes.
Estas passagens do Novo testamento, confirmam que Jesus usou deste termo em várias situações. Vejamos então:
– Mt 11,27; 21, 37-38 : Ele se designava como o “Filho que conhece o Pai”.
– Mt 21, 34-36 : Jesus é diferente do “servos” que Deus enviou anteriormente a seu povo.
– Mt 24,36 : Jesus é superior aos próprios anjos.
– Mt 6,9 : Jesus manda rezar a oração que o Pai ensinou.
– Jo 20,17 : Jesus ressalta a distinção dEle e do Pai.
– Mt 4,3.6; Lc 4,3.9 : o objetivo da tentação de Jesus foi verificar se Ele era o Filho de Deus.
O nome Filho de Deus significa a relação única e eterna de Jesus Cristo com Deus seu Pai: Ele é o Filho Único do Pai (Jo 1,14) é o próprio Deus (Jo 1,1). Crer que Jesus Cristo é o Filho de Deus é necessário para ser cristão (I Jo 2,23).
O uso mais solene do título está na cena do batismo (Mt 3,17;Mc 1,11; Lc 3,22; Jo 1,34) e na transfiguração (Mt 17,5; Mc 9,7; Lc 9,35; 2Pd 1,17). No batismo o título vem do Pai que designa como seu “filho bem-amado”. Na Transfiguração a voz do Pai ordenava que lhe desse ouvido como o novo Moisés, e os discípulos se prostraram diante do Mestre.
Somente no mistério pascal que podemos captar o alcance do título “Filho de Deus”. É depois da Ressurreição que a filiação divina de Jesus aparece no poder da sua humanidade glorificada: “Estabelecido Filho de Deus com o poder por sua Ressurreição dos mortos” (Rm1,4). Os apóstolos poderão confessar: “Nós vimos a sua glória, glória que Ele tem junto ao Pai como Filho Único, cheio de graça e de verdade” (Jo1,14).
Nosso Senhor (Cat 446 – 451)
Por que dizemos “Nosso Senhor” quando queremos referir-nos ocasionalmente ao Filho encarnado de Deus ?
Vejamos a origem deste costume a partir do povo Judeu : os judeus tinham um nome para o seu Deus – chamavam-no Javé, segundo dizem os estudiosos. Mas cada vez mais se ia enraizando neles a convicção de que essa palavra evocava algo muito sagrado para poder falar em alta voz o nome de Deus. Por isso, sempre que se liam alto, substituíam-na pela palavra “Senhor”, que era a palavra adequada para falar com um rei ou outras personalidades importantes; aliás, as mulheres só se dirigiam aos seus esposos dizendo “Senhor”. É importante notar que para os judeus do A.T. e para os cristãos do N.T., a palavra “Senhor” se tornou comum e familiar.
Na versão grega dos livros do A.T., o nome inefável com o qual Deus de revelou a Moisés (Ex 3,14), Iahweh, é traduzido por “Kyrios” – “Senhor”. Senhor, torna-se desde então o nome mais habitual para designar a própria divindade do Deus de Israel. É neste sentido forte que no N.T. utiliza o título de “Senhor” ao mesmo tempo para o Pai, mas também __ e aí está a novidade _ para Jesus reconhecido assim como o próprio Deus ( I Cor 2,8).
A versão latina apresenta o seguinte significado para a palavra “Senhor” :
“Dominus” ao pé da letra significa “dono de escravos”. É essa a primeira imagem que a palavra sugeria aos primeiros cristãos, a de um Senhor que de fato os possuía. O mesmo era atribuído a Jesus. Ele nos possui, comprou-nos e, portanto, pertencemo-lhe. Este é o sentido que devemos compreender ao afirmar que acreditamos que Jesus Cristo é o nosso Senhor. Pertencemos ao Nosso Senhor, quer dizer, o nosso Dono, do mesmo modo que as ovelhas pertencem ao pastor. É por esta razão que trazemos em nós o seu sinal, o batismo. Nosso Senhor pôs em cada um a sua marca o sinal da cruz. Nem você nem eu podemos ver, porque pertence à ordem sobrenatural. É uma marca indelével nunca sai.
A história cristã e a Igreja testemunha a verdade do Senhorio de Jesus desde do princípio, sobre o mundo e sobre a história (Ap 11,15). Esta verdade significa também que o homem não deve submeter a sua liberdade pessoal, de maneira absoluta, a nenhum poder terrestre mas somente a Deus Pai e ao Senhor Jesus Cristo (Mc 12,17; At 5,29).
“A Igreja crê… que a chave, o centro e o fim de toda a história humana se encontra no seu Senhor e Mestre”(GS 10,2). E é por isso que a oração da Igreja peregrina é cheia de confiança e esperança ao proclamar “Maranatha” (vem Senhor ! ) (I Cor 16,22; Ap 22,20).
Concedido pelo poder do Espírito Santo (Cat. 456 – 489)
Não é somente necessário ao cristão acreditar que Jesus Cristo é o Filho de Deus, como falamos anteriormente , mas também convém crer na Sua Encarnação. Por isso, o Bem-aventurado João Batista nos insinua a Sua Encarnação, quando diz: E o Verbo se fez carne (Jo 1,14).
A missão do Espírito Santo está sempre conjugada e ordenada à do Filho (Jo 16,14 – 15). O Espírito Santo é enviado para santificar o seio da Virgem Maria e fecundá-la divinamente, ele que é “o Senhor que dá a Vida”, fazendo com que ela conceba o Filho Eterno do Pai em uma humanidade proveniente da sua.
Jesus Cristo ao ser concedido como homem no seio de Maria, torna-se o “Cristo”, o Filho Único de Deus Pai. Cristo é ungido pelo Espírito Santo (Mt 1,20) e toda a sua vida manifestará, portanto, ” como Deus o ungiu com o Espírito e com poder” (At 10,38).
Voltando a afirmação de João : E o verbo se fez carne (Jo 1,14), podemos também lançarmos uma pergunta, que com certeza muitos gostariam de fazê – la: porque o verbo se fez carne?
O verbo se fez carne para:
– salvar-nos reconciliando-nos com Deus (I Jo 4,10 .14; I Jo 3,5)
– que assim conhecêssemos o amor de Deus (I Jo 4,9; Jo 3,16)
– ser nosso modelo de santidade (Mt 11,29; Jo 14,6; Jo 15,12)
– tornar-nos “participantes da natureza divina” (2 Pd 1,4)
A fé na Encarnação verdadeira do Filho de Deus é o sinal distintivo da fé cristã (I Jo 4,2). Esta é a alegre convicção da Igreja desde o seu começo, quando canta “o grande mistério da piedade” : “Ele foi manifestado na carne” (I Tim 3,16). A Encarnação é, portanto, o Mistério da admirável união da natureza divina e da natureza humana na única Pessoa do Verbo.
Jesus Cristo é verdadeiramente Deus e verdadeiramente homem, na unidade da sua Pessoa divina: por isso, Ele é o único mediador entre Deus e os homens.
A VIDA DE JESUS (Cat. 512 – 560)
Introdução
O nosso grande modelo de vida é a pessoa de Jesus e a sua própria maneira de viver. Não existe nada que possamos melhorar em seu plano de ação, tudo foi perfeito e progressivo, isto é, sua ação crescia progressivamente rumo a vontade de Deus. Tinha uma metodologia já definida, que devemos conhecer:
a. Sua missão: Salvar o homem todo e a todos os homens (Lc 4,1-19)
b. Sua meta : Instaurar o Reino (Mt 4,23)
c. Seu método: Formar discípulos (Mt 4,18 – 22)
Traços de sua via :
Toda a vida de Cristo foi um contínuo ensinamento: seus silêncios, seus milagres, seus gestos, sua oração, seu amor ao homem, sua predileção pelos pequenos e pelos pobres, a aceitação do sacrifício total da Cruz pela redenção do mundo, sua Ressurreição constituem a atualização da sua palavra e o cumprimento da Revelação. Deste modo, pode-se dizer que a vida de Cristo é :
– Revelação do Pai : suas palavras, seu pensamento, sua maneira de ser, tudo revelava a presença do Pai nele (Jo 14,9; Lc 9,35; I Jo 4,9).
– Mistério de Redenção : este mistério está em toda a vida de Cristo, como ação : – na Encarnação, fazendo-se pobre nos enriquece com sua pobreza (2 Cor 8,9); – na sua vida oculta, que pela submissão, serve de reparação para nossa insubmissão (I Cor 15,21); – na sua palavra que purifica os seus ouvintes (Jo 15,3); – nas suas curas, pois olha para nossa fraqueza e leva nossas doenças (Mt 8,17; Is 53,4); – na sua Ressurreição, pela nossa justificação (Rm 4,25).
– mistério de Recapitulação : tudo que Jesus fez, disse e sofreu tinha por objetivo restabelecer o homem à sua vocação primeira que é a santidade (I Tes 4, 1-3).
Etapas da vida de Jesus
a. seu nascimento e sua infância : Na manjedoura em Belém os pastores e os Reis adoram o Filho de Deus. Isto significa que nenhum homem pode atingir a Deus e mesmo na terra todos os joelhos se dobram para adora-lo e presta-lhe culto. (Mt 2,1 -12).
Com José e Maria, com seu exemplo de submissão a eles e pelo seu humilde trabalho, Jesus nos dá o exemplo da santidade na vida cotidiana na família e no trabalho (Lc 2, 41 -51).
b. a vida pública e o seu batismo : A vida pública de Jesus tem início com o seu Batismo no rio Jordão (Lc 3,23). O Batismo de Jesus é, da parte dele, aceitação e a inauguração da sua missão de Servo sofredor. No Batismo de Jesus, “abriram-se os Céus” (Mt 3,16),que o pecado de Adão havia fechado; e as águas santificadas pela presença do Espírito Santo.
c. A tentação no deserto : mostra Jesus, Messias humilde que triunfa sobre Satanás pela total adesão ao desígnio de salvação querido pelo Pai (Mt 4,1 -11).
d. A Igreja : o Reino dos Céus foi inaugurado na terra por Cristo. “Manifesta-se lucidamente aos homens na palavra, nas obras e na presença de Cristo. A Igreja é o germe e o começo deste Reino. As suas chaves são confiada a Pedro (Mt 16,18).
e. A Transfiguração : tem por finalidade fortificar a fé dos apóstolos em vista da Paixão : a subida à “elevada montanha” prepara a subida no Calvário, Cristo, cabeça da Igreja, manifesta o que seu corpo contém e irradia nos sacramentos : ” a esperança da glória” (Cl 1,27).
f. A entrada em Jerusalém : manifesta a vinda do Reino que o Rei-Messias, acolhido na sua cidade pelas crianças e pelos humildes de coração, vai realizar através da Páscoa de sua Morte e Ressurreição (Lc 19,29 – 44).
Artigo da Escola de Formação Shalom
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